Joana de Gusmão realiza cirurgia inédita em tumor ósseo com nitrogênio líquido

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Paciente moradora de Urussanga e que faz tratamento em Criciúma tem apenas 11 anos

Florianópolis e Criciúma

O Serviço de Ortopedia Pediátrica do Hospital Infantil Joana de Gusmão, de Florianópolis, realizou na segunda-feira (7) uma cirurgia inédita com a utilização de nitrogênio líquido para congelamento de células vivas de tumor ósseo. O procedimento foi liderado pelo médico André Luís Fernandes Andújar.

A paciente Eduarda Saturno Pessi, de 11 anos, moradora de Urussanga, descobriu em junho um Sarcoma de Ewing – tumor maligno que ocorre predominantemente em ossos – no fêmur direito (osso da coxa). Desde então, está em tratamento com quimioterapia em Criciúma, mas precisou ser encaminhada para o Joana de Gusmão ainda em junho para biópsia e, agora, para cirurgia de ressecção do tumor.

Conforme Andújar, normalmente nesses casos, após a ressecção, é necessário substituir o osso por outro, como o da fíbula, de enxerto de Banco de Ossos ou uma prótese. “Já a técnica de mergulhar o osso em nitrogênio líquido é uma solução biológica, pois mantém o osso do próprio paciente, com menos chance de complicações. Há uma série de benefícios”, ressalta.

A cirurgia, que durou 12 horas, consistiu em um acesso lateral na coxa da paciente para ressecção do tumor, que inclui toda a parte central (diáfise) do osso da coxa. Em seguida, o segmento femoral retirado foi mergulhado em um recipiente com nitrogênio líquido, onde permaneceu por 20 minutos a 196°C negativos. Com as baixas temperaturas, as células tumorais morrem e assim o osso pode ser devolvido à coxa e fixado com placas e parafusos.

O ortopedista Mario Cavalcanti de Albuquerque, especialista em Oncologia Ortopédica e que foi residente de Ortopedia no Joana de Gusmão, participou voluntariamente do procedimento desta segunda-feira e foi quem trouxe ao hospital a técnica ainda inédita em Santa Catarina. Albuquerque explica que a técnica biológica é sempre a ideal, principalmente no caso de crianças, pois os ossos ainda estão em crescimento. “No caso da Eduarda, foi possível preservar a articulação do quadril. O osso doente foi cortado logo abaixo da articulação, evitando que fosse comprometida, o que poderia trazer problemas futuros para a paciente”, observa o médico.