Endividamento doméstico aumenta em março

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Pesquisa da CNC aponta crescimento das dívidas familiares, impulsionado principalmente pelos grupos de baixa renda

Da Redação

O endividamento das famílias brasileiras registrou aumento em março, conforme aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). No período, 78,1% das famílias declararam ter dívidas a vencer, representando um acréscimo de 0,2 ponto percentual em relação a fevereiro. Esse crescimento é impulsionado principalmente pelo momento favorável dos juros, conforme explica José Roberto Tadros, presidente da CNC: “O momento mais favorável dos juros, com menor custo, tem contribuído para uma maior demanda das famílias por crédito, sobretudo, parcelado”.

O percentual de famílias consideradas “muito endividadas” aumentou em 0,1 ponto percentual, interrompendo uma queda contínua dos últimos quatro meses. Por outro lado, houve um aumento de 0,2 ponto percentual no número de famílias consideradas “pouco endividadas”. A quantidade de famílias com dívidas atrasadas também aumentou em 0,5 ponto percentual, atingindo 28,6% das famílias, após cinco meses de declínio.

Segundo a economista da CNC, Izis Ferreira, o crescimento da inadimplência é evidente no aumento do percentual de famílias que declaram não ter condições de pagar as dívidas atrasadas em março. Esse grupo, considerado o mais complexo dos inadimplentes, já supera o registrado no mesmo mês do ano anterior.

O endividamento é particularmente evidente entre as famílias de baixa renda, com 79,7% delas relatando dívidas a vencer. Esse grupo também é responsável pelo aumento das dívidas em atraso, refletindo uma maior necessidade de recorrer ao crédito e uma dificuldade proporcional de amortizá-las.

O valor médio das dívidas registrou queda pelo segundo mês consecutivo entre os consumidores que comprometem mais da metade de seus rendimentos. Isso indica uma estratégia das famílias para ampliar a renda disponível, buscando aumentar o prazo de pagamento das dívidas.

O cartão de crédito continua sendo o principal instrumento de endividamento, representando 86,9% das dívidas. O crédito pessoal registrou o maior crescimento, resultado da redução dos juros médios da modalidade nos últimos meses. Quanto ao gênero, o endividamento aumentou mais entre os homens em relação a fevereiro, mas as mulheres apresentaram uma queda em comparação a março do ano anterior.

Este cenário de endividamento crescente sugere a necessidade de monitoramento e planejamento financeiro por parte das famílias para evitar um agravamento da situação econômica doméstica.