Material pode ser baixado pela população de forma gratuita pelo repositório digital da universidade
Criciúma
Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSCol) da Unesc lançaram a cartilha “Alimento ultraprocessado: rápido para consumir, rápido para destruir”, que apresenta informações acessíveis sobre os riscos do consumo desses produtos e orientações práticas para uma alimentação mais saudável.
O material explica o conceito de alimentos ultraprocessados a partir da classificação denominada NOVA, um sistema desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisas em Nutrição e Saúde (Nupens), da Universidade de São Paulo, que organiza os alimentos conforme o nível de processamento. São exemplos de ultraprocessados refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos, embutidos e macarrão instantâneo, caracterizados por conterem aditivos artificiais, longa lista de ingredientes e forte apelo de marketing.
Evidências científicas
Além de conceituar, a cartilha destaca os principais impactos na saúde física e mental. Estudos mostram que dietas ricas em ultraprocessados estão associadas a maior risco de obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e até mesmo câncer. Na saúde mental, pesquisas brasileiras de base populacional identificaram que indivíduos com alto consumo desses produtos apresentaram até 35% mais sintomas depressivos e maior prevalência de estresse.
O material também chama atenção para os efeitos ambientais e socioculturais, como o fato de a produção em larga escala ser ligada a monoculturas que aceleram o desmatamento, utilizam agrotóxicos em excesso e reduzem a biodiversidade. Ao mesmo tempo, a substituição de refeições caseiras por produtos prontos ameaça tradições culinárias regionais e fragiliza a identidade cultural brasileira.
Para o professor do PPGSCol e líder do Grupo de Pesquisa em Atenção à Saúde e Epidemiologia (GPASEpi), Antônio Augusto Schäfer, a cartilha exerce um papel fundamental ao levar evidências científicas para além dos muros da Universidade. “Os dados científicos são claros ao mostrar os prejuízos dos ultraprocessados à saúde física e mental. Nosso objetivo é transformar esse conhecimento em uma ferramenta de fácil compreensão, que possa impactar diretamente a vida das pessoas”, disse ele.
O acadêmico do curso de Medicina Arthur Lima Barbosa, e também estudante de iniciação científica, destacou a relevância da experiência formativa. “Participar da elaboração da cartilha foi um aprendizado enorme. Tivemos a oportunidade de transformar aquilo que estudamos em sala de aula em algo que pode chegar às comunidades e promover mudanças reais nos hábitos alimentares”, enfatizou.
A também acadêmica de Medicina e integrante do GPASEpi, Bianca Goulart Silvano, ressaltou a preocupação em dialogar com o público de forma acessível.
“Pensamos em cada detalhe para que a cartilha fosse didática e atrativa, desde a linguagem simples até as ilustrações e receitas práticas”, frisou.
A professora do PPGSCol e co-líder do GPASEpi, Fernanda de Oliveira Meller, reforçou o caráter coletivo da produção. “Esse material reflete o compromisso do nosso grupo de pesquisa em articular ciência, ensino e extensão. É resultado do esforço conjunto de professores e estudantes que acreditam na promoção da saúde por meio da alimentação adequada”, falou.
A acadêmica de Medicina e também estudante de iniciação científica, Manoela de Freitas Siqueira, destacou o aspecto social da iniciativa. “A cartilha busca aproximar ciência e comunidade, levando informações que podem ajudar famílias a repensarem suas escolhas alimentares e, assim, cuidarem melhor de sua saúde”, observou.
Além de apresentar conceitos e dados científicos, a cartilha oferece dicas práticas para o dia a dia, como priorizar alimentos in natura ou minimamente processados, cozinhar mais em casa, evitar distrações durante as refeições e reduzir o consumo de produtos industrializados. Para apoiar essa mudança, o material também traz receitas saudáveis e acessíveis, como guacamole simples, panqueca de banana com aveia e salada de grão-de-bico com legumes grelhados.
Acesso ao material
A cartilha está disponível gratuitamente no site do PPGSCol e será utilizada em ações educativas promovidas pelo PPGSCol e pelo GPASEpi em escolas, Unidades de Saúde e comunidades da região. Confira no link: http://repositorio.unesc.net/handle/1/11957