Estrutura automatizada é usada em testes de fertilizantes e insumos antes de aplicação no campo

Criciúma

Um container automatizado instalado no Centro Tecnológico Satc, em Criciúma, vem sendo utilizado desde 2021 para simular diferentes condições climáticas e estações do ano, com o objetivo de testar fertilizantes e insumos agrícolas diretamente em solo. O equipamento foi desenvolvido pelo Núcleo de Energia e Síntese de Produtos (NEP) a partir de um projeto da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e surgiu para eliminar a influência de variações climáticas nos resultados de experimentos. O container permite simular climas, testar tecnologias e gerar resultados rápidos e confiáveis, encurtando o caminho entre o laboratório e a lavoura.

Segundo o engenheiro químico e pesquisador do NEP, Thiago Fernandes de Aquino, a iniciativa começou após testes com zeólitas como fertilizante, quando variações no clima comprometeram a avaliação. “Chegamos a um ponto em que não sabíamos se o crescimento da planta era influenciado pelo clima ou pelo fertilizante. O container surgiu para que pudéssemos isolar e controlar essas variáveis”, afirmou.

O primeiro módulo foi voltado a culturas de ciclo curto, como salsa e alface. Posteriormente, um projeto da Diamante Geração de Energia, que previa a instalação de uma planta-piloto para produção de zeólitas, viabilizou a construção de dois novos módulos. Com isso, a pesquisa passou a incluir também feijão, soja e pimentão.

No interior do container, a iluminação reproduz gradualmente o nascer e o pôr do sol, atingindo intensidade máxima ao meio-dia. A irrigação é feita por gotejamento e a temperatura é regulada por ar condicionado, conforme a necessidade da cultura. A engenheira ambiental e sanitarista e pesquisadora do NEP, Beatriz Bonetti, explica que esse controle possibilita simular diferentes condições antes de levar as tecnologias ao campo, o que traz precisão e reduz custos.

O cultivo é realizado diretamente em solo, e não por hidroponia. De acordo com Beatriz, não há registro no Brasil de outro ambiente controlado com cultivo em solo e automação tão completa. “Existem estruturas semelhantes, mas geralmente usam hidroponia ou apresentam sistemas de controle mais simples. O nosso container gerencia desde a iluminação até a irrigação e o equilíbrio da temperatura”, disse.

A estrutura é utilizada como etapa inicial de validação de novas tecnologias agrícolas. Fertilizantes e insumos com bom desempenho seguem para testes externos, como ocorre nas pesquisas com zeólitas, que já avançaram para lavouras de milho, trigo e azevém. “Foi graças aos resultados obtidos aqui que conseguimos definir concentrações ideais e entender o comportamento das plantas”, afirmou Beatriz.