Os índios e a mina de ouro
Os índios viviam na floresta, próximo à lagoa da bela Urussanga Velha; alimentavam-se das árvores frutíferas, dos peixes e de outros produtos colhidos nas roças de alguns agricultores que moravam na região. Retiravam o mel dos favos das colmeias, e após afugentarem as abelhas com fogo comiam as abelhas assadas sobre as pedras. Tinham o cuidado de deixar um pouco de mel para assegurar a continuação do trabalho das abelhas, o qual garantiria a obtenção permanente do alimento. As hortaliças não faziam parte dos hábitos alimentares dos índios. Cultivavam a mandioca – o pão do índio –, o aipim, o milho e o amendoim. As mulheres plantavam e colhiam, enquanto isto os homens caçavam e pescavam. Entre as frutas: a uva, o ingá, o araçá, a jabuticaba e o mamão. Usavam como temperos o sal e a pimenta. Embebedavam-se com uma bebida deliciosa, o vinho. As índias viviam adorando as parreiras, pois as parreiras permitiam momentos além da imaginação.
O velho cacique organizava a aldeia, decretava ordens e vivia encostado a um tronco secular. Parecia imóvel, solitário e mudo. O guerreiro tatuado esperava a vida passar.
Existe ainda uma mina e uma lagoa? Vovó com sabedoria disse que na busca do ouro nas noites de lua cheia, de longe se observava velas acesas… Então, aproximavam-se das minas, mas nunca conseguiram a preciosa pedra. Vinham de longe alguns barcos em busca da riqueza; nada encontravam e acabavam desaparecendo.
Os índios saiam em busca do ouro. Só retiravam o suficiente para presentearem as amadas índias. Os indígenas sempre foram protegidos, e conseguiam passar de uma geração para outra: anel, pulseira, corrente… Ou uma preciosidade extraída dos lugares proibidos?
Alguns moradores da região obrigavam seus escravos a invadirem as ocas, sem matar ninguém, só na busca do ouro. Às vezes levavam roupas e alimentos e conseguiam a troca. Mas a tal peça terminava sumindo da casa dos agricultores ou as mulheres perdiam e nunca mais encontravam a preciosa joia.
Tentando imitar os índios, uma família de agricultores que morava próximo à selva resolveu ir atrás do ouro. O único objetivo era vender para um ourives que morava em Florianópolis, cujo dinheiro seria o suficiente para comprar um pedaço de terra e construir uma casa nova para a família. Lutaram em busca do precioso tesouro e nada… Resolveram viver das plantações e dos frutos da lagoa e do mar. A vida melhorou, pois esqueceram o ouro…
Até hoje nas águas uma luz linda permanece fascinando alguns lavradores. Será que é o ouro? Não há mais índios na terra tão iluminada e nunca esquecida, mas é possível ir lá e ouvir suas lendas e ir até a capela São Pedro rezar!