Reunião de diretoria contou com a presença do presidente da SCGás, Otmar Josef Müller, e representantes da companhia

Criciúma

Desde 1º de julho estão em vigência os novos preços do gás natural em Santa Catarina, com efeitos médios diferenciados conforme os segmentos de consumidores, sendo de 3,06% para o industrial, de 0,53% para o residencial, de 0,57% para o comercial e de 0,56% para o veicular. Para detalhar esse reajuste, representantes da SCGás participaram da reunião de diretoria da Associação Empresarial de Criciúma (Acic).

“Após a sucessão de reduções nas tarifas do gás natural, totalizando -29% em 2023, foi necessária a aplicação desse aumento. O grande fator causador da necessidade de aumento foi a redução do volume consumido”, explicou o diretor presidente da companhia, Otmar Josef Müller.

“De 2,2 milhões de metros cúbicos/dia (no primeiro semestre de 2022), caímos para 1,650 milhão em 2024. Essas perdas de vendas vieram da queda do consumo veicular e da retração nas indústrias, sobretudo dos segmentos de cerâmica, dos colorifícios e do vidreiro”, acrescentou.

“E também pela perda de competitividade para o GLP, beneficiado por redução tributária de cunho social, levando indústrias menores e comércios a migrar para esse insumo”, complementou Müller.

Segundo ele, a tendência recente de aumento na cotação do dólar também afetou as tarifas, porque o insumo é vinculado ao preço internacional do petróleo. De acordo com o executivo, uma ação da SCGás que ajudou a minimizar o atual reajuste foi a diversificação do mix de fornecedores, possibilitada pela gradual abertura do mercado desse insumo, estratégia que levou à redução do custo de aquisição do gás.

“Mesmo permanecendo estáveis os gastos fixos da SCGás (margem de distribuição) houve aumento do custo unitário (R$/m³), provocado pelo menor volume de vendas. A expectativa, de que houvesse em 2024 a retomada mais acentuada do volume consumido, não se confirmou”, salienta Müller.

Impactos na economia local

O presidente da Acic, Valcir José Zanette, ressalta a importância das ações da SCGás para minimizar os custos do gás natural, especialmente para os setores fundamentais à economia da região, como o cerâmico e o de colorifícios, que estão perdendo competitividade devido ao custo do insumo.

Presidente da Câmara de Assuntos de Energia da Fiesc, Manfredo Gouvéa Júnior ressalta que este é o terceiro ano seguido que a tarifa de gás em Santa Catarina é maior do que a praticada em São Paulo, principal mercado concorrente aos produtos catarinenses.

“Necessitamos ter um gás mais competitivo. Precisamos pensar na atividade geradora de empregos. Hoje, temos um processo de desindustrialização em curso, e algo precisa ser feito para assegurar a competitividade da nossa indústria”, pontua Gouvéa.

Alternativas

De acordo com os cálculos da companhia, a cada 100 mil metros cúbicos consumidos a mais por dia, seria possível reduzir em 1% a tarifa média geral. Dessa forma, para reaquecer o consumo, a empresa aposta em outros segmentos que não o industrial, que hoje representa a maior parte do consumo (85%).

“Estamos favorecendo o setor comercial e o veicular porque são segmentos que já tiveram volumes mais expressivos de consumo e que podem retomar. São oportunidades de recuperação rápida, sem necessidade de novos investimentos. Na indústria, de forma geral, não estamos percebendo sinais de recuperação a curto prazo. As indústrias voltadas à construção civil nacional estão operando com 30% de ociosidade”, aponta o presidente da SC Gás.

Entre as medidas, está a proposição à agência reguladora de uma tarifa específica para frotistas, para atender os transportadores de cargas pesadas. Nesse modelo, o cliente terá o gás natural para abastecimento direto em sua garagem para uso exclusivo de suas frotas, com um preço similar ao praticado aos postos de combustíveis, com o benefício da substituição tributária.

Além disso, a SCGás trabalha junto ao BRDE numa linha de crédito para aquisição de caminhões e adequações de postos para alta vazão e há um esforço também para reduzir o IPVA de veículos movidos a gás natural.

Mercado livre

Em busca de tarifas mais atrativas, Müller cita que as indústrias já têm a possibilidade de entrar no mercado livre do gás natural.

O arcabouço regulatório do mercado livre em Santa Catarina já está criado, com o regramento para acessar esse ambiente. Já há modelo de contrato aprovado e 14 empresas comercializadoras autorizadas pela agência reguladora, a Aresc.