Economia em foco – 11/09/2019

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A Bolsa de Valores nas últimas semanas

Após um mês de agosto conturbado, com a ruptura do suporte psicológico dos 100 mil pontos e uma queda até a casa dos 96 mil pontos no dia 26 de agosto, o Ibovespa vem se recuperando, alcançando a marca dos 103 mil pontos na segunda feira, 09 de setembro. Esta recuperação representa uma forte consolidação do patamar, comprovando que a nova realidade de negócios se dará acima dos 100 mil pontos no médio prazo. Aqui e ali já se fala em overpriced stocks, a aposta sendo que algumas ações que engordaram muito nos últimos meses podem apresentar alguma correção. Porém, o cenário ainda é de bastante otimismo, visto que algumas reformas essenciais têm sido tocadas com sucesso pelo governo e há a expectativa de melhora no ambiente microeconômico no médio/longo prazos.  

Expectativas para a economia I

Esta expectativa de melhora pode ser corroborada pelos anúncios de investimentos feitos no primeiro semestre. Empresas do setor privado e público, de capital nacional e estrangeiro anunciaram US$ 61,4 bilhões em investimentos no primeiro semestre de 2019, 8,6% a mais do que no mesmo período do ano passado. No total foram 249 anúncios nos primeiros seis meses do ano, o melhor número desde 2013. Este movimento foi acompanhado pelo aumento dos investimentos, com alta de 3,1% na formação bruta de capital fixo, segundo o IBGE e aumento de 0,4% do PIB no segundo trimestre. Estes números sinalizam, definitivamente, que a economia brasileira está saindo definitivamente do fundo do poço, ao contrário do que os defensores do fascismo imaginário vêm acusando desde o início do ano.

O dólar essa semana

O dólar continua sensível à conjuntura internacional. Fraco crescimento na Europa e negociações entre China e Estados Unidos sobre política tarifária indefinidas contribuem para manter o dólar no patamar de 4,10 – 4,20 reais por dólar. A equipe econômica já sinalizou que para seus objetivos de política econômica um dólar nessa faixa é aceitável, de modo que dificilmente podemos esperar intervenções no câmbio por parte do Banco Central (BACEN). Um cenário interno de crescimento e boas expectativas teria um efeito marginal para definição do câmbio em comparação ao cenário externo.

Expectativas para a Economia II

O Relatório Focus, divulgado semanalmente pelo BACEN, resume as estatísticas calculadas considerando as expectativas de mercado coletadas até a sexta-feira anterior à sua divulgação, sendo sempre divulgado em todas as segundas-feiras. O relatório traz o comportamento semanal das previsões para índices de preços, atividade econômica, câmbio, taxa Selic, entre outros indicadores. Essas informações são muito influentes para a conduta da Política Monetária executada pelo BACEN, pois direcionam o rumo da taxa de juros SELIC. A previsão do mercado financeiro para o crescimento do PIB foi revisada para cima: enquanto o mercado acreditava há quatro semanas que o crescimento do PIB seria de 0,81%, no presente esse valor foi revisto para 0,87%. Para 2020, o mercado espera que o PIB apresente um crescimento de 2,07%. Os analistas do mercado financeiro mantiveram suas expectativas para a taxa SELIC, mantendo o valor de 5,50% ao ano até o fim de 2019. Quanto à inflação, mensurada pelo IPCA, também houve revisão das expectativas: o mercado considera que o IPCA pode atingir 3,54% até o fim de 2019. Há quatro semanas o mercado considerava que o fechamento de 2019 para o IPCA seria de 3,76%. O valor esperado para o dólar até o fim do ano permanece aumentou em comparação ao que se acreditava há um mês atrás, com valor esperado de 3,87 R$/US$ no fim de 2019, em comparação a 3,75 R$/US$ projetados quatro semanas atrás.

Expectativas para a Economia III

O mercado tem mantido o valor esperado para o saldo em Conta Corrente, mensurado em bilhões de dólares. Atualmente o mercado prevê que o saldo para o fim de 2019 será de US$ -22 bilhões. Essa conta registra as entradas e saídas devidas ao comércio de bens e serviços, bem como pagamentos de transferências do Brasil com o exterior. O saldo da balança comercial se mantém em 52 bilhões de dólares para 2019; a expectativa de ingresso do investimento estrangeiro direto também se mantém estável, com o mercado esperando 85 bilhões de dólares em 2019.

Endividamento do setor público

Os analistas revisaram para suas expectativas quanto à evolução da Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) em termos percentuais do PIB, prevendo um ligeiro aumento do indicador. Atualmente o valor estimado pelos analistas é que a DLSP corresponda a 56,57% do PIB em 2019 e com valor crescente ao longo do tempo, atingindo o máximo de 61,9% do PIB em 2022. A expectativa do resultado primário do governo, ou seja, o saldo das receitas menos despesas excluídas as receitas e despesas com juros, também sofreu queda, passando de -1,3% do PIB para -1,37%. A expectativa é que o governo federal consiga fechar suas contas sem déficit primário apenas em 2022.

Economista Ismael Cittadin – Professor do curso de Ciências Econômicas da UNESC, mestre em Economia do Desenvolvimento pela PUCRS e doutorando em Economia pela UNISINOS – Contato: ismaelcittadin@gmail.com