“Espaço Tempo: Trajetórias e Memórias” reúne obras do acervo da FCC e de artistas convidadas no Centro Cultural Jorge Zanatta

Criciúma

Para valorizar a produção artística da região e celebrar os 30 anos da Fundação Cultural de Criciúma (FCC), a entidade está promovendo uma exposição no Centro Cultural Jorge Zanatta. “Espaço Tempo: Trajetórias e Memórias” reúne obras do acervo da instituição e de artistas convidadas. A entrada é gratuita e o horário para visitação é de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h.

Ao todo, estão disponíveis 21 obras de 15 artistas, entre pinturas, esculturas, cerâmica, gravuras e tapeçarias. Os itens estão em exibição na Galeria de Artes da FCC, na ala direita do Centro Cultural. O prédio está localizado na rua Coronel Pedro Benedet, 269, na área central de Criciúma. Caso seja da vontade do visitante, é possível solicitar o acompanhamento de um funcionário da FCC.

Conforme explica o diretor de Cultura da FCC, Clairton Rosado, a exposição foi montada pensando na relação do prédio, instituição e sua comunicação com a sociedade. “Queríamos levar ao visitante uma reflexão sobre a história, o significado e a importância da FCC e de sua sede na manutenção e produção de artes visuais na região”, ressalta.

Rosado foi um dos responsáveis pela curadoria da exposição, junto de Marcos Dagostin. Para selecionar as obras participantes, foi feita uma análise do acervo. “Foram escolhidos os itens que mais se adaptavam ao espaço da galeria em termos de dimensões, cores e impacto”, explica o diretor. Inicialmente prevista para estar aberta até o dia 14 de abril, a exposição foi estendida até o fim de maio.

Obras e futuras exposições

Os itens em exibição são de inúmeras origens, dimensões, décadas e contextos históricos, que variam entre 1968 e 2023. As obras, ainda, se diferenciam quanto ao método de produção, sendo eles: acrílico sobre fibra de madeira, acrílico sobre tela, aquarela sobre papel, argila com impressão de plantas, cerâmica, escultura de gesso, fibra sobre poliéster serigráfico, impressão, serigrafia, tapeçaria em estrutura gradeada e trançado arqueado.

As obras do acervo da FCC são dos artistas Adair Fernandes, Beatriz Milhazes, Berenice Gorini, Carlos Vergara, Cida Cilili, Elke Hulse, Jandira Lorenz, Maria Cristina Casagrande, Sandra Maier Salles, Tomie Ohtake, Vera Sabino e Willy Zumblick. As artistas convidadas a participar da exposição coletiva são Angelica Neumaier e Simone Milak.

Um dos itens da exposição, “Sobre Cultivar Jardim Memória”, traz pequenas plantas “inseridas” em peças de cerâmica, como um carimbo. O trabalho é uma sequência de uma série iniciada em 2015, chamada “Impressões da Paisagem”.

“Nela eu utilizo matinhos, inços e demais plantinhas que crescem em quintais de casa e em beiras de estradas, e que têm um grande valor afetivo para mim. A série teve várias versões, uma delas envolveu a queima da argila, que adquiriu as marcas e nuances das plantas, e em outra busquei uma pintura realista. Nesta, resolvi apresentar esse material em meio a uma das etapas de produção no meu ateliê”, conta a artista Simone Milak.

Em “Ninhos”, também em exposição, Simone reproduziu ninhos em cerâmica. Ela conta que a produção levou três meses e foi um desafio, já que seu forno estava em reforma, e ela precisou queimar a argila em fogueira.

“Em um dia de vento, vi um ninho de corruíra caído e notei que ele foi feito com materiais próximos a árvore, portanto, a ave não precisou ir longe para construí-lo. Assim entendi que poderia trabalhar a argila a partir de experiências passadas, na cozinha, e resolvi confeitar o ninho como se confeita um bolo. Foi uma busca pela técnica e consistência correta da argila, para que ela não espalhasse muito nem ficasse rígida a ponto de não sair do saquinho de confeiteiro”, detalha a artista.

Esta é a primeira exposição da FCC aberta ao público após a pandemia, mas, a entidade planeja ocupar a galeria mais vezes. “Estamos elaborando um edital com a intenção de mantê-la aberta constantemente, pensando, também, em trazer obras para ocupar não só a galeria, mas outros espaços, como o pátio do Centro Cultural”, revela Rosado.

Acervo da FCC em Porto Alegre

Três obras do acervo artístico da FCC estão expostas na Fundação Iberê Camargo, de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. “No segundo semestre de 2022, a entidade planejava a realização da exposição “Trama: Arte Têxtil no Rio Grande do Sul”, então, entrou em contato conosco para que, nesse processo, recebêssemos a curadora Carolina Grippa para uma análise das obras do nosso acervo. Foram selecionadas três esculturas de 1986, da série “Da semente e da terra”, da artista Berenice Gorini, muito semelhantes às expostas aqui”, contextualiza Rosado.

Carolina conta que, quando levantava o nome dos artistas e as obras para a exposição, já tinha em mente os trabalhos de Berenice Gorini. Mas, apesar de haver outras obras da artista em museus pelo estado gaúcho, a curadora queria mostrar peças menos conhecidas por lá, como os trabalhos que estão no acervo da FCC. Ela soube deles após a leitura de trabalhos acadêmicos e de conversas com estudantes e profissionais da área.

“Berenice teve uma trajetória ligada ao Rio Grande do Sul e foi uma das expoentes da arte têxtil, tendo um trabalho sofisticado e muito interessante com palha, evoluindo para o tridimensional e formas orgânicas”, analisa Carolina. Ela visitou o acervo em setembro do ano passado e, a partir de então, as fundações iniciaram o trâmite de empréstimo, que envolveu limpeza e transporte das obras. A exposição em questão teve início em dezembro e estará aberta até o dia 23 de abril.