Exame Clínico Objetivo e Estruturado é aplicado aos estudantes da nona e décima fase da Unesc
Criciúma
“Olá, eu sou Bettina Echazarreta e irei atender vocês hoje”. A frase da futura médica foi direcionada a uma mulher e um “paciente” que a aguardavam em um consultório as Clínicas Integradas de Saúde, da Unesc. Bettina precisou fazer essa mesma ação mais cinco vezes ao longo de uma manhã. Não se tratava de atendimentos reais, mas de simulações em que até mesmo a forma como ela se apresentava foi avaliada.
“É muito bom colocar em prática o que vimos no semestre, sem contar que muitas provas da residência utilizam este método como forma de avaliação e nós saímos com a vantagem por ter feito na graduação”, comenta.
Além de Bettina, todos os acadêmicos da nona e décima fase de Medicina participam da experiência que coloca à prova o que aprenderam durante o curso e diante de situações que enfrentarão no dia a dia da profissão.
Trata-se do OSCE, sigla em inglês para Exame Clínico Objetivo e Estruturado (Objective Structured Clinical Examination). Por meio da prova prática, eles participam de simulações de casos reais em que devem cumprir alguns objetivos estipulados previamente. Manequins, sons e exames laboratoriais elevam ainda mais o tom realista da atividade.
A proposta é testar competências clínicas que vão além dos testes objetivos, baseado em uma observação direta. Nele, o candidato é avaliado em todas as etapas de um atendimento médico, desde o momento do primeiro contato com o paciente até o término do procedimento.
A atividade faz parte do currículo do internato. No ano passado somente os estudantes da décima fase participaram. Agora houve envolvimento dos estudantes nona fase. Para a próxima edição, está prevista também a participação da 11ª fase.
A reitora da Unesc, Luciane Bisognin Ceretta salienta que a simulação realista não avalia apenas o conhecimento técnico dos estudantes, mas também as habilidades interpessoais e a capacidade de lidar com situações adversas.
“Nosso compromisso na Unesc é proporcionar uma educação de excelência que prepare os futuros médicos para os desafios reais que encontrarão na prática profissional. A introdução do OSCE é um avanço significativo nesse sentido, pois garante que eles saiam mais bem preparados e confiantes. Estamos orgulhosos de nossos acadêmicos e professores e continuaremos a investir em métodos de ensino inovadores e eficazes, para que a nossa Universidade Comunitária continue sendo referência na formação de profissionais altamente capacitados e comprometidos com a saúde e o bem-estar da sociedade”, comenta.
Desafios reais
O acadêmico Matheus Tavares, salienta que a experiência contribui para a formação dele e dos colegas. “Passamos por desafios clínicos em que precisamos ser o próprio médico e mostrar como deveríamos agir no dia a dia e somos avaliados por isso. É vantajoso para nós ter isso no próprio curso”, diz.
A coordenadora do OSCE e professora do curso, Mayra Sônego explica que os atores também são estudantes de Medicina, porém de outras fases. “Chegamos cedo, recolhemos todo o material, como telefones, para que eles não se comuniquem. Passamos os casos na hora para eles ensaiarem. Já os acadêmicos que farão a prova ficam confinados em outros locais, também sem comunicação”, comenta.
Na porta os estudantes leem o resumo do caso do respectivo consultório. “Depois de entrar na sala, eles têm cinco minutos para cumprir os objetivos estabelecidos. Além dos atores que encenam o caso, há também um professor que faz as anotações sobre o comportamento, o relacionamento com os ‘pacientes’. Além disso, há casos polêmicos como, por exemplo, parentes do paciente que se intrometem no atendimento, então o acadêmico precisa saber como lidar com estas questões estressantes, entre outros. Existem questões ambulatoriais, de internação e de emergência”, cita.
A coordenadora do curso de Medicina, Maria Inês da Rosa, lembra que o OSCE é uma ferramenta avaliativa poderosa. “O exame clínico estruturado é uma avaliação diferenciada que tem o objetivo de analisar a competência dos acadêmicos, ou seja, conhecimento, habilidades e atitudes. Na Pirâmide de Miller, elaborada em 1990, em que ele aponta diversas competências, a base é o ‘saber’, o segundo nível é ‘saber como’ e o terceiro é ‘demonstrar”’, aqui o OSCE entra como uma grande ferramenta de avaliação”, diz.
Mayra também conta que, por meio do OSCE, é possível avaliar a capacidade emocional que os futuros médicos têm frente a situações adversas, o que não é possível por meio da prova teórica.
“A experiência que eles têm é única. É uma situação estressante, mas eles vivenciam o que terão na vida real, o que abre oportunidade de ver a Universidade de outra forma. Em muitos locais, várias provas de residência são neste formato, então eles já saem da Unesc com esta bagagem”, acrescenta.