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Endividamento das famílias ficou em 52,9% em agosto

Agência Brasil

A taxa média de juros das concessões de crédito livre e direcionado teve leve queda no mês passado, mas mantém a tendência de alta em 12 meses, segundo as Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas ontem (27) pelo Banco Central (BC). A taxa alcançou 28,6% ao ano em setembro, redução de 0,2 ponto percentual no mês e alta de 7 pontos percentuais em 12 meses.

A alta dos juros bancários médios ocorre em um momento em que a taxa básica de juros da economia, a Selic, está em seu maior nível desde janeiro de 2017, em 13,75% ao ano. Ontem (26), o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic nesse mesmo patamar.

Essa foi a segunda vez seguida em que o BC não mexe na taxa, que permanece nesse nível desde agosto. Anteriormente, o Copom tinha elevado a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. A Selic é o principal instrumento usado pelo BC para alcançar a meta de inflação.

A entidade avalia que a alta na Selic tem sido repassada para as taxas finais de diferentes modalidades de crédito e não descarta a possibilidade de novos aumentos caso a inflação não caia como o esperado. A elevação da taxa básica ajuda a controlar a inflação porque causa reflexos nos preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, contendo a demanda aquecida.

No crédito livre para as famílias, a taxa média de juros chegou a 53,7% ao ano, com recuo de 0,3 ponto percentual em relação a agosto e aumento de 12,5 pontos percentuais em 12 meses. Nas contratações com empresas, a taxa livre subiu 0,2 ponto percentual no mês e cresceu 5,9 pontos percentuais em 12 meses, alcançando 22,9% ao ano.

Para pessoas físicas, o destaque do mês foi o cheque especial, com alta de 6,2 pontos percentuais em setembro e 5 pontos percentuais em 12 meses, indo para 134,6% ao ano. Já o crédito consignado teve elevação de 0,3 ponto percentual no mês e 6,4 pontos percentuais em 12 meses (25,4%). Por outro lado, os juros do crédito pessoal não consignado caíram 3,7 pontos percentuais no mês de setembro e aumentaram 4,3 pontos percentuais em 12 meses (81,7% ao ano).

Já as taxas do cartão de crédito tiveram alta de 0,8 ponto percentual no mês e 25,2 pontos percentuais em 12 meses, alcançando 88,5% ao ano. No crédito rotativo, que é aquele tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão e dura 30 dias, houve queda de 10,9 pontos percentuais em setembro e aumento de 50 pontos percentuais em 12 meses, indo para 388,7% ao ano. Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida. Nesse caso do cartão parcelado, os juros caíram 1,9 ponto percentual no mês e subiram 16,2 pontos percentuais em 12 meses, para 184,9% ao ano.

No crédito livre às empresas, houve aumento de 0,7 ponto percentual no mês e alta de 5,5 pontos percentuais em 12 meses em capital de giro, chegando a 23,1% ao ano. Já no cheque especial, os juros subiram 2,4 pontos percentuais em setembro e caíram 9,2 pontos percentuais em 12 meses, indo para 325,7% ao ano. As operações de desconto de cheque tiveram aumento de 0,7 ponto percentual nos juros em setembro e alta de 9,7 pontos percentuais em 12 meses (38,5%)

Já as taxas para o financiamento a importações caíram 4,8 pontos percentuais em setembro e 5,6 pontos percentuais em 12 meses, para 6,9% ao ano. Por fim, o cartão de crédito teve alta de 1,1 ponto percentual nos juros do mês e aumento de 11 pontos percentuais em 12 meses, para 32,1% ao ano.

Crédito direcionado

Essas taxas são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado, que tem regras definidas pelo governo, é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.

No caso do crédito direcionado, a taxa média para pessoas físicas ficou em 10,7% ao ano em setembro, variação positiva de 0,1 ponto percentual mês e alta de 3,3 pontos percentuais em 12 meses. Para as empresas, a taxa subiu 0,3 ponto percentual no mês e variou 0,1 ponto percentual para baixo em 12 meses, indo para 9,4% ao ano.