Estudo aponta vulnerabilidade de Santa Catarina no saneamento básico, com quase 100% dos municípios expostos a tempestades
Da Redação
Santa Catarina enfrenta um cenário crítico em casos de chuvas fortes e tempestades. Um estudo do Instituto Trata Brasil (ITB), divulgado na última semana, revelou que 98% dos municípios catarinenses apresentam risco muito alto de impacto no abastecimento de água em decorrência de eventos climáticos extremos. O Estado também está entre os mais vulneráveis à contaminação de águas superficiais devido à baixa cobertura de coleta e tratamento de esgoto, que alcança menos de um terço da população.
O relatório, intitulado “As Mudanças Climáticas no Setor de Saneamento”, destaca os desafios das mudanças climáticas no setor de saneamento básico, incluindo os riscos de contaminação e os impactos no consumo de água. Luana Pretto, presidente do ITB, apontou que chuvas intensas dificultam o tratamento da água, afetando os parâmetros de potabilidade. “Na região sul, as tempestades estão se intensificando, dificultando ainda mais o tratamento e distribuição de água”, explicou.
Em Governador Celso Ramos, na Grande Florianópolis, os efeitos do problema já são perceptíveis. No bairro Palmas, testes confirmaram que a água da rede estava imprópria para consumo em outubro, causando doenças em diversos moradores e hóspedes de um hotel, incluindo adolescentes em viagem de formatura. A vigilância sanitária identificou níveis de cloro abaixo do recomendado no sistema local. “O cloro deveria estar entre 0,2 e 2, mas foi encontrado 0,15”, afirmou Alcides Pereira, diretor da Samae local, atribuindo o problema à combinação de períodos de seca e chuvas intensas.
Luana Pretto destacou os efeitos de chuvas persistentes sobre sistemas sem redes de coleta de esgoto. Segundo ela, o esgoto bruto pode infiltrar no solo e alcançar rios e mares, aumentando a exposição da população a doenças como leptospirose e diarreia.
A Casan, responsável por 65% do atendimento estadual, anunciou planos de ampliação das estruturas de saneamento, prevendo alcançar 50% de cobertura de esgoto tratado até 2026 e 90% até 2033. Projetos como o Trato pelo Saneamento e o Esgotamento Sobre Rodas integram os esforços para melhorar a infraestrutura e combater irregularidades.
O ITB reforça a necessidade de modernização, sugerindo a adoção de tecnologias como sensores e sistemas automatizados para adaptar a infraestrutura às condições climáticas extremas.