Palestrante foi presidente do Banco dos Brics e é consultor internacional de empresas e instituições e também da Fiesc

Criciúma

O economista e cientista político Marcos Troyjo proferiu palestra na noite gelada de terça-feira (1º), na Acic, em Criciúma, sobre o “Cenário Geopolítico do Brasil”, detalhando como está colocado o País no contexto mundial atual de mudanças e incertezas. Marcos Troyjo foi presidente do Banco dos Brics, é um consultor internacional de empresas e instituições e também da Fiesc, que é a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, que foi quem trouxe este palestrante para Criciúma, chamando especial atenção que ao entrevistar o presidente da Fiesc, Mário César de Aguiar, ele disse que trouxe Marcos Troyo a pedido das lideranças da região Sul do Estado, o que mostra o quanto estão sintonizadas e apreensivas com os movimentos globais da economia.

Para Marcos Troyjo, se há 20 anos a principal preocupação das empresas era a eficiência operacional, produtividade, investimentos, questões de custos e de mercados, nos dias atuais torna-se necessária a análise da segurança, abastecimento de matérias primas e estabilidade, que pesam tanto quanto o custo na hora dos investidores escolherem para onde vão mandar o seu dinheiro.

Analisando o comportamento das principais potências globais e como se relacionam com as várias regiões do mundo, Marcos Troyjo vê o Brasil aparecendo em destaque como uma das exceções em um cenário onde a maioria dos países enfrentam retração econômica ou riscos crescentes, impulsionados por tensões e conflitos armados, levando a mudanças estruturais na geografia da produção industrial. Como exemplo, o caso da China que tinha até pouco tempo os Estados Unidos como sua principal fonte de importação de alimentos, posição ocupada atualmente pelo Brasil.

Pontuando países, analisa que a China vem desacelerando seu crescimento econômico e enfrentando restrições por parte de investidores; os Estados Unidos vivem incertezas políticas; a Rússia está isolada e a Europa lida com desafios energéticos e demográficos, enquanto o Brasil oferece segurança alimentar, recursos naturais abundantes, segurança energética e estabilidade institucional. “Existe um sentimento anti-China na Europa e os indianos não confiam nos chineses. Os chineses investiram na África e estão decepcionados. A Rússia deixou de ser opção e (Donald) Trump é uma incógnita. O investimento chinês está vindo para o Brasil”, pontua. Quanto a América do Sul, analisa que será do Brasil “que virá o alimento, a diversificação energética e a economia verde” e que os chineses “estão olhando além dos ciclos eleitorais” do país.

Ao final da palestra, entrevistamos Marcos Troyjo e perguntamos o que estaria faltando, então, para o Brasil ser este protagonista mundial, o que ele respondeu com poucas e significativas palavras: “pragmatismo nas decisões políticas”. Na mesma linha foram várias lideranças presentes ao evento que ouvimos, muitos, inclusive, sugerindo “que esta palestra deveria ser ouvida pelo governo federal e nossos congressistas”.