Em Criciúma, local escolhido foi a Praça Nereu Ramos. Cerca de 80% das escolas estaduais não tiveram aulas
A Praça Nereu Ramos, em Criciúma, foi o local escolhido para um ato em favor da educação. Realizada em todo o Brasil, a Greve Geral Nacional da Educação reuniu estudantes, professores integrantes de movimentos sociais, para se manifestarem contra o contingenciamento (bloqueio) de R$ 1,7 bilhão, destinado a universidades federais e a programas de pesquisa.
Em Criciúma, a mobilização iniciou pela manhã, com adesão dos estudantes, principalmente do campus local do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), que também será impactado pelos cortes. Eles carregaram faixas e cartazes, além de entoar cantos em crítica a decisão do Governo Federal.
À tarde, o movimento ganhou o reforço dos professores de escolas estaduais que paralisaram em solidariedade ao movimento. “Temos quase 80% das escolas paradas, o pessoal veio para a praça”, destaca a coordenadora regional do Sindicato dos Trabalhadores na Educação (Sinte-SC), Kelly Pacheco.
Para a estudante de doutorado em ciências da saúde da Unesc, Andriele Vieira, o ato precisava de mais pessoas. “As pessoas não entenderam a importância da pesquisa para o país. A ciência não é apenas para hoje. Me preocupo com a ciência do futuro. É desanimador o que está acontecendo no país”, conta.
O prefeito de Içara, Murialdo Canto Gastaldon, também participou do ato. “Todo ato em defesa da educação pública e de qualidade vai ter o meu apoio. Uma pena que o ato foi para tentar preservar o orçamento que a educação tem. Normalmente se faz um ato para ampliar os recursos. E o que se vê no momento são mobilizações para tentar segurar”, afirmou.
Formado tanto na graduação quanto no mestrado pela UFSC, Murialdo definiu o corte de recursos como inaceitável. “Não tem com a nação aceitar que se corte a pesquisa. Isso afeta a soberania do país. Não tem pais que avança em soberania sem pesquisa”, afirmou.
“Esse não é um debate entre direita e esquerda. É um debate entre quem quer construir um sistema público de educação e quem quer destruir. E é uma mentira dizer que a educação é prioridade. Se fosse, não aconteceria isso. Quem diz que a educação é prioridade, precisa demonstrar na prática”, completa o prefeito.
Evento nacional
O movimento ganhou adesão em mais de 160 cidades, em todos os estados do país. Em Brasília, manifestantes se aglomeraram nas proximidades da Esplanada dos Ministérios. Na região, além de Criciúma, foram realizados atos em Sombrio, Araranguá e Tubarão.
Presidente ataca
Em um compromisso nos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não gostaria de contingenciar verbas, mas que isso é necessário. Quanto aos protestos, não poupou críticas.
“A maioria ali é militante. Não tem nada na cabeça. Se perguntar quantos são sete vezes oito, não sabem. Se perguntar a fórmula da água, não sabe. Não sabe nada. São uns idiotas úteis, uns imbecis que estão sendo utilizados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo de muitas universidades federais do Brasil”, afirmou.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse, em sessão no plenário da Câmara dos Deputados, não ser responsável pelo atual contingenciamento de verbas no setor, atribuindo a culpa ao governo da petista Dilma Rousseff, que tinha Michel Temer como vice. “Este governo, que tem quatro meses, não é responsável pela situação”, disse. Ele afirmou ainda que a prioridade do governo é o ensino básico, fundamental e técnico.