Polícia prende suspeitos pelo roubo ao BB

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Prisões ocorreram em Gramado, São Leopoldo e Três Cachoeiras, no Rio Grande do Sul, e Passo de Torres, em Santa Catarina

Gramado e Criciúma

Oito suspeitos de envolvimento no roubo à agência central do Banco do Brasil de Criciúma, ocorrido na madrugada de terça-feira (º) foram detidos por policiais gaúchos e catarinenses.

Oito suspeitos de participação no assalto ao Banco do Brasil de Criciúma foram presos entre a noite dessa quarta-feira, 2, e esta quinta-feira, 3 no Rio Grande do Sul. As prisões são resultado da integração das forças policiais tanto de Santa Catarina como do estado vizinho.

A chefe da Polícia Civil no Rio Grande do Sul, Nadine Anflor, destacou que a troca de informações entre os dois estados é que possibilitou as prisões. “Ontem começaram a surgir os primeiros efeito das primeiras prisões, elementos que não participaram diretamente, mas tem uma coautoria e, consequentemente, à noite mais outros presos e hoje mais três depois”, falou a delegada.

Um deles dos homens presos em uma casa alugada em Gramado, na Serra gaúcha, tem participação direta no roubo em Criciúma. “Ele é um velho conhecido da polícia e sequer tinha algum mandado em aberto contra ele”, revelou.

Com os oito presos, a polícia apreendeu em torno de R$ 58 mil. “Não se pode dizer que este dinheiro foi efetivamente o dinheiro roubado. As investigações é que vão buscar a origem. Não encontramos as armas”, informou Nadine.

Cronologia das prisões  

As autoridades da Segurança Pública do Rio Grande do Sul informaram que as prisões começaram na tarde de quarta-feira (2), quando dois homens foram detidos na BR-116 na altura de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. O superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) gaúcha, Luís Reischak Júnior, disse que estes homens são paulistas e dirigiam um veículo Hyundai HB20, com placas de São Paulo. Eles tinham 30 e 44 anos e estavam com uma quantia de R$ 8,1 mil.

Já no fim da noite de quarta e início da madrugada de quinta-feira, três outros indivíduos foram detidos na região de Passo de Torres, ainda em território catarinense. Os três homens também eram paulistas e, com eles, foi encontrada uma maleta com cerca de R$ 49 mil em dinheiro. Eles foram conduzidos para a delegacia regional de Araranguá por motivo de segurança, por ser a maior delegacia próxima ao local da abordagem. Um dos indivíduos detidos em Passo de Torres afirmou que o dinheiro seria utilizado para o pagamento de uma residência no local.

Durante a madrugada de quinta, a Brigada Militar do Rio Grande do Sul abordou uma residência localizada Três Cachoeiras. Lá, foram encontrados diversos objetos que indicam que a casa foi utilizada como local de transição de fuga dos criminosos após o assalto ao banco (fotos).

Além de detonadores de explosivos, celulares, latas de tinta spray de cor preta, roupas (algumas camufladas e até mesmo manchadas de sangue) e munições, foi encontrado também um indivíduo, o qual foi detido. O homem, que possui dois RGs, de São Paulo e Paraná, disse aos policiais que teria recebido cerca de R$ 5 mil para queimar os objetos que estavam na residência.

As últimas duas prisões ocorreram ainda na manhã desta quinta-feira, em Gramado, também no estado gaúcho. De acordo com o delegado João Paulo de Abreu, do Deic, as autoridades do Rio Grande do Sul haviam sido informadas na quarta pelos policiais catarinenses de que haveria uma residência em Gramada que poderia ter envolvimento com o crime.

Na abordagem realizada na manhã de quinta, um homem foi preso dentro da residência. O indivíduo, segundo João Paulo, seria natural de Minas Gerais e, ao que tudo indica, está envolvido com uma organização criminosa que atua em São Paulo e em todo o Brasil. Um outro indivíduo fugiu do local em direção a mata, mas acabou sendo preso e detido pelas autoridades.

Além dos oito suspeitos, há também uma mulher que foi presa em São Paulo, em uma residência com drogas, dinheiro, munições e explosivos. A mulher foi presa por uma delegacia de bairro no município, e as autoridades paulistas estão em contato com a Deic catarinense para troca de informações. Ainda há poucas informações sobre sua relação com o crime ocorrido em Criciúma.

Um dos presos é do PCC

Um dos presos pela Polícia Civil pelo assalto ao Banco do Brasil de Criciúma pertence ao Primeiro Comando da Capital (PCC), conhecida facção criminosa de São Paulo. Ele teria participado da tentativa de fuga de um dos chefes da facção, o Marcola.

Quadrilha morou por dias em Três Cachoeiras

Uma reportagem do jornal Zero Hora relatou que os assaltantes do Banco do Brasil de Criciúma morou por dias na cidade de Três Cachoeiras no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Fizeram o churrasco na noite de terça-feira (1º) na última casa da Rua Porto Guerreiro, na área rural de Três Cachoeiras. Segundo a polícia investigou, ao menos 30 pessoas se amontoavam em um quiosque e vários carros estavam estacionados na saída do portão. O cheiro da carne, o odor de maconha e as risadas altas chamaram atenção da vizinhança para a movimentação que se estendeu por cinco horas.

Eles haviam chegado há pouco mais de um mês na comunidade Santo Anjo. Pelo local, passou parte da quadrilha que aterrorizou Criciúma na madrugada de segunda para terça-feira. Em meados de outubro, os criminosos alugaram um espaço com dois terrenos. De um lado, uma casa de madeira azul, com dois quartos, banheiro, cozinha e sala, e um quiosque com churrasqueira nos fundos. Do outro, uma garagem que servia de depósito. A proprietária da casa, que vive na Serra, alugou o imóvel quando outro inquilino o ocupava em caráter provisório. Os novos moradores ofereceram R$ 15 mil para ele deixar a casa em dois dias. O homem estranhou, mas aceitou o dinheiro e saiu.

A casa está a 800 metros da BR-101 e a 100 quilômetros de Criciúma. Segundo os vizinhos, antes da mudança, sondaram a vizinhança. Queriam saber se o local era violento, se tinha assaltos e frequente presença da polícia. Os criminosos contaram aos moradores que eram vendedores de frutas. Uma das vizinhas foi até presenteada com cinco abacaxis. Outra moradora disse que nunca percebeu movimentação de carga e descarga de mercadorias, mas reparava o vaivém de um caminhão e um furgão.

A diferença da origem das placas dos veículos chamou atenção de uma delas. O furgão era de Penha (SC), o C4 Palas, de Brasília, e o caminhão, de São Paulo. “Era placa de Brasília e sotaque de São Paulo. Até pensei que pudesse ser tráfico de drogas, mas a gente nunca imagina que o vizinho vai explodir um banco”, conta a mulher.

Os criminosos, segundo a vizinhança, eram gentis e respeitosos com os moradores. Antes de manobrar o caminhão, pediam licença do vizinho para ocupar o pátio da frente. Uma mulher foi chamada para fazer faxina na casa. Trabalhou das 7h às 16h e cobrou R$ 80 pelo serviço. Ganhou R$ 100.

Material usado no roubo foi encontrado na residência

Na residência utilizada pelos criminosos para a transição da fuga foram encontrados detonadores de explosivos, latas de tinta spray preta, possivelmente utilizada para a pintura dos veículos utilizados no momento do crime, além de um homem, que foi detido e encaminhado para Porto Alegre.