Economia em Foco – 10/06/201

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O Relatório Focus, do Banco Central, é um dos principais termômetros do mercado para leitura da conjuntura econômica, pois resume as estatísticas econômicas calculadas considerando as expectativas de mercado coletadas até a sexta-feira anterior à sua divulgação. O relatório traz previsões que representam a mediana das expectativas do mercado, não do Banco Central ou do governo.

Inflação

Em sua edição mais recente, a expectativa do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, em 2019 mostra uma trajetória de queda nas últimas quatro semanas, baixando de 4,04% para 3,89%. Ele segue as expectativas para a elevação dos preços administrados, que são insensíveis às condições de oferta e demanda porque são estabelecidos por contrato ou por órgão público, como combustíveis, tarifas de ônibus ou pedágios. Segundo o mercado, esses preços terão alta de 5,2% em 2019, entretanto apresentaram queda de 0,05% em relação ao relatório de quatro semanas atrás. Por outro lado, a expectativa para o Índice Geral de Preços do Mercado, o IGP-M, para 2019 apresentou alta de 0,06%, de 5,86% há quatro semanas para 5,92%.

Indústria

A produção industrial reflete as tendências macroeconômicas. O resultado do PIB do primeiro trimestre, uma queda de -0,2%, trouxe a certeza de que o país caminha novamente para a recessão, com o efeito cíclico da economia não sendo o suficiente para manter o crescimento ao menos estável. A expectativa do mercado no momento é que a produção industrial crescerá 0,47% em 2019, o que é uma previsão nada lisonjeira dado o resultado do Relatório Focus de quatro semanas atrás, que esperava um crescimento de 1,7%. Esta queda é alarmante pois serve como proxy para anteciparmos os níveis de investimento em formação bruta de capital fixo, que apesar de apresentar crescimento nos setores de máquinas agrícolas e construção civil, fazendo o indicador crescer, tem apresentado quedas sequenciais no setor de máquinas e equipamentos. Em outras palavras, a indústria não deverá crescer nos próximos meses e não veremos o efeito deste crescimento ao longo das cadeias produtivas capazes de gerar dinamismo para a economia.

Câmbio

Desde o início do ano, a taxa de câmbio vem se desvalorizando gradativamente, acompanhando as incertezas relativas à tramitação e aprovação do projeto de reforma da previdência social no Congresso. A taxa DI de trinta dias vem se mantendo estável e deverá continuar assim no futuro próximo.

Esse movimento de depreciação do real em relação ao dólar já havia se iniciado no mês de abril de 2018, quando se verificou uma depreciação de quase 4%, e mais fortemente em maio, cuja variação positiva ficou em 6,71%.

A depreciação do real frente à moeda americana pode ser explicada tanto pelo contexto internacional quanto pelo contexto interno. No âmbito internacional, se observa uma fuga dos fluxos financeiros dos países emergentes em direção aos Estados Unidos a partir do segundo trimestre de 2018, refletindo as elevações recentes na taxa de juros desse país e expectativa de novas altas, além do final das políticas de ampliação de liquidez nesse país e da Zona do Euro. Já a partir de junho o cenário externo passou a ter como fonte de turbulências adicionais os conflitos comerciais entre EUA e China, conflitos estes que se mantém atualmente. No âmbito doméstico, as incertezas envolvendo a capacidade de o governo passar as reformas consideradas indispensáveis pelo mercado têm dado o ritmo da desvalorização da taxa de câmbio. Nas últimas semanas, entretanto, vimos uma sequência de aprovações de projetos importantes para o governo no Congresso, o que pode ter influenciado no ingresso de dólares no país e na valorização do câmbio. Resta aguardar e torcer para que esta seja uma tendência duradoura.