Natal 

Um Natal é diferente do outro e do passado guardamos as mais sagradas lembranças: o amor dos nossos pais, a ternura da infância, o carinho dos avós, o júbilo da juventude e os amigos das escolas.

As famílias acolhedoras organizavam as festas natalinas e escondiam os presentes. Minha mãe refugiava os presentes sobre o forro da casa velhinha de madeira (único esconderijo). Nunca faltou presente natalino para ninguém. Aguardávamos as toalhas de crochê macias e as comidinhas das vovós no dia de Natal. Ninguém esquecerá, não! Guardadas em armários de madeira e tela as guloseimas: cajuzinho, broa, bolacha de mel e bolo de fubá…

Outra lembrança da minha tia: “Sinto ternura pelas pessoas, mas minha casa está vazia, sua mãe já foi embora… Resta-me um cãozinho sábio e amigo… Imagino que vem alguém me desejar um feliz Natal… Ontem um carro buzinou na frente de minha casa… Corri para receber um sorriso e sumiu”. Então, vamos abraçar à distância nossas famílias e amigos, poucas palavras, mas afetuosas e simples com afetuoso calor: “Feliz Natal, saúde, amor e paz.”

O Natal me permite ir além da minha imaginação. Na sacada do apartamento vizinho quanta alegria! Observo as crianças brincando ou penduradas nas saias da babá ou da mãe. Olho, cantarolo e espio, que delícia! Bate o sino pequenino, sino de Belém… Já nasceu o Deus Menino para o nosso bem… 

Padre Pio, desde criança demonstrava uma devoção especial ao Menino Jesus. Na sua casa, iniciava em outubro a organizar a decoração natalina. Preparava a manjedoura e embelezava com pequenas imagens de pastores, ovelhas e magos. Criava o presépio com alegria! Que possamos também abrir nossos corações para receber o Menino Jesus no dia de Natal e deixar que o amor de Deus nos supere com a alegria cristã.

A saudade fica andando pelo tempo passado à procura de nós mesmos e são esses cacos de memória que trazem as lembranças natalinas: a árvore de Natal, a cabaninha coberta de sapé, Maria, José, os pastores, vacas, ovelhas, reis, anjos e estrelas… Mansa fraternidade que contempla uma criancinha. Feliz natal para todos nós!

“O presépio nos faz querer voltar para lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz… (Octávio Paz).”