Estado confirma manutenção das UTIs pós-pandemia

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Afirmação foi do secretário de Estado da Saúde em Audiência Pública realiza pela Assembleia Legislativa

Da Redação

O resultado inicial das audiências públicas promovidas pela Comissão Especial de Fiscalização e Acompanhamento dos Gastos com a Covid-19 surgiu no primeiro dos seis encontros promovidos pela Assembleia Legislativa, ontem (17). O secretário de Estado da Saúde, Andre Motta Ribeiro, afirmou que o governo catarinense pretende manter as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) utilizadas no enfrentamento à doença no período pós-pandemia. A ideia é atender a demanda reprimida de cirurgias eletivas que estão suspensas para garantir o atendimento aos casos do novo coronavírus. No Sul do Estado, a audiência será realizada na quinta-feira (20).

O tema foi unanimidade entre os prefeitos e representantes das regiões Oeste e Extremo-Oeste, que abriram o ciclo de audiências programados para esta semana. Para o prefeito de São José do Cedro, Antônio Plínio de Castro (PP), presidente da Associação dos Municípios do Extremo-Oeste de Santa Catarina (Ameosc), que falou também em nome da Federação Catarinense dos Municípios (Fecam), é “fundamental a estruturação na região” e de melhorar as condições dos hospitais para as cirurgias eletivas. Ele citou como exemplo o Hospital Regional Terezinha Gaio Basso, de São Miguel do Oeste, “que não dá mais conta” da demanda.

O diretor-executivo da Associação dos Hospitais de Santa Catarina (Ahesc), Adriano Carlos Ribeiro, citou que é preciso discutir a questão das cirurgias eletivas já nesse ano e fazer cenário pós-Covid. “Se há algo de bom que a pandemia pode deixar é isso. Vamos manter os leitos de UTI para diminuir esses gargalos. Isso vai acontecer assim que tivermos o serviço estruturado”, respondeu o secretário.

Medicamentos

O prefeito de Chapecó, Luciano Buligon (PSL), trouxe ao debate outra preocupação comum na região. “A falta de medicamentos tem sido um dos nossos maiores desafios”, afirmou. A deputada Luciante Carminatti (PT) também reforçou o problema e citou que, no último dia 7, protocolou representação junto ao Ministério Público Federal para que a União entre “com força no sentido de comprar os medicamentos”.

De acordo com Ribeiro, o governo estadual tem ciência da situação. “Precisamos compartilhar a responsabilidade com gestores locais e com o Ministério da Saúde, algo que estamos fazendo diariamente”, afirmou.

Ainda sobre a parte financeira, o diretor-executivo da Ahesc defendeu uma ação conjunta pois, na avaliação dele, os hospitais “não conseguem adquirir medicamentos”. Ribeiro argumentou que é necessário “desmistificar a questão da política hospital catarinense, pois o valor pago [pelo governo] não é suficiente”.

O secretário da Saúde argumentou que cerca de R$ 1,3 bilhão em recursos federais e estaduais já foram repassados para os municípios e para os hospitais. “São mais de 174 milhões em emendas das bancadas estadual e federal”, citou.

De acordo com ele, o governo está repassando o texto de investimentos. “O Estado está fazendo o que pode”, explicou. Segundo ele, o Ministério da Saúde teria vendido uma “certa facilidade” sobre a entrega de recursos. “Mas não mostra a forma para evitarmos problemas posteriores com o Tribunal de Contas. É preciso ser seguro para os gestores e para os hospitais”, comentou.

O secretário apelou para que os gestores hospitalares façam uma prestação de contas dos gastos. “Há essa importância para entendermos onde pode e deve ser atendidas [as demandas por verbas]. Não tenho acesso aos estoques dos [hospitais] filantrópicos, por exemplo”, disse ele. Sobre as dificuldades legais para a entrega de recursos, o deputado Coronel Mocelin (PSL) colocou a Alesc à disposição. “Nós podemos ajudar a criar uma legislação específica”, garantiu.