Em Içara, preocupação é principalmente com lavouras de milho

Içara

A previsão climática trimestral da Epagri/Ciram para Santa Catarina indica que, nos meses de novembro e dezembro, haverá chuva abaixo da média no Sul do Estado, o que pode representar dificuldades na agricultura e na pecuária. Em Içara, a principal preocupação é com as lavouras de milho, plantadas em agosto.

“Alguns produtores até se anteciparam e plantaram no final de julho, justamente para fugir da estiagem. O momento crítico do milho é quando ele se encontra entre o pendoamento e o espigamento, a fase em que mais necessita de água. Se o produtor plantar um pouco antes e o tempo for bom e quente, ele consegue fazer esse milho pendoar e espigar antes (da falta de chuva)”, explica o engenheiro agrônomo Luiz Fernando Burigo Coan.

Segundo ele, a estratégia foi prejudicada este ano porque esfriou. “Associado a isso, tivemos muita chuva no período vegetativo do milho. Consequentemente, a planta não precisou enraizar tão bem para procurar água. Com a raiz mais superficial, quando falta água a planta sente mais rápido”, detalha.

Fumicultura e pastagens

Luiz Fernando afirma que as lavouras de fumo também podem ser afetadas pela falta de chuva, entretanto, como já estão em fase de colheita, os danos não devem ser tão significativos quanto no milho.

“As pastagens também são afetadas. O calor é um fator de crescimento para as plantas, mas ao mesmo tempo, tem que vir acompanhado de água, para que a planta possa desenvolver seu metabolismo e crescer satisfatoriamente. Por isso, a falta de chuva se torna um problema nesta época e a esperança é que tenhamos as chuvas de verão”, pontua.

Na avaliação do especialista, 15 dias sem chuva entre novembro e dezembro é uma situação pior do que 30 dias de estiagem em julho, quando a temperatura é menor, assim como a evaporação da água do solo.

Preparação

O engenheiro agrônomo ressalta que, conforme os dados apurados desde 1941 pela Estação Experimental da Epagri em Urussanga, em 60% dos meses de novembro e dezembro há estiagem na região. A partir disso, ao longo do tempo foram desenvolvidas técnicas para enfrentar a falta de chuva nesta época, com a redução de perdas nas lavouras e na criação de animais.

“O planejamento para enfrentar essas condições é sempre de longo prazo. O produtor de milho adianta o plantio e procuramos construir um solo mais agregado, mais saudável, mediante o plantio de adubação verde ou de uma boa descompactação do solo, para que absorva mais água. A cobertura do solo impede que ele perca mais água por evaporação ou pelo calor”, indica Luiz Fernando.

“O produtor de leite se programa tendo silagem de milho, que ele faz durante o ano e guarda, justamente porque não vem o pasto e as vacas precisam comer todos os dias. Nós incentivamos também a irrigação, tanto na produção de grãos quanto nas pastagens. Essa não é uma técnica muito difundida ainda em Içara, mas também ameniza as perdas, já que o produtor usa água de açude, poço artesiano ou cisterna na falta de chuva”, acrescenta.

Como as plantações de hortaliças e frutas são na maioria irrigadas, não deve haver perdas nessas culturas provocadas pela falta de chuva. A apicultura também não deve ser afetada. “Na produção de mel, o pessoal ainda está explorando a florada da mata nativa na serra. No final de dezembro, as abelhas são trazidas para cá, para aproveitar as flores do maricá, que abrem em janeiro, e depois o eucalipto, fonte de néctar entre março e maio”, informa o agrônomo. Colaboração Andréia Limas, Canal Içara.