Desaprovação sobe

Lula atinge seu pior índice: 57% desaprovam o governo, enquanto 40% aprovam. A margem de erro é de 2 pontos. Os números mostram desgaste persistente, mesmo com anúncios como isenção do IR até R$ 5 mil. O escândalo do INSS foi citado por 82% dos entrevistados e ajudou a estancar qualquer recuperação. A aprovação caiu principalmente no Sudeste, onde a rejeição chega a 64%. No geral, o presidente não conseguiu reverter a imagem de um governo em crise.

Católicos viram

Pela primeira vez desde o início do mandato, os católicos desaprovam mais do que aprovam Lula: 53% a 45%. Em janeiro, a situação era inversa. O grupo, historicamente importante para o petismo, começa a se afastar em meio a escândalos e percepções de ineficiência. A quebra desse apoio é simbólica, já que marca o fim da blindagem moral que Lula mantinha junto a parte do eleitorado mais tradicional. Um alerta claro para o Planalto, que apostava em estabilidade nesse segmento.

Nordeste segura

O Nordeste volta a ser o único reduto em que Lula tem maioria: 54% aprovam e 44% desaprovam. Na pesquisa anterior, havia empate técnico. O presidente mantém o apoio graças a programas sociais e ao peso simbólico de sua origem. Ainda assim, o recuo em outros segmentos pode ameaçar esse equilíbrio. O sinal positivo na região contrasta com a forte rejeição em locais como o Sudeste e o Sul, mostrando um Brasil dividido por linhas econômicas e históricas.

Mulheres e jovens

Entre mulheres, 54% desaprovam e 42% aprovam o governo. Entre jovens de 16 a 34 anos, a rejeição chega a 60%. Esses dois grupos foram essenciais para a eleição de 2022. A queda de apoio sugere frustração com promessas não cumpridas e falta de conexão do governo com temas sociais e econômicos do cotidiano. A comunicação digital ineficaz e o impacto direto da inflação sobre consumo básico também ajudam a explicar o afastamento. A reconquista desses públicos será decisiva.

Pretos e pardos

Após meses de queda, a aprovação entre pretos voltou a superar a desaprovação: 52% a 46%. Em março, a rejeição era maior. A mudança pode ter relação com medidas como vale gás e isenção de tarifa de luz, que beneficiam diretamente essa população. No entanto, o apoio ainda está abaixo dos patamares de 2023. O Planalto enxerga nesse movimento um possível ponto de recuperação, mas sabe que é necessário sustentar essa tendência com resultados concretos e duradouros.

Classe média rejeita

Famílias com renda entre 2 e 5 salários mínimos continuam rejeitando o governo: 56% desaprovam e 43% aprovam. Apesar de uma leve melhora, o presidente enfrenta forte resistência entre os que mais sentem os efeitos de impostos e inflação. Essa faixa é decisiva nas eleições municipais e costuma ditar o clima de opinião pública. O aumento do IOF, por exemplo, foi mal recebido. Para Lula, reconquistar a classe média é mais difícil do que manter sua base histórica.

Bolsa Família apoia

Entre os beneficiários do Bolsa Família, Lula mantém maioria: 51% aprovam, 44% desaprovam. Já entre quem não recebe, a desaprovação sobe a 61%. Os programas sociais ainda são pilar de sustentação do governo. Porém, mesmo nessa base, o apoio vem caindo em relação ao início do mandato. O caso do INSS, que envolve aposentados, pode ter influenciado esse recuo. O governo sabe que precisa mostrar entrega concreta para preservar o apoio entre os mais pobres nos próximos meses.

INSS prejudica

O escândalo do INSS teve grande impacto: 82% dos brasileiros dizem estar informados, e 31% culpam diretamente o governo. A repercussão negativa foi maior que a de qualquer política anunciada no mesmo período. Isso freou o efeito de medidas como a isenção na conta de luz. O tema afetou principalmente eleitores mais velhos e conservadores, prejudicando a imagem de eficiência da gestão. Lula ainda não apresentou resposta pública que convença ou reverta os danos causados pela crise.

IOF incomoda

Metade dos brasileiros acredita que o governo errou ao manter o aumento do IOF nas compras de dólar. A medida desagradou sobretudo a classe média, já pressionada por alta de preços e insegurança econômica. O tema, embora técnico, ganhou peso simbólico: reforçou a percepção de que o governo penaliza os pequenos poupadores enquanto não reduz privilégios. A insatisfação com esse tipo de política tem ajudado a consolidar a rejeição entre eleitores escolarizados e com maior acesso à informação.

Avaliação geral

A avaliação geral do governo segue negativa: 43% consideram a gestão ruim ou péssima, 26% avaliam como boa ou ótima e 28% a classificam como regular. Os números mostram que o desgaste se aprofundou desde janeiro, quando o índice negativo era 41%. A percepção de melhora econômica não foi suficiente para alterar a tendência. Mesmo com programas sociais ativos, a imagem pública do governo continua presa a escândalos, promessas não cumpridas e falta de coordenação política visível.

Comparação com Lula 1 e 2

Mais da metade dos brasileiros (56%) acredita que o atual governo Lula é pior do que seus dois primeiros mandatos. Apenas 20% acham que está melhor, e outros 20% consideram igual. A comparação constante com os tempos de bonança entre 2003 e 2010 pesa contra o presidente. Naquele período, o boom das commodities e o ambiente externo favorável ajudaram. Hoje, com menos margem fiscal e mais cobrança, Lula encontra um eleitor mais exigente e menos disposto a esperar.

Comparação com Bolsonaro

Em relação ao governo Bolsonaro, 44% consideram Lula pior, 40% melhor e 13% dizem ser igual. O dado revela uma polarização cristalizada: mesmo com escândalos e impopularidade do ex-presidente, Lula não consegue superá-lo em percepção de desempenho. Para o eleitorado que votou “contra Bolsonaro” em 2022, os resultados de 2023 e 2024 ficaram aquém. A base bolsonarista mantém rejeição quase unânime. O governo petista, por sua vez, ainda não convenceu parte relevante dos indecisos e ex-eleitores brancos e nulos.

País no rumo errado

A percepção de que o Brasil está indo na direção errada cresceu de 56% para 61%. Já os que acham que o país está no rumo certo caíram para 32%. O dado resume a frustração acumulada em diferentes segmentos da sociedade. Economia fraca, escândalos, sensação de insegurança e falta de mudanças concretas explicam a tendência. A leitura geral é de que o governo não inspira confiança nem mostra rumo claro. Isso torna a governabilidade mais frágil e os riscos políticos maiores.