Ainda há muitos estudos a serem desenvolvidos, mas a dependência pode ser caracterizada pelo prejuízo nas atividades do cotidiano
Você já parou para pensar em quantas vezes por dia mexe no celular? E em quantas dessas vezes é para acessar as redes sociais? A dependência digital é um fenômeno recente. Ainda há muitos estudos a serem desenvolvidos nesta área, mas a dependência pode ser caracterizada pelo prejuízo marcante nas atividades do cotidiano, de autocuidado e na capacidade de interação social, profissional e educacional.
Tal dependência tem total reflexo nas amizades, que estão cada vez mais superficiais e conflitando com as redes de relacionamento. O avanço da tecnologia vem se expandindo e estando mais presente na vida das pessoas, interferindo na maneira como se relacionam umas com as outras. Para a psicologia, são formas diferentes de comunicação e o que deve ser analisado é o tipo de troca que acontece nas redes sociais e quais as diferenças referentes às trocas presenciais.
A grande mudança, segundo a psicóloga do setor de Medicina Preventiva da Unimed, Pamela Salete Vial, se caracteriza pela rapidez como as amizades acontecem. Na rede presencial de amigos, a construção dessa relação se dá através de um desejo de ambas as pessoas que compartilham os momentos vivenciados e fortalecendo o vínculo. Diferente da rede social, onde basta um clique para se tornar “amigos”. “O que deve se levar em conta é como se faz uso destas redes sociais, visando a qualidade e não a quantidade de amigos, usando este meio de comunicação de maneira positiva e saudável”, pontua Pamela.
A dependência digital consiste, ainda segundo a psicologia, numa grande dificuldade de conter-se e controlar o impulso para se conectar, que provoca sentimentos de desconforto e de culpa. Geralmente, a compulsão se manifesta em pessoas que já tinham tendências ao isolamento social e dificuldades na interação face a face.
Status de amizade
Um dos principais problemas da rede de relacionamentos online é a carência do contato físico e, especialmente, do contato visual. A psicóloga Adriana May Rossi, também do setor de Medicina Preventiva da Unimed, faz um resgate ao lembrar que o contato visual existe desde a primeira infância quando os bebês iniciam este processo por meio da troca de olhares com os pais.
É por meio do contato visual que se demonstra atenção, interesse, credibilidade, confiança e sentimentos em geral. “A falta desse contato em algumas situações pode distanciar o fortalecimento das relações afetivas, de amizades, profissionais, culturais, familiares e sociais”, explica Adriana.
Ambas as profissionais ressaltam que tanto a rede social quanto a rede presencial têm as suas particularidades. Por outro lado, a rede presencial possibilita o contato físico, visual e demonstração de expressões. Já nas redes sociais, o contato passa a ser mais restrito ao mesmo tempo que promove a comunicação a distância em alta velocidade.
“O que se deve ter clareza é a forma de utilização dessas ferramentas de contato, visando uma interação saudável e concreta. Além de tomar cuidado para não deixarmos de interagir conforme nossa natureza com sentimentos, emoções, contatos visuais e físicos e com responsabilidade consigo e com o próximo”, afirmam.