Detenção de prefeitos resulta de operações de combate à corrupção, fraudes e outros crimes, envolvendo MP e Polícia Civil
Criciúma e Estado
A prisão do prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), na terça-feira (3), aumentou para 28 o número de prefeitos detidos em Santa Catarina nos últimos quatro anos, o que equivale a 11% dos gestores municipais de 245 cidades. As detenções são resultado de investigações do Ministério Público (MP) e da Polícia Civil, que identificaram práticas de corrupção, fraudes em licitações e outros crimes.
Muitos prefeitos presos enfrentam medidas cautelares ou renunciaram aos cargos, enquanto outros foram condenados. A primeira prisão da série ocorreu em agosto de 2020, com a detenção de Orildo Severgnini, então prefeito de Major Vieira, durante a operação “Et Pater Filium”, que investigava lavagem de dinheiro e corrupção. Desde então, outras 27 prisões foram feitas, distribuídas em diferentes operações de combate ao crime.
Dentre essas operações, a Operação Mensageiro foi a que mais se destacou, com 17 prisões de prefeitos, investigando propinas pagas por uma empresa para garantir contratos de licitação. As investigações apontam que o esquema envolvia pagamentos ilícitos para favorecer determinadas empresas em processos licitatórios municipais.
A prisão mais recente, a de Clésio Salvaro, aconteceu na segunda fase da Operação Caronte, coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Essa fase da operação investiga fraudes em licitações relacionadas à contratação de serviços funerários em Criciúma.
A prisão foi autorizada pela desembargadora Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer, que também determinou a detenção de mais nove pessoas em Criciúma, Florianópolis, Jaraguá do Sul e São José. Segundo a decisão judicial, Salvaro teria utilizado sua posição para beneficiar terceiros. “O investigado teria, teoricamente, utilizado de seu cargo político para atuar em benefício da organização criminosa, uma vez que tinha o poder de iniciar um processo de alteração da legislação municipal que disciplinava a concessão dos serviços funerários”, diz certa parte do despacho judicial.
Na cela com outro detento
Clésio Salvaro está detido em uma cela de triagem no Complexo Penitenciário de Itajaí, dividindo o espaço com outro detento. O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) não divulgou mais detalhes desta prisão e da necessidade de transferência para o presídio em Itajaí. A investigação segue em andamento, e novas informações sobre o caso podem ser divulgadas nas próximas etapas da operação.
Lista completa dos prefeitos detidos desde 2020:
Operação Et Pater Filium:
- Orildo Antônio Severgnini (Major Vieira)
- Adelmo Aberti (Bela Vista do Toldo)
- Beto Passos (Canoinhas)
- Operação Mensageiro:
- Deyvisonn Souza (MDB), Pescaria Brava (2022)
- Luiz Henrique Saliba (PP), Papanduva
- Antônio Rodrigues (PP), Balneário Barra do Sul
- Marlon Neuber (PL), Itapoá
- Antônio Ceron (PSD), Lages (2023)
- Vicente Corrêa Costa (PL), Capivari de Baixo
- Joares Ponticelli (PP), Tubarão
- Luiz Carlos Tamanini (MDB), Corupá
- Adriano Poffo (MDB), Ibirama
- Adilson Lisczkovski (Patriota), Major Vieira
- Armindo Sesar Tassi (MDB), Massaranduba
- Patrick Correa (Republicanos), Imaruí
- Luiz Shimoguri (PSD), Três Barras
- Alfredo Cezar Dreher (Podemos), Bela Vista do Toldo
- Felipe Voigt (MDB), Schroeder
- Luis Antonio Chiodini (PP), Guaramirim
- Clézio José Fortunato (MDB), São João do Itaperiú (2024)
- Outras Operações:
- Douglas Elias Costa (PL), Barra Velha (Operação Travessia, 2024)
- Ari Wollinger, o Ari Baguio (PL), Ponte Alta do Norte (Operação Limpeza Urbana, 2024)
- Gustavo Cancellier (PP), Urussanga (Operação Terra Nostra, 2024)
- Clori Peroza (PT), Ipuaçu (Operação Fundraising, 2024)
- Fernando de Fáveri (MDB), Cocal do Sul
- Marcelo Baldissera (PL), Ipira
- Mario Afonso Woitexem (PSDB), Pinhalzinho
- Clésio Salvaro (PSD), Criciúma (Operação Caronte, 2024)