Coluna Economia em foco – 21/08/2019

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Treasury e a curva de juros

Na semana passada, pela primeira vez na história, a remuneração do bônus norte-americano de 30 anos fechou abaixo de 2%. No mercado de renda fixa a demanda por Treasuries tem aumentado o que pressiona para baixo seus “yields”. Estes movimentos observados nos preços dos bônus em que, em alguns casos, as remunerações nos títulos de curto prazo superam os de longo prazo, apontam para uma diminuição da atividade mundial. Esta reversão na curva de juros, no mercado norte-americano, indica a possibilidade de uma recessão. A volatilidade observada recentemente nos mercados de capitais mundial e o comportamento no mercado de bônus corrobora a afirmação acima. A guerra comercial entre Estados Unidos e China e a saída do Reino Unido da União Europeia são algumas justificativas que explicam o aumento da aversão ao risco.

Investimentos

O que fazer com os investimentos em renda variável no Brasil como o aumento da aversão ao risco? Os últimos dados divulgados referentes a produção industrial na China e na zona do Euro, os indicadores de atividade econômica na Alemanha acrescidos das perspectivas de guerra cambial e os diversos pronunciamentos de Donald Trump aumentam a importância da gestão de riscos especialmente em ativos de renda variável. As empresas que comercializam commodities e as ligadas ao setor siderúrgico devem perder valor até que essas questões sejam resolvidas. As empresas do setor frigorifico brasileiro apresentam uma valorização bem interessante explicada, em grande parte, pela crise sanitária que ocorre na China. Apesar dos indicadores da atividade economia brasileira estarem aquém do desejado a perspectiva referente ao consumo das famílias deve ser ascendente nos próximos meses. A recente queda da taxa de juros no mercado brasileiro e a liberação de recursos provenientes do FGTS, Pis/Pasep corrobora o argumento. As empresas ligadas ao varejo brasileiro devem se beneficiar desse movimento nos próximos períodos, mas é importante ressaltar que essa tendência deve ser acompanhada de volatilidade nos papeis destas empresas.

Argentina

O desespero de Macri para não perder as eleições no final de outubro é clara e se reflete nas políticas econômicas anunciadas por ele. Na quinta-feira passada o presidente argentino anunciou uma série de medidas a fim de aumentar o poder de compra da população e aliviar, no curtíssimo prazo, os efeitos da crise econômica naquele país.  Os impostos sobre o valor agregado de produtos básicos em sua maioria foram eliminados. Já, no dia anterior, Macri havia anunciado o aumento do salário mínimo, o congelamento nos preços dos combustíveis e uma moratória para pequenas e médias empresas. Medidas populistas para tentar reverter uma vantagem de 16% que Alberto Fernández tem sobre ele. Vale ressaltar que esses tipos de medidas não possuem sustentabilidade para melhorar os fundamentos econômicos do país vizinho. Até seus efeitos no curto prazo são questionáveis dada a crise econômica instaurada naquele país.

Agenda Econômica    

No mercado de trabalho brasileiro o índice de evolução do nível de emprego formal será divulgado pelo CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) nesta terça-feira. No mês passado a economia brasileira gerou quase 48,5 mil postos de trabalho.  Na quarta-feira, nos Estados Unidos, relacionado ao mercado imobiliário, será divulgado o número de casas usadas vendidas, o mercado projeta algo em torno de 5,4 milhões. No mesmo dia o FOMC (Federal Open Market Committee), uma das principais comissões que compõem o FED (Federal Reserve System) anunciará a ata da reunião. É um importante documento que contém o resultado das votações sobre as taxas de juros, as perspectivas econômicas e indica os votos futuros dos membros que compõem o comitê.  O Índice de compras no setor industrial alemão será divulgado na quinta-feira.  Esse indicador mostra a saúde do setor e são mensurados a partir da percepção dos gerentes de compras ligados ao desempenho da empresa, se a previsão do mercado se efetivar esse valor deve ser de 43,1. Na sexta-feira, o número de casas novas vendidas, nos mercado norte-americano, será divulgado a previsão dos analistas é algo em torno de 647 mil novas unidades.

Me. Thiago R. Fabris – Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional – UNESC – Mestre em Economia e Finanças – UFSC – Doutorando em Economia – UNISINOS – Economista – Registro Corecon 3391