“A distribuição dos enxertos cardíacos é feita por critérios essencialmente técnicos”, diz coordenador da SC Transplantes
Da Redação
A espera por um coração durou 14 dias e terminou com final feliz em Santa Catarina. Uma paciente com insuficiência cardíaca grave que aguardava por um transplante de coração, inserida no dia 11 de agosto na lista de espera da Central Estadual de Transplantes, recebeu um novo órgão na última sexta-feira, 25.
No caso do coração, a logística é fundamental, pois o órgão precisa ser retirado do doador e transplantado no receptor em até quatro horas. Em Santa Catarina, helicópteros e outras aeronaves do Governo do Estado ficam à disposição para transporte dos órgãos.
“Somos referência nacional em doação de órgãos. Temos de um lado as pessoas que compreendem a importância do ato, de outro, aqueles que esperam ansiosamente por receber um órgão e costurando os dois uma rede eficiente, que não mede esforços para concretizar a doação, com a nossa SC Transplantes. No que depender do poder público, Santa Catarina continuará sendo esse exemplo grandioso pro país”, ressaltou o governador Jorginho Mello.
O coordenador da SC Transplantes, Joel de Andrade, explica quais os critérios para transplante de coração. “A distribuição dos enxertos cardíacos é feita por critérios essencialmente técnicos. O primeiro critério utilizado é o grupo sanguíneo. Na prática, acabam sendo formadas quatro listas de espera: grupo A, B, AB e O. Dentro destes subgrupos os dados biométricos como peso e altura passam a ser analisados. O tempo em lista de espera é outro fator computado para desempate entre pacientes no mesmo patamar de gravidade. Por fim, condições clínicas que incluem o choque cardiogênico podem determinar a prioridade do receptor sobre os demais em lista, resultando em uma colocação no topo de lista”.
A secretária de Estado da Saúde, Carmen Zanotto, destaca que toda essa ação e resultados positivos são possíveis devido ao serviço de doação e transplante de órgãos e tecidos ser uma política de Estado. “O sucesso da política estadual de captação e transplantes de órgãos é, sim, resultado de muito esforço, de muito trabalho, e a cada ano vem se consolidando. Essa política pública do Sistema Único de Saúde realmente faz a diferença em nosso país. Além disso, a solidariedade dos catarinenses é a nossa maior marca. Gratidão a todos os familiares que praticaram o gesto da doação. Precisamos continuar praticando, pois a doação de órgãos salva vidas”.
Santa Catarina já realizou 57 transplantes cardíacos desde 2000. Só neste ano, foram feitos cinco transplantes. Atualmente não há pacientes na lista de espera da SC Transplantes. O tempo de espera médio varia de acordo com o tipo sanguíneo do receptor. De acordo com a Central, 30% dos pacientes foram transplantados com menos de um mês de espera, 33% aguardaram menos de 90 dias e o restante a espera foi por um período maior.
Segundo Joel de Andrade, Santa Catarina tem um número considerável de corações doados. “Primeiro é verificado entre os pacientes da lista estadual se o coração doado é compatível. Se não for, o órgão é enviado para os pacientes de outros estados próximos, como Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo”.
Mas para que haja transplante de órgãos é necessário um programa sólido com o apoio da população catarinense. “Estamos há mais de 20 anos aprimorando o sistema de doação e transplante de órgãos catarinense com capacitações constantes para as equipes profissionais e coordenadores de transplantes do estado. A solidariedade do povo catarinense é fundamental para seguirmos alcançando excelentes resultados. Pela 14ª vez nos últimos 18 anos, o estado está na liderança no ranking nacional de doadores de órgãos para transplantes. Nos outros quatro anos ocupamos a segunda posição, ou seja, Santa Catarina é de modo incontestável a melhor região no desempenho desta atividade nas duas últimas décadas”, reforça Joel de Andrade.
Foto: Ricardo Wolffenbüttel