Comerciantes optam por continuidade do sistema rotativo

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Em decisão democrática, 21 pessoas votaram pela manutenção do serviço no centro de Içara

Implantado há mais de um ano em Içara, o sistema de estacionamento rotativo estava, há alguns meses, dividindo a opinião dos comerciantes da área central do município. Para ouvir os lojistas sobre a continuidade da Zona Azul, como foi denominada a área do serviço, foi realizada na noite de quarta-feira (30) uma assembleia, convocada pela Prefeitura de Içara e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).

O sistema foi implantado na cidade justamente por ser uma demanda dos integrantes da CDL. “Atendemos o pedido da CDL. Buscamos referências, a empresa ganhou o edital e após a implantação, ao longo dos meses, fomos readequando. Tivemos vagas suprimidas fazendo com que a remuneração ficasse menor. Mas nós ainda fomos além: não há cobrança na frente do hospital, no INSS, em cargas e descargas, das 12h às 13h, além disso, idosos e deficientes também podem circular livremente desde que estejam com identificação, a tolerância aumentou para dez minutos, e o preço é um dos mais baixos, R$ 1,80”, explanou o prefeito Murialdo Cato Gastaldon.

No entanto, com as mudanças ocorridas ao longo do ano, o que era previsto em edital acabou sendo extremamente modificado. “Eliminamos diversos pontos, a equipe de monitores aumentou, mas ainda assim, notamos que há algumas reclamações. Deixo registrado o meu ponto de vista que, caso optem por tirar o rotativo, acredito que será ruim para estacionar, com grande prejuízo para o comércio e para a população em geral. Todas as cidades do porte, e algumas até menores que Içara, tem rotativo, mas estamos aqui para ouvi-los”, disse o chefe do executivo ainda na abertura da assembleia.

“Fizemos uma campanha pelo rotativo, isso nós, enquanto comerciantes, nunca vamos negar. Entretanto, reconhecemos que o sistema quando iniciou trouxe transtornos, mas sempre tivemos muita atenção e respostas por parte da administração e da empresa. Se o tirarem estaremos na mesma situação que estávamos anos atrás, quando planejávamos a sua implantação”, pontuou o comerciante Valdecir José Sehnem.

A opinião sobre os pontos positivos do sistema foi compartilhada pelo fotógrafo Gilmar Axé. “Há cerca de dez anos fizemos um movimento de falar com os comerciantes para que os proprietários e funcionários não estacionassem seus veículos em frente aos seus empreendimentos, priorizando os clientes, mas naquela época já não funcionou. Se todos tivessem consciência de deixar longe do centro ou convencer cada funcionário para não estacionar em frente da loja, aí não seria necessário. O poder aquisitivo da população aumentou e muitos tiveram condições de comprar carro, é natural esse fluxo intenso de veículos, não há como o Centro comportar todos. O Brasil está em meio a uma crise econômica, as quedas de vendas não se dão pelo sistema de vagas e sim por problemas maiores.  Se tirarmos o rotativo, vai virar um caos. Peço aos colegas que analisem isso”, disse.

O dentista Rafael Zanette Casagrande, que possui uma clínica também na região central, destacou a importância do aplicativo, uma das formas de pagar pelo tempo nas vagas. “Poucos usam o aplicativo, e vejo que se há relatos de problemas para encontrar o monitor e essa pode ser uma boa solução, pelo menos aos que dispõe de acesso à tecnologia. Percebemos que o rotativo em si não é a discussão, e sim alguns detalhes de como ele é conduzido”, destacou.  “Uma outra sugestão para auxiliar nossos clientes é comprar a raspadinha e oferecer a eles”, completou o presidente da CDL Alexandre Fernandes.

“Se nós tirarmos o estacionamento, seremos a primeira cidade do Brasil onde os comerciantes fizeram uma escolha do tipo. Não vamos atribuir o momento que estamos passando ao estacionamento, temos que tomar cuidado. Vamos ajustando o que precisa ser melhorado”, destacou Renato Brígido, que é comerciante e presidente do Observatório Social de Içara.

Votação

Após as manifestações, foi realizada uma votação para decidir pela manutenção ou rompimento com a empresa Seibert, que administra o sistema. Do grupo de mais de 40 participantes, apenas 10 comerciantes foram contra a empresa e 21 se posicionaram a favor de deixá-la operando o serviço.

A comerciante Zoraide Amélia Soares Benincá, uma das que votou contra, disse que teve alguns prejuízos após a instalação do serviço. “Senti uma queda de vendas de 30%. Nós precisamos do povo, o povo não está acostumado com isso, principalmente nossos clientes do interior. Obviamente que as quedas não se devem exclusivamente ao rotativo, mas teve intensa participação. Nossa Içara ainda não comporta isso”, colocou.

Participaram da assembleia os empreendimentos que integram o quadrante do rotativo. O CDL apresentará por escrito ao Executivo as reivindicações elencadas por alguns comerciantes, e essas demandas serão repassadas para a empresa.