Documento mostra que em dezembro de 2020 o município registrava 6.290 novos casos por mês. Um ano depois, esse número reduziu para 425, em virtude da vacinação
Criciúma
Um estudo financiado pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS) e com o apoio da Prefeitura de Criciúma mostrou o impacto positivo da vacinação na diminuição de mortes, casos e internações por Covid-19 no município.
O documento, desenvolvido por pesquisadores da Unesc, revela, por exemplo, que com o início da imunização em 19 de janeiro deste ano, em Criciúma, houve uma redução drástica no surgimento de novos casos. Segundo os indicadores, entre novembro e dezembro de 2020, o município registrava 6.290 novos casos por mês. Um ano depois, com o avanço do processo de aplicação dos imunizantes, esse número reduziu para 425.
O levantamento também indica que, no mês junho de 2021, quando o município atingiu mais de 83 mil doses aplicadas, o que corresponde a mais de 40% da população com pelo menos uma dose e mais de 10% com imunização completa, caiu drasticamente o número de óbitos por Covid-19, passando de 95 no mês de junho para quatro em outubro.
Além da redução de casos e mortes pela doença, o estudo apresenta o impacto da vacinação na redução de hospitalizações e internações em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). De acordo com a pesquisa, em março de 2021, quando 10.400 imunizantes da primeira dose e 2.277 da segunda foram aplicados, Criciúma registrava 443 internações. O cenário é bem diferente a outubro do mesmo ano, quando a cidade contabilizou 50 mil imunizantes aplicados, entre primeira, segunda e terceira dose, e apenas 15 internações.
“Esses dados demonstram o sucesso da campanha da vacinação aqui no município. Somente nos meses de junho, julho e agosto desse ano aplicamos mais de 150 mil doses de vacina, o que vai de encontro com a capacidade de mobilização dos nossos profissionais de saúde no enfrentamento a doença”, ressaltou o gerente de Vigilância em Saúde de Criciúma, Samuel Bucco.
Os resultados da vacinação também são positivos quanto à diminuição de pacientes internados em UTI. Conforme o levantamento, Criciúma em maio deste ano aplicou 18.218 primeiras doses e 2.686 segundas doses. Neste mesmo mês, registrou 76 internações em UTI. Já em outubro, quando contabilizou 49.508 mil doses aplicadas entre primeira, segunda e terceira dose, verificou apenas quatro internações em UTI.
“Está mais do que comprovada a eficiência das vacinas na redução de novos casos, óbitos e internações. E trabalhar com indicadores e com avaliações como essas nos dá respaldo”, afirma o secretário de Saúde de Criciúma, Acélio Casagrande.
Sobre a pesquisa
A pesquisa foi assinada pelos professores Antônio Augusto Schäfer, Fernanda de Oliveira Meller e Vanessa Iribarrem Avena Miranda e levou em consideração que Criciúma possui 217.311 habitantes e, desses, cerca de 190 mil fazem parte das faixas etárias recomendadas pelo Ministério da Saúde para serem vacinadas.
Também analisou o período de 19 de janeiro deste ano, quando iniciou a vacinação na cidade, até final de outubro, e considerou que foram aplicadas 169.306 primeiras doses, 128.739 segundas doses e 11.784 terceiras doses da vacina contra a Covid-19.
Vacinação
Os pesquisadores também mostram, em gráficos, a progressão da imunização contra a Covid-19 em Criciúma. Segundo os indicadores, a população a partir dos 20 anos já está 90% imunizada na cidade. Em algumas faixas-etárias, a porcentagem é ultrapassada, como de 65 a 69 anos.
Vale destacar que, quando se trabalha com projeções populacionais, as populações podem estar subestimadas ou superestimadas, por isso, em algumas faixas etárias a cobertura vacinal é maior que 100%.
Cenário nacional
Um outro estudo divulgado pela Fiocruz em outubro mostrou a alta eficácia das duas principais vacinas em uso no Brasil: a AstraZeneca, produzida pela própria Fiocruz, e a Coronavac, fabricada pelo Instituto Butantan. Juntas, as duas representam 80% das doses destinadas aos brasileiros.
De acordo com a pesquisa, quem recebeu as duas doses da AstraZeneca tem 73% de proteção contra a doença, de 88% contra a necessidade de hospitalização, de 89% contra necessidade de internação e 90% contra óbito. No caso da Coronavac, os percentuais são, respectivamente, 53%, 73%, 74% e 74%.