Novo espaço contará com seis mil lóculos, com capacidade total para até 24 mil urnas cinerárias

Içara

A Igreja Católica se manifestou oficialmente a favor da cremação dos mortos apenas no dia 5 de julho de 1965. Antes disso, a Santa Sé não permitia o ritual. Desde então, há uma série de orientações para o destino das cinzas dos fiéis após o procedimento. Entre os requisitos, é exigido que o material permaneça em um local santo. Por isso, o Santuário do Sagrado Coração Misericordioso de Jesus contará com um novo espaço: a Igreja da Ressureição, com um columbário com seis mil lóculos e capacidade total para até 24 mil urnas cinerárias. O projeto, único no Sul do Brasil, foi apresentado oficialmente durante entrevista coletiva, na tarde de ontem.

Um columbário é um espaço sepulcral com pequenos nichos para guardar as urnas cinerárias, recipientes onde são armazenadas as cinzas de uma pessoa após a cremação. “Começou a crescer o número de fiéis que eram cremados e, assim, nos cercamos de pessoas que pudessem nos ajudar no projeto, pois já existem espaços como este, mas aqui será o único num lugar santo, como pede a Igreja Católica”, explica o reitor do Santuário, padre Antônio Vander, salientando que a cremação precisa ser uma vontade expressa da pessoa em vida. “A Igreja não consente com o armazenamento das cinzas em casa, nem a divisão desse material em vários núcleos familiares, sua colocação em peças de joalheria ou dispersão no ar, terra ou água”, ressalta.

O projeto foi criado pelos arquitetos Fernando e Maurício Carneiro, após diálogos com o bispo da Diocese de Criciúma, Dom Jacinto Inácio Flach, a fim de unir os traços arquitetônicos à simbologia litúrgica. “Todas as estruturas do Santuário tiveram o cuidado de representar a história da Paixão e ressurreição de Jesus Cristo. Por isso, a nova igreja será erguida após o templo principal e próximo ao bosque”, comenta Maurício, frisando os três conceitos da obra. “O primeiro é a harmonização com a fachada da igreja do Senhor Morto, o segundo é a forma hexagonal, presente em toda a natureza macro e microscópica, enquanto o terceiro é a forma oval, considerada símbolo da ressureição e da vida”, enfatiza, informando que a construção terá uma área total de mais de três mil metros quadrados.

O novo espaço terá capacidade para 300 pessoas sentadas e mais 300 em pé, além de uma área memorial. “Ali, será possível que, num aniversário de nascimento ou falecimento, os familiares retirem a urna do lóculo e coloquem num local para rezar em lembrança àquela pessoa”, destaca o padre.

A obra, cujo custo total ainda não foi estimado, será viabilizada com a venda dos espaços dos lóculos, que ficará a cargo de uma empresa especializada. “Quem quiser se inscrever para adquirir os nichos já pode entrar em contato através dos links que estão disponíveis nas redes sociais e no site do Santuário”, comenta, informando que, a partir de 1º de janeiro de 2022, haverá um local para o armazenamento das urnas. “As famílias assinarão um contrato, que estabelece os direitos e deveres para o uso”, frisa, lembrando que as urnas não podem ser substituídas, exceto em casos de abandono.

A construção deve ser concluída em até quatro anos. “Esse prazo depende do tempo até que todos os lóculos sejam comercializados”, conclui Vander.