Pesquisa realizada pela Acic mostra dificuldades de contratação de trabalhadores capacitados
Na primeira reunião de trabalho, ocorrida na quarta-feira (8), integrantes da Diretoria Executiva da Associação Empresarial de Criciúma (Acic) levantaram algumas demandas que merecerão atenção especial durante a nova gestão. Entre elas, está a qualificação da mão de obra na região. De acordo com uma pesquisa realizada pela entidade junto aos sindicatos empresariais, a dificuldade de encontrar profissionais capacitados não se restringe a um setor.
No setor metalmecânico, por exemplo, o levantamento aponta a necessidade de torneiros, programador e operador de centro de usinagem, soldador, caldeireiro, moldador e fechador (fundição). Atualmente, as empresas precisam treinar ajudantes de serviços “entre os mais espertos”, em ambientes inadequados e com treinadores despreparados, ou buscar outras alternativas.
“Sempre que fazemos a busca por profissionais, a fila de pessoas sem treinamento ou qualificação profissional é sempre bem maior em relação aos profissionais qualificados que procuram uma ocupação. Quem está capacitado geralmente está empregado”, diz José Carlos Sprícigo, CEO da Librelato e presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Extremo Sul Catarinense (Sindimetal).
Ele lembra que as dificuldades em prospectar profissionais capacitados no mercado levam as empresas a desenvolver alternativas próprias para contornar o problema. “A Librelato fez vários treinamentos alinhada com o Senai. Geralmente o investimento é de 50% da pessoa que quer trabalhar e 50% da empresa. Se ele for aprovado, a empresa devolve o que ele pagou”, pontua.
Segundo o executivo, a iniciativa trouxe bons resultados, por isso, a empresa investiu em outro projeto voltado à qualificação de seus colaboradores. “Criamos uma universidade interna, com apoio da Satc. É um modelo muito interessante, de aliar o conhecimento à prática”, descreve.
Construção civil
Ainda de acordo com o estudo, o setor da construção civil enfrenta dificuldades na qualificação da mão de obra de serventes e pedreiros. Profissionais que atuem em leitura de planta, organização do canteiro de obra, administração dos bens e recursos também são uma necessidade do setor.
Empresas ouvidas pelo Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Sul Catarinense (Sinduscon) apontaram ainda a falta de serralheiros e carpinteiros estruturais. “Essa é uma demanda que existe, estamos vivendo essa realidade, mas a maior preocupação é com o futuro e um futuro não muito distante, porque não percebemos uma renovação, até por uma questão cultural mesmo”, avalia Mauro Sônego, presidente do Sinduscon.
Ele argumenta que as novas frentes de trabalho, os novos cargos e as novas profissões acabam levando a mão de obra a escolher um caminho diverso da construção civil. “Por exemplo, os carpinteiros, marceneiros que trabalham com madeira, é um tipo de profissional que está ficando raro. Estamos vendo que em breve teremos dificuldade em encontrar um encarregado de obras”, cita.
Para ele, uma das alternativas podem ser as parcerias na promoção da qualificação da mão de obra. “Não é só uma questão de cursos, mas de prática mesmo, de experiência. Com essas mudanças nas profissões, alguns falam até em mudanças no sistema construtivo, para que seja cada vez mais industrializado, um processo com menos canteiros. Essa é uma tendência”, considera.
Setor plástico
Conselheiro do Senai e presidente do Sindicato das Indústrias Plásticas do Sul Catarinense (Sinplasc), Reginaldo Cechinel afirma que todos estão sofrendo com a falta de mão de obra. “Conseguimos trazer para o Senai um curso de eletromecânica e estamos batalhando junto à Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina) cursos também para a área cerâmica. Estamos fazendo o possível”, assegura.
Ele conta que, no setor plástico, seis empresas se reuniram para levantar as necessidades e, desde 2018, há um curso técnico em parceria com o Senai. “Os colaboradores têm aulas no Senai sobre a parte teórica e a prática acontece nas empresas. Foi uma iniciativa nossa, mas ainda existe uma carência”, reconhece.
Para Cechinel, também há falta de interesse por parte dos próprios profissionais. “Tem empresas pagando os funcionários ou mesmo ameaçando mandar embora, para que eles se qualifiquem”, ressalta.