Outra mulher içarense de muita fibra e que serve de exemplo de força e determinação é Edna Benedet. Professora, advogada e vereadora de Içara, ela registra nas páginas da história a importância do papel da mulher em diversos setores da sociedade.

Edna já ocupou cargos como a presidência do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Içara e de Balneário Rincão; foi secretária municipal de Educação, Cultura, Esporte e Turismo; diretora de unidade escolar do município; integrante do Núcleo da Mulher empreendedora de Içara; vice-presidente da Associação Amigas do Peito de Içara (AMPI); e é vereadora no seu segundo mandato.

A parlamentar assinala que é preocupante o fato de, na democracia representativa, o poder político institucional ainda ser masculino, branco e urbano. “Representamos 51,6% da população brasileira, segundo o IBGE, somos 52% do eleitorado, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, porém, nossa sub-representação na política é gritante. Prova disso é que das 54 cadeiras ao Senado na eleição de 2018, apenas sete mulheres foram eleitas, totalizando 12 senadoras, atualmente”, cita.

“Na Câmara Federal, o número passou de 51 para 77 deputadas. E nas Assembleias Estaduais houve um aumento de 35% de mulheres eleitas em relação a 2014. Em Santa Catarina, das 40 vagas, ocupamos apenas cinco cadeiras. E em Içara essa realidade não é diferente: somente quatro mulheres ocuparam uma cadeira no Legislativo. Nunca tivemos uma mulher na presidência da Casa ou à frente do poder Executivo. Essa realidade precisa ser transformada”, defende Edna.

No espaço que ocupa na Câmara, ela procura representar a voz e a luta das mulheres. “Busco contribuir, através do nosso mandato, na construção e apresentação de projetos de leis que garantam e ampliem o direito e os espaços das mulheres, diminuindo a desigualdade, como também sugerindo políticas públicas que possibilitem diminuir a discriminação e o preconceito contra as mulheres, lhes proporcionado maior acesso à educação, saúde, assistência social, reconhecimento e dignidade de vida”, enumera.

 

Da superação de um drama pessoal ao apoio a outras mulheres

 

Aos 31 anos de idade, Edna Benedet foi diagnosticada com câncer de mama. Segundo ela, foram momentos difíceis, mas enfrentados com muita coragem. “Foram cinco anos de tratamento e de exames constantes, o que te faz repensar e colher desta experiência muito aprendizado. Foi com essa experiência que senti na pele as dificuldades, o medo e os preconceitos por passar por uma doença que, para a maioria das pessoas, ainda é sinônimo de morte”, relata.

Nessa caminhada, Edna conta que foi procurada por várias mulheres também diagnosticadas com o câncer. “Mulheres, que como eu, no início da doença, olhavam para o horizonte à procura de um futuro incerto. Foi quando surgiu, em uma conversa com mais duas amigas que tinham passado pela mesma experiência, o desejo de criar um grupo de mulheres, uma associação que pudesse auxiliar as içarenses com diagnóstico de câncer de mama. Assim nasceu a AMPI, constituída por mulheres que estão passando ou passaram pela experiência do câncer e que ajudam com apoio psicológico ou financeiro outras mulheres a superarem a doença. Essa causa se tornou tão importante que, junto com a Rede Feminina e o Bercinho dos Anjos, sonhamos a Casa Rosa, que se torna realidade em nosso município”, completa.

Para as mulheres, ela deixa um recado: “São com essas experienciais que podemos concluir que algumas dificuldades e obstáculos encontrados no percurso de nossa caminhada podem se transformar em grandes projetos e ajudar a salvar a vida de inúmeras mulheres com a conscientização e combate ao câncer de mama e dizer que o câncer não precisa ser um ponto final, mas pode ser somente uma vírgula nesta linda caminhada que se chama vida”.

Edna ainda alerta para a união de forças. “Diante de tantas e múltiplas tarefas e desafios, podemos dizer que juntas somos mais fortes, que juntas podemos transformar a sociedade e construir um mundo com mais amor, mais fraterno, rompendo e eliminando qualquer forma de preconceito, violência e discriminação contra as mulheres, que um mundo melhor é possível”.

 

Sessão vai homenagear personalidades içarenses

 

Por proposição de Edna Benedet, a Câmara Municipal de Içara realiza sessão especial nesta sexta-feira, a partir das 19 horas, em homenagem à contribuição das mulheres na história do município, tanto no âmbito social, cultural, econômico, político e esportivo. “Essa homenagem tem a finalidade de resgatar, valorizar e reconhecer a contribuição da mulher içarense no desenvolvimento da cidade”, justifica.

“No Dia Internacional da Mulher queremos também resgatar as lutas das mulheres na conquista de direitos e igualdades, queremos o fim da discriminação, do preconceito, da violência contra a mulher, queremos o direito ao trabalho, à saúde, à educação e à igualdade”, acrescenta. “Ainda vivemos em uma sociedade extremamente desigual, machista, violenta e preconceituosa”, considera.

“Nós, mulheres, ainda recebemos salários menores que os homens, sofremos assédios e abusos diários, somos vítimas de violência doméstica, de estereótipos de beleza doentios e inalcançáveis, somos obrigadas a assumir múltiplas jornadas de trabalho, ainda somos poucas na política e nos espaços de poder, nossa invisibilidade ainda é registrada em diversos rincões e espaços da nossa sociedade, entre tantas outras injustiças que poderíamos passar dias enumerando. Mas, ser mulher e ocupar os espaços de poder e político é um desafio diário”, finaliza.