Criciúma

O uso de um vídeo clipe do cantor Criolo com temática LGBTQIA+ (Etérea) por um professor de artes da Escola Municipal Pascoal Meller, no bairro Santa Augusta, para alunos do 9º ano, deu o que falar na quarta-feira (25) e ontem (26). Primeiro, o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, gravou um vídeo falando sobre o caso e definiu pela demissão do professor. Ele, na justificativa sobre a decisão, disse estar embasado nas Diretrizes Curriculares do Ministério da Educação, por meio do Plano de Ensino Unificado, mas utilizou a palavra “viadagem” na explanação.

O termo agora está sendo usado pela comunidade LGBTQIA+ para entrar com uma denúncia no Ministério Público contra o prefeito. “É inadmissível que a homofobia seja tratada como opinião e que alguém que exerça o maior cargo público de uma cidade se porte desta maneira”, disse a vereadora do PCdoB criciumense Giovana Mondardo.

Além da representação no MP, entidades como o PCdoB, União Nacional LGBT, ABGLT, Mães pela Diversidade e a OAB Diversidade se posicionaram contra as falas do prefeito. Um protesto deve ser realizado no sábado (28) como resposta à demissão e à expressão em frente à prefeitura de Criciúma, a partir das 14h.

Vídeo retirado do Instagram

O vídeo postado pelo prefeito Clésio Salvaro sobre o caso não está mais no Instagram. Ele foi retirado pela própria plataforma por considerá-lo que infringindo as políticas de conteúdo.

Pixações da Catedral São José

Outra forma de protestar contra a palavra dita pelo prefeito foi a pichação (fotos) da fachada da Catedral São José, na Praça Nereu Ramos, numa igreja Batista, e na fachada do banco Itaú. O cantor Criolo, que teve o vídeo exibido pelo professor, se manifesta nas redes sociais. Ele convocou a comunidade para a manifestação. Ele chamou a atitude do prefeito de “lamentável”, e disse que, mais uma vez, “o clipe abre espaço para discussões na sociedade brasileira”.

Salvaro rebate críticas sobre homofobia

O prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, em fala ontem sobre a demissão do professor reafirmou ser contra a exibição: “É inadmissível, nós não aceitamos. A escola não pode se prestar para este papel. Educação é para o professor ensinar os alunos a escrever, ler, operações matemáticas, interpretação de texto. Nós temos educação financeira, empreendedorismo e os investimentos em educação são significativos”, afirmou em entrevista ao jornalista João Paulo Messer, da Rádio Eldorado.

Salvaro afirmou que o comportamento do professor foi inadequado. “O eleitor que compareceu às urnas em 2020 para me dar mais um mandato, sabe quem é o prefeito Clésio Salvaro e que não aceita isso”, destacou.

Sobre o termo “viadagem”, Salvaro reafirmou: “É uma viadagem mesmo. Tem que parar com essa viadagem nas salas de aula e vamos ensinar os bons costumes para nossas crianças. Se lá na frente, quando eles quiserem tomar um outro caminho na vida sexual deles que façam”, comentou. “Não é homofobia, não sou homofóbico. Tenho grandes amigos homossexuais. Não pode em sala de aula querer plantar isso para os alunos. Não aceito esse tipo de comportamento”, completou. Salvaro afirmou que o professor já foi demitido e um boletim de ocorrência será registrado sobre o fato.