Jorginho Mello conta sua história até chegar ao governo de Santa Catarina

Florianópolis

Vereador aos 18 anos, deputado estadual e federal, senador e agora governador, com estes títulos conquistados, Jorginho Mello (PL) mostra que teve muito foco em sua carreira profissional e sempre soube onde queria chegar, e chegou. Mello conta que nunca escondeu a vontade de Governar Santa Catarina. Se planejou para alcançar a meta e tem orgulho de não ter perdido uma eleição, “sou um político que tem orgulho de ser político. Acredito que a política é o melhor meio para transformar, para fazer o bem. Eu sempre gostei de gente, sempre acreditei que com força de vontade, fé e muito trabalho é possível mudar pra melhor a vida das pessoas”.

Nesta entrevista o governador fala sobre os desafios à frente da gestão do Estado, conhecido por ter uma economia pujante e diversificada, mas com entraves em setores importantes, agregado a um déficit de 2022 e da necessidade de recursos extras para 2023.

Santa Catarina tem uma economia forte e muitas empresas querem se instalar aqui. Mas, conforme o diagnóstico apresentado pela Fazenda, encerramos 2022 com um déficit de R$ 128 milhões na Fonte 100 e precisamos de R$ 2,8 bilhões extras. Diante deste cenário, quais são as prioridades?

A prioridade é dar ao catarinense aquela qualidade de vida que aparece nos nossos indicadores. Tirar as pessoas das filas de cirurgias, dar ao jovem o estudo para que a gente não enfrente um enorme apagão de mão de obra, para que a família, mesmo pobre, possa ter um filho com estudo de qualidade. Arrumar as nossas escolas, que estão feias, levar a família pra dentro das escolas, pra estimular o filho e também o professor. Fazer estradas e obras que abram caminho para os investimentos de fora também. Buscar financiamento e recursos onde houver possibilidade e com boas condições de pagamento. Tudo isso requer dinheiro e muita responsabilidade, transparência. Nós vamos nos virar nos trinta pra fazer o melhor com o que tivermos, dentro das regras de controle.

O senhor apresentou um diagnóstico sobre a situação das filas para cirurgias eletivas e um plano para zerá-las. Como será esse processo que irá abranger todo o Estado?

Nós trouxemos para a nossa saúde uma das maiores autoridades do Brasil na área, que é a secretária Carmen Zanotto. Ela, com sua equipe, se debruçou sobre os números e descobriu que teríamos capacidade de atender 21 mil pessoas por mês e atendemos menos de nove mil. Estamos trabalhando com um prazo de seis meses para zerar a fila por cirurgias eletivas, ou seja, atender aquelas pessoas que estão sofrendo há tempo na espera, que sentem dor, que enfrentam câncer.  A Saúde identificou os principais gargalos na lista de espera do sistema de regulação, levantou a capacidade contratualizada nos hospitais sob gestão estadual e a média de procedimentos dos últimos meses e identificou as fontes de recursos. Vamos investir R$ 235 milhões este ano, contando com ajuda dos Poderes também. Estabelecemos as prioridades e as diretrizes do Plano, que já começou a ser executado. Entre as prioridades apontadas no diagnóstico, está a ampliação da oferta de procedimentos cirúrgicos do sistema digestivo, vias aéreas superiores e geniturinário (rede própria ou conveniada) para agilizar o atendimento. Todo esse trabalho vai ser divulgado durante o andamento do Programa.

O presidente da Assembleia Legislativa frisou em seu discurso de posse a harmonia entre os poderes. Da parte do Executivo, como será essa relação?

Da melhor forma possível. Sou filho da Casa Legislativa, tenho o maior respeito e sei da importância dessa harmonia, dessa abertura. O povo tem pressa de ver as coisas acontecendo, a gente não pode perder tempo com briga política. Quero ser um agregador, um apaziguador, governar em parceria com todos os setores. O presidente Nadal tem a mesma leitura e tem tudo para fazer uma excelente gestão.

Com o início dos trabalhos no Legislativo, quando deve ser encaminhada a Reforma Administrativa para tramitação? Como está o andamento da Medida Provisória?

Estamos nos finalmentes, fizemos sem pressa, porque era grande o desafio de arrumar as coisas sem gerar custo, mas foi o que eu pedi e é o que será apresentado. Vamos fazer melhor gestão do recurso público, fazer melhor com o que temos. É muito mais sobre remanejar estruturas e dar protagonismo as áreas que são vitais para Santa Catarina, mas estavam escondidas.

O senhor sempre se mostrou um forte aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e recebeu apoio durante sua campanha. Como pretende construir a relação junto ao presidente Lula?

Eu prezo muito pela gratidão e jamais vou esconder a gratidão pelo ex-presidente Bolsonaro, que permitiu que projetos importantes para Santa Catarina fossem aprovados, e que me apoiou na campanha, certamente ajudando para que eu me tornasse governador. O meu candidato a presidente na eleição foi o Bolsonaro. Trabalhei para que ele fosse reeleito, Santa Catarina fez o dever de casa, mas infelizmente não alcançamos a eleição nacional. Porém, é justamente por ser agora o governador de todos os catarinenses, que tenho que ter um bom relacionamento com o governo federal. Eu não vejo nenhum problema nisso, minha obrigação é trabalhar pelo Estado. Fui eleito para representar o Estado, e é isso que eu vou fazer.

Governador, um dos gargalos do desenvolvimento são as péssimas condições das estradas, principalmente no interior. Quais são as suas prioridades em relação a infraestrutura?

A primeira coisa já fizemos: um diagnóstico das obras em andamento, paradas e concluídas. Estamos descobrindo muita coisa feita com baixa qualidade e alto custo, coisas absurdas mesmo. A prioridade é organizar tudo isso e colocar em prática um plano realista, que possa ser executado, com prazo de início, meio e fim. Muitas promessas foram feitas, nós queremos fazer entregas, mas dentro da legalidade e com valores justos, porque quem paga é o catarinense.

A prioridade são as estradas, porque as más condições ceifam vidas, atrasam o desenvolvimento. Em todas as regiões existem demandas, que nós vamos atender dentro de um planejamento. Também os portos, aeroportos e ferrovias vão ganhar mais atenção, com secretaria própria, busca de recursos e profissionalização das coisas.