Advogado preso questiona ações do prefeito e solicita liberdade com medidas cautelares

Criciúma

A defesa de Jefferson Monteiro, advogado preso desde 5 de agosto pela Operação Caronte, solicitou na segunda-feira (9) a inclusão de uma nota de repúdio no processo, criticando o vídeo divulgado por Clésio Salvaro antes de sua prisão. O documento, assinado pela advogada Emanuela de Souza da Silva, afirma que Salvaro tinha conhecimento dos fatos investigados pelo Ministério Público e que seu vídeo teve intenção política. Monteiro alega que a mensagem de Salvaro ao governador Jorginho Mello, enviada um dia antes da prisão, indica que o prefeito sabia do desfecho iminente.

Na nota, a defesa de Monteiro acusa Salvaro de tentar manipular a opinião pública com fins eleitorais, menosprezando o impacto sobre os envolvidos na operação. “O prefeito tenta se vitimizar, causando clamor social com objetivo eleitoreiro, desconsiderando os prejuízos aos demais investigados”, aponta o documento.

O vídeo em questão foi gravado antes da prisão de Salvaro, ocorrida na terça-feira (3). O prefeito de Criciúma é acusado de envolvimento em organização criminosa e fraude em licitações no setor funerário. Segundo o Ministério Público, Salvaro teria alterado uma lei municipal que beneficiou funerárias atuantes na cidade, o que motivou sua prisão.

Durante as investigações, foi encontrado na residência de Salvaro um documento sigiloso relacionado ao processo, que, de acordo com a defesa de Monteiro, levanta suspeitas sobre o interesse do prefeito no andamento da investigação. A defesa ainda questiona como Salvaro teve acesso a esse material confidencial.

Jefferson Monteiro, que atuava como presidente municipal do partido Republicanos e apoiava o candidato Vagner Espíndola (PSD), foi preso na primeira fase da operação. Mesmo após o Republicanos mudar de direção no estado e declarar apoio a Ricardo Guidi, Monteiro e Salvaro continuaram em contato, conforme o relatório do Ministério Público.

A defesa de Monteiro, além de repudiar a conduta de Salvaro, também solicita a concessão de liberdade ao advogado com medidas cautelares, como a proibição de contato com testemunhas e outros investigados. “O requerente compromete-se a não criar obstáculos ao processo e respeitar as medidas cautelares estabelecidas”, afirma o documento apresentado à justiça.

Ao todo, 17 pessoas foram presas nas duas fases da Operação Caronte, incluindo Bruno Ferreira, ex-secretário de Assistência Social de Criciúma. A defesa de Monteiro e de Ferreira chegou a recorrer ao STF em busca de Habeas Corpus, mas os pedidos foram negados. O julgamento dos 17 envolvidos está previsto para ocorrer na quinta-feira (12).

A defesa de Monteiro conclui sua manifestação confiando no julgamento imparcial do caso, reafirmando que a prisão de Salvaro afeta diretamente o andamento das investigações e que o advogado se compromete a colaborar integralmente com o processo judicial.

STJ nega recurso

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de liminar de Juliano da Silva Deolindo, advogado da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Criciúma, preso na terça-feira (3). Esta é a terceira vez que o STJ rejeita um recurso de prisão no caso das funerárias. Anteriormente, foram negados pedidos de Jeferson Monteiro e Bruno Ferreira. No total, 17 pessoas foram presas na Operação Caronte, com as primeiras detenções ocorrendo em 5 de agosto e as últimas na terça-feira. O Tribunal de Justiça julgará os pedidos de revogação das prisões dos primeiros 7 detidos e a situação do prefeito Clésio Salvaro e dos outros 9 presos nesta quinta-feira (12).