Funcionários protestam por melhores condições e contratação de novos trabalhadores, já a companhia alerta sobre impacto financeiro

Da Redação

Ontem (4), os trabalhadores da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) iniciaram uma greve em todo o estado de Santa Catarina. O movimento foi liderado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente de Santa Catarina (Sintaema-SC) e contou com a adesão dos funcionários da Casan em Criciúma, onde atuam 70 profissionais. A decisão pela paralisação foi tomada em assembleias realizadas nos dias 27 e 28 de maio.

Segundo o vice-presidente do Sintaema, Genilson Teixeira Gomes, a greve se faz necessária devido à intransigência da direção da Casan na negociação do Acordo Coletivo de Trabalho 2024/2025. Ele ressaltou que a categoria tentou evitar a paralisação e que a intenção é impactar minimamente a população. “Há oito anos não temos greve dos funcionários da Casan em Santa Catarina. É importante ressaltar que não podemos parar o sistema por completo, fica o fornecimento de água, e se tiver algum problema sério na adutora, por exemplo, a gente reúne os funcionários, buscamos entender a gravidade e consertamos. O que paralisa? Setor comercial, o setor de atendimento diminui, mas a população não tem que pagar por isso, fica mantido todo o abastecimento”, detalha.

O Sintaema, em nota, destacou que buscou acordos com a Casan, mas sem sucesso. “Tendo em vista a posição intransigente da empresa na negociação do Acordo Coletivo de Trabalho 2024/2025, as tentativas de supressão de várias cláusulas desse e suas consequências nefastas à população e para a força de trabalho da Casan, além da não contratação de mais de 400 novos trabalhadores concursados para atender à população com dignidade e melhorar as condições de trabalho na empresa, a categoria decidiu pela greve”, explica.

Por outro lado, a Casan afirmou que as reivindicações dos trabalhadores podem gerar um impacto financeiro de aproximadamente R$ 85 milhões por ano, o que afetaria o orçamento da Companhia e comprometeria a capacidade de futuros investimentos. A empresa ressaltou que está em recuperação da saúde financeira e que tem se esforçado para atender às demandas sindicais. Desde o dia 15 de março, a Comissão de Negociação Sindical da Casan está em tratativas com as lideranças sindicais, mas apenas o Sintaema não aceitou a proposta do novo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2024/2025.

Entre os pleitos dos trabalhadores, destacam-se os de natureza econômico-financeira. A Casan informou que concedeu, a partir de 1º de maio de 2024, reajuste salarial do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o que representa um aumento de 3,23%. Além disso, manteve o auxílio educação, plano de saúde e odontológico, possibilidade de horário flexível e formação de comissões paritárias para estudo de novos pleitos.

Outra reivindicação é a contratação de novos profissionais, pois há um déficit de 400 trabalhadores. A empresa, no entanto, argumenta que está buscando equilíbrio financeiro e que algumas mudanças propostas visam corrigir distorções, como a alteração da jornada de trabalho para 8 horas diárias, que atualmente beneficia apenas 8% da força de trabalho com jornada de 6 horas diárias.

A Casan também destacou que todos os serviços essenciais, como tratamento e abastecimento de água, sistema de esgotamento sanitário e consertos de vazamentos/rompimentos de redes emergenciais, estão mantidos. “Durante esse período, a diretoria colegiada da Companhia não medirá esforços para que a paralisação não afete de forma significativa o andamento dos serviços prestados à população catarinense nos municípios atendidos pela Companhia”, afirmou a empresa.

O sindicato, por sua vez, reforçou que tem prezado pelo diálogo e que a greve foi a última alternativa após várias tentativas de negociação. A Casan lamenta a decisão do Sintaema em não aceitar o acordo e manter a greve, mas reforça que está aberta ao diálogo para negociações futuras.

A situação segue em desenvolvimento, com ambas as partes buscando uma resolução que contemple as demandas dos trabalhadores sem comprometer a sustentabilidade financeira da Casan e a prestação de serviços à população.