Sete postulantes convidados pela Fiesc assumiram também compromisso de não elevar impostos

Da Redação

Os candidatos ao governo de Santa Catarina com representação na Assembleia Legislativa assinaram um documento em que firmaram com os industriais catarinenses o compromisso, caso eleitos, de valorizar a indústria, não aumentar a carga tributária e melhorar a infraestrutura de transportes. Esses temas integram os fundamentos da Carta da Indústria 2022, documento que norteou o Diálogo com os Candidatos, evento promovido pela Federação das Indústrias (Fiesc), ontem (22), em Florianópolis.

“O momento atual é de grandes desafios, porém nos abre uma janela de oportunidades. Por essa razão, é fundamental que o governo a ser escolhido pelos catarinenses mantenha um diálogo permanente com o setor produtivo, com o objetivo de encontrar o equilíbrio entre o crescimento da atividade econômica e o desenvolvimento sustentável de nossa sociedade”, afirmou o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar.

A infraestrutura de transportes é a principal demanda da indústria de Santa Catarina para o próximo governo do estado. É o que mostra enquete realizada pela federação da indústria com 101 participantes, nesta terça (20) e quarta (21). Dentre os respondentes, que podiam escolher mais de uma opção, 71 elencaram a infraestrutura como a principal prioridade. Na sequência aparecem a redução da burocracia, qualificação da mão de obra, logística, educação profissional, eficiência da máquina pública e política industrial.

Resumo da fala dos sete candidatos no Diálogo (pela ordem de sorteio)

Odair Tramontin: Defendeu a liberdade econômica e a necessidade de uma visão de longo prazo. “A interferência do Estado, a burocracia insana e o regramento excessivo são componentes do atraso e da dificuldade de se investir e de crescer”, disse. Ele destacou que o programa de governo dele foi construído com base em dois eixos: infraestrutura e qualificação da mão de obra. “Em primeiríssimo lugar, a infraestrutura. Ela não é mais gargalo. É colapso. Dias atrás, empreendedores me disseram que, para escoar a produção, os caminhões andam a uma velocidade em torno de 30 km por hora. E, hoje de manhã, vindo de Blumenau, a 150 km daqui, demorei 3h30. Aí imaginei a angústia dos empreendedores que precisam transportar as mercadorias para os consumidores”, afirmou, salientando que as concessões rodoviárias são a alternativa. “Temos um outro compromisso muito firme que é a qualificação da mão de obra”, completou.

Décio Lima: Destacou a importância da indústria. “Absolutamente ninguém pode governar Santa Catarina sem vocês”, disse, dirigindo-se à plateia de industriais presentes. “Não há governo que possa trilhar caminhos de sucesso na economia e na vida das pessoas sem a presença de todos vocês, que são hoje um paradigma para o Brasil”, destacou, lembrando que, Santa Catarina tem o sexto maior PIB do Brasil. “Não são vocês que têm que bater na porta do governador, mas sim o governador vai estar aqui debatendo os problemas, muitos deles já trazidos pela Carta da Indústria. Assumo o compromisso de não ser um governador de gabinete”, ressaltou, dizendo que sabe da angústia do setor produtivo em relação à falta de infraestrutura e os desafios da qualificação da mão de obra.

Esperidião Amin: Destacou como áreas prioritárias a educação, a infraestrutura de transporte e investimentos em saúde. Ele disse que quem gera emprego não é o governo. “Se o governo afrouxar um pouco das rédeas ou os freios, o empreendedorismo do catarinense dará respostas extraordinárias”, disse, salientando que a capacidade de responder a desafios não é a capacidade do governo, mas sim do empreendedor. Na área de educação, ele chamou a atenção para a importância da qualificação permanente. No campo da infraestrutura, disse que é necessário um plano consistente de investimento, principalmente nas rodovias estaduais. Ele também defendeu a reindustrialização do Brasil, a gestão pública orientada por resultados e o protagonismo nas concessões de rodovias, mas com um sistema regulatório eficiente.

Jorge Boeira: “Tenho convicção de que primeiro, para um país crescer, precisa ter respeito ao direito de propriedade. Segundo, precisa de um rigoroso controle das finanças públicas e investimentos em saúde, educação e ciência e tecnologia”, disse Boeira. Ele ressaltou que Santa Catarina tem uma produção com valor agregado e diversificação industrial, distribuída por todo o seu território. “No ano que vem, teremos um orçamento de R$ 45 bilhões. É o resultado dos impostos que pagamos. Portanto, a sociedade tem que participar da execução orçamentária. Não há condições de gerir o estado sem o apoio da sociedade e das entidades representativas do setor produtivo”, afirmou. “Venho do chão de fábrica. Como empresário, vejo a empresa de cima, da maneira como está construída e das relações dela com o resto da sociedade. Com a mesma visão de um empresário, o governador tem que olhar o estado de cima e entender o seu modelo de produção”, declarou. 

Carlos Moisés: Fez um balanço das ações do seu governo. Ele salientou que Santa Catarina tem a menor taxa de desocupação do país (3,9%), o que mostra a sua força empreendedora. “A Carta diz que a indústria teve que se reinventar nesse período de pandemia que passamos. E sou testemunha disso. Vivemos um tempo novo, de avançar. A infraestrutura é e continua sendo o carro-chefe do nosso governo”, disse, observando que o orçamento para infraestrutura rodoviária é de R$ 600 milhões. Ele também relatou as medidas de desburocratização, como a implantação do governo sem papel e os processos de autodeclaração do Instituto do Meio Ambiente (IMA), que representam 56% dos processos de licenciamento. Isso abre uma frente de trabalho para tirar da fila os projetos de menor impacto ambiental e atender a indústria, explicou, destacando também ações na área de educação, energia e saúde.

Gean Loureiro: Disse que o estado precisa de uma nova agenda industrial. “E quem vai apontar o caminho não é o governador, mas sim, vocês”, disse aos industriais presentes no evento. Ele também chamou a atenção para a importância da segurança jurídica para quem empreende. “Assumo o compromisso de não aumentar impostos como convicção de governo. A capacidade de tributar o cidadão e a indústria está no limite. E o que temos que fazer é uma gestão mais qualificada, reduzindo o custeio da máquina pública para garantir a capacidade de investimento. Temos esse compromisso de maneira clara”, afirmou. Ele também destacou a importância de reduzir a burocracia. “Sou da tese que o controle não pode ser no licenciamento, mas sim na fiscalização. Essa é a tendência dos países desenvolvidos, mas continuamos na teoria de que para autorizar o início de uma atividade, de uma empresa, é uma tormenta. Ninguém mais suporta a burocracia”, completou.  

Jorginho Mello: Destacou a pujança da economia catarinense e ressaltou a contribuição da indústria para isso. “Quero valorizar a indústria. Ela é a locomotiva das outras atividades. É quem puxa, emprega e paga o maior volume de tributos”, disse. Na visão dele, se reduzir a carga tributária, o governo arrecada mais. “O setor produtivo tem que ser o guia do governo”, afirmou. Mello também destacou o trabalho dele enquanto senador, como a aprovação do Pronampe (programa nacional), que auxiliou na manutenção de empregos durante a pandemia. Jorginho explicou que a intenção é criar um programa similar no estado, com foco em micro e pequenos negócios. Ele também defendeu investimentos em infraestrutura, em energia, na área da saúde, principalmente para reduzir as filas nas cirurgias eletivas, e a ampliação do crédito para a área rural.