Grupo está mobilizado no local desde o dia 1° de novembro e diz que movimento será “gigantesco”

Criciúma

Ontem (10), completaram-se dez dias desde que manifestantes acamparam em frente ao 28° Grupo de Artilharia de Campanha (28° GAC) em Criciúma. E a mobilização deve ganhar uma proporção maior no dia 15 de novembro, feriado da Proclamação da República.

Um dos manifestantes, que preferiu não se identificar, disse que o grupo segue organizado e agindo “dentro das quatro linhas da constituição”. “Dia 15 vai ser gigantesco e com todo o envolvimento da sociedade civil organizada, patriótica e constitucionalista. Estamos fazendo tudo isso dentro da constituição”, afirma.

Para ele, as notas emitidas pelo Ministério da Defesa deixaram evidentes a possibilidade de fraude no pleito que definiu Lula (PT) como o novo presidente do Brasil a partir de janeiro, após superar o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). “O Bolsonaro é legalista e age dentro das quatro linhas da Constituição. Significou que o copo está meio cheio, que o movimento segue firme até o Brasil ser liberto do comunismo. O Brasil não aceita um ladrão subir a rampa”, declarou.

Em 2017, Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Em 2018, teve a prisão decretada pelo então juiz Sergio Moro. As condenações foram anuladas em 2021 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou que a 13ª Vara Federal em Curitiba não tinha competência legal para julgar as acusações. O STF também considerou posteriormente que Moro agiu sem a devida imparcialidade no processo.

O que diz o Ministério da Defesa

Em nota emitida ontem, o Ministério da Defesa diz que apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) observações, conclusões e sugestões relacionadas, especificamente, ao sistema eletrônico de votação, conforme as atribuições definidas pelo Tribunal às entidades fiscalizadoras.

“Do trabalho realizado, destaco dois pontos. Primeiro, foi observado que a ocorrência de acesso à rede, durante a compilação do código-fonte e consequente geração dos programas (códigos binários), pode configurar relevante risco à segurança do processo. Segundo, dos testes de funcionalidade, realizados por meio do Teste de Integridade e do Projeto-Piloto com Biometria, não é possível afirmar que o sistema eletrônico de votação está isento da influência de um eventual código malicioso que possa alterar o seu funcionamento”, disse o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.

Já nesta manhã, o Ministério da Defesa, também em nota, disse que o relatório “embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022. Ademais, o relatório indicou importantes aspectos que demandam esclarecimentos”, disse (confira a nota no final da matéria). “O exército deixou claro que existe possibilidade de fraude”, disse o manifestante.

O grupo segue mobilizado em frente ao 28° GAC desde o dia 1° de novembro. Desde então costumam cantar o Hino Nacional diariamente por volta das 16 horas e também por volta das 21 horas. Também é feita a oração do “Pai Nosso”. No local há estrutura para alimentação e também banheiros químicos. “Mantemos tudo em ordem e limpo desde o primeiro dia. Sempre às 18 horas fazemos o arriamento da bandeira, com o Hino Nacional e a oração”, disse outro manifestante. Colaboração Thiago Hockmüller, Portal Engeplus.

Nota do Ministério da Defesa emitida ontem (10):

Brasília

Com a finalidade de evitar distorções do conteúdo do relatório enviado, ontem (9.11), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Ministério da Defesa esclarece que o acurado trabalho da equipe de técnicos militares na fiscalização do sistema eletrônico de votação, embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022. Ademais, o relatório indicou importantes aspectos que demandam esclarecimentos. Entre eles:

– houve possível risco à segurança na geração dos programas das urnas eletrônicas devido à ocorrência de acesso dos computadores à rede do TSE durante a compilação do código-fonte;

– os testes de funcionalidade das urnas (Teste de Integridade e Projeto-Piloto com Biometria), da forma como foram realizados, não foram suficientes para afastar a possibilidade da influência de um eventual código malicioso capaz de alterar o funcionamento do sistema de votação; e

– houve restrições ao acesso adequado dos técnicos ao código-fonte e às bibliotecas de software desenvolvidas por terceiros, inviabilizando o completo entendimento da execução do código, que abrange mais de 17 milhões de linhas de programação.

Em consequência dessas constatações e de outros óbices elencados no relatório, não é possível assegurar que os programas que foram executados nas urnas eletrônicas estão livres de inserções maliciosas que alterem o seu funcionamento.

Por isso, o Ministério da Defesa solicitou ao TSE, com urgência, a realização de uma investigação técnica sobre o ocorrido na compilação do código-fonte e de uma análise minuciosa dos códigos que efetivamente foram executados nas urnas eletrônicas, criando-se, para esses fins, uma comissão específica de técnicos renomados da sociedade e de técnicos representantes das entidades fiscalizadoras.

Por fim, o Ministério da Defesa reafirma o compromisso permanente da Pasta e das Forças Armadas com o Povo brasileiro, a democracia, a liberdade, a defesa da Pátria e a garantia dos Poderes Constitucionais, da lei e da ordem.