Primeira tragédia da história do balonismo local deixou oito mortos e 13 sobreviventes

Praia Grande

Oito pessoas morreram no acidente com um balão de ar quente ocorrido na manhã de sábado (21), em Praia Grande, no Extremo Sul de Santa Catarina. As vítimas estavam em um voo turístico quando um incêndio começou no cesto da aeronave, fazendo com o balão caísse – parte da altura, em queda livre e incendiado. Oito pessoas morreram na queda.

Segundo a Polícia Científica de Santa Catarina, as vítimas fatais foram identificadas como Leandro Luzzi, 33 anos; Andrei Gabriel de Melo, 34; Leane Elizabeth Herrmann, 70; Leise Herrmann Parizotto, 37; Janaina Moreira Soares da Rocha, 46; Everaldo da Rocha, 53; Juliane Jacinta Sawicki, 36; e Fabio Luiz Izycki, 42. Todos os corpos foram liberados para as famílias ontem (22).

O acidente, que envolvia 21 pessoas, é considerado a primeira tragédia com mortes registrada no balonismo da cidade desde o início da atividade turística, em 2017. De acordo com a Secretaria Municipal de Turismo, aproximadamente 50 mil voos já foram realizados em Praia Grande nos últimos oito anos.

Como o incêndio começou

A principal linha de investigação aponta que as chamas teriam iniciado no próprio cesto do balão, supostamente por um maçarico que não fazia parte da estrutura original da aeronave. A informação foi confirmada por relatos do piloto e de testemunhas, segundo o delegado Tiago Luiz Lemos, responsável pelo caso.

De acordo com o advogado do piloto, Clóvis Rogério, o incêndio começou ainda durante a decolagem, quando o balão estava próximo do solo. “O Elvis [piloto] tentou salvar as pessoas. Ele chegou a pousar o balão, pediu para que os passageiros pulassem, mas, infelizmente, nem todos conseguiram”, afirmou.

Das 21 pessoas a bordo, 13 conseguiram saltar a tempo, inclusive o próprio piloto, que segue à disposição das autoridades. Outras cinco vítimas foram encaminhadas ao Hospital de Praia Grande com ferimentos leves.

A Polícia Civil segue investigando as circunstâncias do acidente. “A suspeita inicial é de que um maçarico improvisado tenha provocado o fogo. Isso foi relatado por mais de um dos ouvidos na investigação”, explicou o delegado.

Quem eram as vítimas

O acidente abalou diversas comunidades de Santa Catarina. Entre os mortos estavam dois casais que viajavam com seus filhos, que conseguiram se salvar ao pular do balão. É o caso de Everaldo Rocha, 53 anos, e Janaina Moreira Soares da Rocha, 46, de Joinville.

Também perderam a vida a médica Leise Herrmann Parizotto, 37, e sua mãe, Leane Elizabeth Herrmann, 70, ambas de Blumenau. Leise atuava na Estratégia de Saúde da Família (ESF) do bairro Tribess. Em nota, a prefeitura lamentou a perda da servidora pública.

Outra vítima foi o patinador artístico Leandro Luzzi, 33, de Brusque, diretor-técnico da Federação Catarinense de Patinação Artística. Leandro estava no passeio com o namorado, que conseguiu se salvar. A Federação publicou nota destacando que “sua ausência deixará uma lacuna irreparável em nossos corações e na nossa modalidade”.

Andrei Gabriel de Melo, 34, era médico oftalmologista em Fraiburgo e região. A prefeitura da cidade também lamentou sua morte. Pacientes e colegas manifestaram pesar nas redes sociais: “Um querido e grande médico”, escreveu uma paciente.

Completam a lista Juliane Jacinta Sawicki, 36, e Fabio Luiz Izycki, 42.

Histórico da atividade e repercussão

O balonismo é o principal atrativo turístico de Praia Grande, conhecida como a “Capital dos Canyons”. Segundo Henrique Maciel, secretário de Turismo, a atividade é considerada segura. “Em quase nove anos de balonismo na cidade, este é o primeiro acidente com vítimas fatais. Ocorrências já aconteceram, como em qualquer atividade de aventura”, disse.

A empresa responsável pelo voo, Sobrevoar, informou que todas as operações foram suspensas por tempo indeterminado. Em nota, a empresa declarou que sempre seguiu as normas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e que está prestando assistência às famílias das vítimas.

“A nossa preocupação neste momento é, acima de tudo, com os familiares. Estamos disponibilizando assistente social, psicólogos e médicos para apoio”, disse o advogado Clóvis Rogério.

As investigações continuam para esclarecer as causas exatas do incêndio e apurar eventuais responsabilidades pela tragédia.