Clima quente e chuvoso pode colocar os bichinhos em risco
Da Redação
Dias mais quentes e férias são motivos para programar passeios e viagens na companhia dos pets. Mas apesar da diversão garantida, não dá para relaxar com os cuidados: altas temperaturas, clima chuvoso ou dias muito ensolarados podem colocar em risco a saúde dos animais de estimação. Para que o verão seja tranquilo, a médica veterinária Farah de Andrade preparou uma lista de cuidados.
Cuidado com a hipertermia
Os cães apresentam uma temperatura corporal mais elevada que os humanos, entre 38,2ºC e 39,1ºC, e transpiram muito pouco pelas patas. A liberação do calor ocorre principalmente pela respiração, fazendo com que fiquem mais ofegantes e respirando com a boca aberta quando está muito quente. Já os gatos transpiram pelas patas, queixo, ânus e lábios.
Embora pareça o contrário, a pelagem dos pets ajuda a controlar a temperatura corporal, pois evita que os raios solares e o calor atinjam diretamente a pele dos animais. No entanto, essa proteção tem limites. É preciso fornecer ambiente e recursos adequados para o pet se refrescar. O ar-condicionado é uma boa opção, principalmente, para as raças braquicefálicas (com focinho achatado), que têm maior dificuldade em respirar por apresentarem alterações anatômicas que geram obstrução das vias aéreas superiores, como prolongamento de palato, estenose de narinas e macroglossia (língua grande e grossa). Porém, a temperatura deve ficar em torno de 24º C, já que ambientes demasiadamente gelados podem causar hipotermias.
Pets dentro do carro? Perigo à vista. Mantenha o ar-condicionado ligado ou as janelas abertas e evite sempre os horários mais quentes. No quintal, assegure que o pet tenha áreas com sombra e piso fresco para ficar. Caso contrário, recolha-o para dentro de casa nos horários mais quentes do dia.
O alerta também vale para mudanças bruscas de temperatura. Se o pet está dando sinais de calor excessivo, procure refrescá-lo gradativamente com panos molhados em água fresca e ofereça água. O ideal é beber água gelada com muitos cubos de gelo para que o animal tome apenas uma quantidade suficiente de água evitando uma distensão gástrica excessiva e/ou vômitos e broncoaspiração, principalmente nos braquicefálicos.
Uma boa hidratação é essencial
A desidratação é um dos principais riscos nessa época do ano, por isso, é muito importante ficar atento à quantidade de água ingerida. Uma boa dica é comprar potes graduados, nos quais o tutor pode acompanhar o volume ingerido.
Deixar vários potes de água pela casa e comprar fontes para os gatos também auxilia, pois os felinos adoram água em movimento. Uma maior quantidade de potes também estimula os animais a beberem água, principalmente, se estiver fresca e com cubos de gelo. Congelar frutas e legumes e oferecer como “sorvete” para os pets também vale.
Atenção com a exposição ao sol
Cães e gatos adoram tomar sol e não é à toa. A luz solar é responsável pela absorção de vitamina D, fundamental para a imunidade, para prevenir problemas ósseos e também ajuda a aliviar dores musculares e articulares. Porém, como os pets não entendem os perigos da exposição excessiva, é preciso avaliar a temperatura e limitar os banhos de sol, se necessário. Quer passear com o seu cão? Somente até 10h da manhã ou após às 16h, mas para quem mora em uma cidade de clima muito quente, vale a pena iniciar o passeio ainda mais tarde, prevendo locais com sombra e muita água à disposição.
Também vale o alerta: o calor do piso pode queimar as patas, provocando dor e fissuras que podem permitir a entrada de bactérias, causando lesões e infecções. Antes de sair, o indicado é colocar a palma da mão no chão por um minuto. Se estiver confortável, passeio liberado. Caso contrário, será preciso esperar.
Filtro solar é indispensável. Passe o produto no focinho, abdomên, pontas das orelhas e áreas com menos pelos. “O uso do protetor solar deve ser um hábito diário para os cuidados com os pets, assim como deve ser para os humanos, pois é uma importante forma de prevenção do câncer de pele, principalmente, para aqueles com pelagem e pele clara, com focinhos e extremidades despigmentadas. Uma dica é manipular o protetor solar com ativos que promovem a hidratação da pele ou com repelente, desta forma, aproveitando a aplicação para aumentar os cuidados”, aconselha a veterinária.
Banho e tosa merecem atenção especial
Embora sejam refrescantes, os banhos em excesso retiram a proteção natural da pele, o que pode ser prejudicial para os animais. O indicado é que os cães tomem banho com o intervalo mínimo de uma semana. Já para os gatos, a recomendação é não dar banhos em pet shops, pois eles realizam a sua própria higiene, além de se estressarem muito com o calor e a mudança de ambiente.
Tosar demasiadamente os pelos também pode ser prejudicial, pois pelos curtos demais deixam a pele mais exposta, podendo causar queimaduras. O ideal é buscar um tosador experiente e seguir a recomendação para cada raça. Uma alternativa eficiente é fazer a tosa higiênica, tosando uma área maior do abdomên para ajudar o pet a se refrescar.
Capriche na prevenção
Entre os meses de novembro e março, há chuvas e calor em excesso, fatores que promovem uma maior proliferação de pulgas, mosquitos e carrapatos, por isso, a prevenção com antipulgas e carrapaticidas precisa ser ainda maior. Pulgas causam desconforto, podem transmitir vermes e causar problemas de pele, como a Dermatite Alérgica à Picada de Pulga (DAPP), para animais que apresentam sensibilidade. Carrapatos podem transmitir doenças hemolíticas graves como a erliquiose e a babesiose, infecções que causam anemias, hemorragias, insuficiência renal, alterações neurológicas, perda de apetite, icterícia, cansaço e depressão no animal. Ambas são gravíssimas e com grandes chances de óbito, se não tratadas de forma adequada.
Vermífugos protegem contra diversas verminoses e, conforme a composição, previnem também a dirofilariose (doença do verme do coração), transmitida por mosquitos, principalmente em cidades litorâneas. “Para prevenção do verme do coração é indicada a administração mensal do vermífugo. O uso de repelentes, próprios para animais, também é recomendado para complementar a prevenção dessa doença, evitar picadas comuns e como coadjuvante nos cuidados para combater a leishmaniose, doença grave que pode ser prevenida com vacina própria para esse fim”, explica Farah.
É fundamental consultar o médico veterinário para orientação dos cuidados adequados, incluindo a vacina polivalente, pois doenças como a parvovirose, a cinomose e o coronavírus são ainda mais comuns no verão.
Facilite os tratamentos preventivos
Com tantos cuidados, algumas alternativas podem facilitar a prevenção. “Medicamentos manipulados são feitos na dose exata para o pet e podem combinar mais de um fármaco, o que otimiza a administração e pode reduzir custos. Além da variedade de formas farmacêuticas e flavorizantes que agradam aos pets e facilitam a administração dos medicamentos”, indica a veterinária. Para os cães que aproveitam o verão para tomar banhos de mar ou piscina, a dica é optar por antipulgas de administração oral, já que os de uso tópico terão menor durabilidade.