Federação vê risco à competitividade e defende atuação diplomática para preservar exportações catarinenses

Da Redação

A Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) avaliou que a tarifa de 50% anunciada pelo governo dos Estados Unidos na última quarta-feira (9) afetará significativamente as exportações catarinenses. A entidade defende que a diplomacia brasileira mantenha canais de negociação para evitar impactos maiores, como o cancelamento de investimentos no país.

O presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, afirmou que a medida precisa ser analisada sob três pontos: “Sob o ponto de vista econômico, não há justificativa para a aplicação desta taxa, já que os Estados Unidos registram superávit há décadas na balança comercial com o Brasil”. Ele também destacou que o Brasil é um país soberano, cujas decisões internas devem ser respeitadas, e que o país tem adotado posições que o afastam dos Estados Unidos no campo diplomático.

Aguiar disse ainda que “a implementação da tarifa anunciada nesta quarta, de 50%, compromete a competitividade dos produtos catarinenses, uma vez que países concorrentes em setores relevantes para a pauta exportadora de SC podem ser submetidos a taxas bem inferiores”.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil e o principal destino das exportações de Santa Catarina. Em 2024, o estado exportou US$ 1,74 bilhão em produtos, principalmente manufaturados como madeira, motores elétricos, partes de motor e cerâmica.

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para os Estados Unidos serão afetadas. O país norte-americano mantém superávit com o Brasil há mais de 15 anos. Na última década, o saldo positivo foi de US$ 91,6 bilhões em bens e de US$ 256,9 bilhões considerando também serviços.

A CNI informou que, em 2023, os produtos dos EUA entraram no Brasil com tarifa efetiva média de 2,7%, quatro vezes menor que a tarifa nominal de 11,2% registrada junto à Organização Mundial do Comércio.