Coluna Economia em foco – 28/05/2019

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Inflação

O indicador inflacionário, IPCA, de 2019 aponta para um aumento no nível de preço de 4,94% em abril. A tabela 1 mostra que os itens relacionados a alimentação e bebidas, habitação e educação apresentaram os maiores valores no acumulado dos últimos 12 meses. Nos últimos dois meses, para a série disponível do IPCA, a inflação observada foi de 1,32%. As maiores elevações no nível de preço foram observadas no grupo composto por transportes, 2,38%, e alimentação e bebidas, 2%.

Tabela 1: Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA %) – 2019
Categoria/Grupo Variação mensal (%) Variação acumulada – 12 meses
Março Abril Março Abril
Índice geral 0,75 0,57 4,58 4,94
Alimentação e bebidas 1,37 0,63 6,74 7,31
Habitação 0,25 0,24 6,1 6,18
Artigos de residência 0,27 -0,24 4,31 3,84
Vestuário 0,45 0,18 0,6 0,16
Transportes 1,44 0,94 3,7 4,67
Saúde e cuidados pessoais 0,42 1,51 3,84 4,45
Despesas pessoais 0,16 0,17 3,51 3,56
Educação 0,32 0,09 4,89 4,91
Comunicação -0,22 0,03 -0,1 0,00

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Nos últimos cinco meses (dezembro a abril) a taxa acumulada dos últimos doze meses tem apresentado uma tendência ascendente, chegando a 4,94% no mês de abril. Vale ressaltar que esse valor supera o centro da meta inflacionária estabelecida pelo Banco Central para 2019, que está em 4,25%. No entanto, o comportamento da série anualizada continua sendo fortemente influenciada pela greve dos caminhoneiros, ocorrida em maio do ano passado, que apresentou, em junho, uma inflação de 1,26% na variação mensal. Apesar dessa tendência ascendente é possível afirmar que a trajetória do nível de preço da economia brasileira continua na direção definida pelas autoridades monetárias do país. Tal fato é corroborado, após a linha vertical, pela projeção anualizada do IPCA observada no gráfico 1.

Acumulado dos últimos 12 meses – eixo da direita; as informações a partir de maio de 2019 correspondem às projeções de mercado.

A projeção da inflação para a economia brasileira, em torno de 4% para o final do ano, abre a possibilidade para o Banco Central afrouxar a política monetária com o intuito de retomar o processo de redução da taxa Selic visando estimular o setor produtivo. O aumento do hiato do produto, observado a partir do baixo crescimento esperado para os primeiros meses do ano, e a alta liquidez monetária no contexto internacional corroboram o argumento relacionado a expansão monetária. No entanto, o parecer do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgado no dia 14 de maio, leva em consideração o cenário básico e o balanço de riscos que a economia brasileira está exposta e, nesse contexto, a redução da taxa de juros não ocorrerá no curto prazo. O Copom destaca ainda que o direcionamento da política monetária dependerá da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções dos indicadores de inflação.

Agenda Econômica    

No Brasil, a agenda econômica de quinta-feira prevê a divulgação dos dados trimestrais do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A prévia desse indicador, calculado através do Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil (IBC-Br), aponta para uma queda de 0,68% em relação ao último trimestre do ano passado. Em valores a preços correntes, segundo os modelos dinâmicos que utilizo para realizar minhas previsões, o PIB deve apresentar um valor em torno de R$ 1,75 trilhões. O valor de cada um dos componentes do PIB, pela ótica da demanda, deve se situar em torno de R$ 1,15 trilhões para o consumo das famílias, R$ 360,4 bilhões com as despesas do consumo do governo, R$ 265,2 bilhões referente aos investimentos das empresas, uma diminuição em torno de R$ 29,4 bilhões para o nível de estoques, para as exportações o valor deve ser de aproximadamente R$ 241,4 bilhões e para as importações um valor em torno de R$ 237,9 bilhões. Ainda, no Brasil, está previsto a divulgação do Índice Geral de Preço (IGP-M) e da taxa de desemprego na quinta-feira e sexta-feira respectivamente. Na China a agenda econômica prevê a divulgação, na quinta-feira, do índice de Atividade dos Gerentes de Compra (PMI) do setor de manufatura, a expectativa é que esse indicador seja de 49,9. Nos Estados Unidos, nessa terça-feira, será divulgado o índice de confiança do consumidor, o Conference Board (CB), um importante indicador que indica o quanto os consumidores estão dispostos a gastar. A expectativa de mercado está em 130,1 para o CB. A Bureau of Economic Analysis, na quinta-feira, divulga o PIB norte americano que deve apresentar um crescimento em torno de 3%, segundo as expectativas de mercado, para o primeiro trimestre de 2019.

Thiago Rocha Fabris