Categoria exige melhores salários e condições de trabalho; governo estadual enfrenta pressão por não cumprir promessas anteriores
Da Redação
Professores da rede estadual de Santa Catarina entraram em greve ontem (23), afetando o funcionamento de escolas em todo o estado, com ações significativas em Criciúma. Eles demandam melhorias salariais, valorização profissional e a revogação de medidas consideradas prejudiciais à categoria, como o confisco de 14% das aposentadorias.
Os educadores estão mobilizados para pressionar o governo estadual a atender suas reivindicações. “O professor recebe hoje um valor único, que é do piso nacional… E nós temos professores que já têm Licenciatura em alguma faculdade, em alguma das disciplinas eles têm especialização, mestrado e doutorado, em grande número, e eles não têm esse reconhecimento”, destacou Evandro Accadrolli, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte).
O Sinte ressalta que a greve é uma decisão difícil para os professores, que acabarão por ter que compensar os dias não trabalhados. “Quem será o grande prejudicado pela greve é o próprio professor, porque ele vai ter que trabalhar dobrado depois para repor esse período”, afirmou Accadrolli.
Ainda de acordo com o sindicato, a adesão à greve atingiu 30% do magistério, um número expressivo comparado a paralisações anteriores. As negociações com o governo, segundo o sindicato, têm sido infrutíferas. “Ao longo da história, os governos não têm atendido. E com esse governo, em especial, nós estamos tentando negociar há 14 meses”, explicou Marco Antônio Martins, que também é membro do departamento jurídico do Sinte.
Os impactos da paralisação são sentidos nas escolas, com algumas turmas tendo aulas enquanto outras não. “No Cedup, algumas turmas estão tendo aula. Cabe ao pai mandar ou não para a escola. É importante entrar em contato com cada unidade escolar”, esclareceu Martins.
Além da valorização salarial e revogação do confisco nas aposentadorias, os professores querem garantia de hora atividade para todos os educadores dos anos iniciais e a descompactação da tabela salarial. A luta é também para estender esses benefícios a todos os profissionais da educação no estado. O Governo do Estado havia prometido realizar um concurso público em 2023 com 10 mil vagas, uma promessa ainda não cumprida, aumentando o descontentamento da categoria.
Audiência com o governo
Os professores de Santa Catarina permanecerão em greve, porque a audiência ontem (23) com o secretário de Estado da Administração, Vânio Boing, conforme informou o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte-SC), foi considerada infrutífera. Durante o encontro, que marcou o primeiro dia de greve, não houve progresso nas negociações, e o sindicato destacou que a paralisação continuará “até que seja apresentada uma proposta sólida”.
O secretário solicitou 60 dias para elaborar uma proposta. A Secretaria de Administração afirmou manter “diálogo constante” para minimizar impactos sobre estudantes e famílias.