Amin apresentou notícia-crime ao Ministério Público: “Se Moisés estiver certo, Jorginho cometeu o crime de advocacia administrativa. Se estiver errado, Moisés cometeu o crime de calúnia”

Da Redação

O último debate entre os candidatos ao Governo do Estado de Santa Catarina no primeiro turno foi mais uma vez marcado por poucas propostas e muito ataque pessoal. Participaram os candidatos (em ordem alfabética): Décio Lima (PT), Esperidião Amin (Progressistas), Gean Loureiro (União Brasil), Jorge Boeira (PDT), Jorginho Mello (PL), Odair Tramontin (Novo), Moisés (Republicanos) e Ralf Zimmer (PROS).

Logo na primeira pergunta do debate, o caso dos respiradores voltou à tona. Jorge Boeira (PDT) questionou Carlos Moisés (Republicanos) sobre o destino dos respiradores comprados por ele durante o início da pandemia. Moisés respondeu que o dinheiro está sendo devolvido e na tréplica Boeira disparou para todos os lados “Essa é a campanha da desfaçatez. Moisés diz que o dinheiro será devolvido, na verdade será desroubado, né governador. O Gean diz que foi passear de camburão e tirar férias na cadeia, o Ralf Zimmer espanca a mulher e diz que é ela que bate nele, o Décio quer provar que o Lula é inocente e o Tramontin fala que não recebe dinheiro do Fundão, mas tá licenciado de função pública recebendo 70 mil por mês. Eu pensei que a eleição fosse para discutir os valores que um governador precisa ter”, pontuou.

Na sequência Ralf Zimmer emendou a pergunta a Gean Loureiro e falou da prisão dele, da de Júlio Garcia e do caso de sexo na prefeitura. Loureiro respondeu: “Eu queria pedir desculpas ao eleitor pela baixaria que está essa campanha. É por isso que o eleitor está cada vez mais desacreditado da política. Se fosse para atacar poderia devolver ao candidato que é acusado de agredir a esposa, mas eu quero ter a oportunidade de falar das minhas propostas e trabalhar para mudar o estado”.

Claro que também houve espaço para temas importantes. Depois do ataque inicial, Jorge Boeira foi provocado por Esperidião Amin a falar de Educação. Ressaltou a importância do tema e defendeu a criação de uma renda cidadã que possa ajudar a manter o jovem do ensino médio na escola. “Se não fizermos isso, o tráfico vai fazer e ai vamos ter que construir presídios. Temos que também dar atenção especial ao jovem que pretende, em paralelo ao ensino médio, fazer um curso profissionalizante”. Em tempo, a proposta citada por Boeira faz referência a um programa já existente no Estado e que garante pagamento de valor aos estudantes de baixa renda do ensino médio em Santa Catarina.

Linkando seu nome ao do ex-presidente Lula, Décio Lima voltou a destacar que é o único candidato de Santa Catarina desatrelado a Jair Bolsonaro. “Sou o candidato do Livro, não o candidato da arma, sou o candidato que fala de amor e não de ódio. Nossa campanha defende os valores que de fato mudam a sociedade e que respeitam do empresário ao trabalhador e que nos permita buscar uma vida melhor para todos”.

Tramontin e Jorginho abordaram a dificuldade que empresas do Estado tem enfrentado para preencher vagas. “Vivemos um apagão de mão de obra no Estado. Temos empresas com dificuldade de preencher suas vagas e isso é reflexo de uma educação de baixa qualidade que a escola pública está devolvendo. Só na área de tecnologia no Estado são 12 mil vagas abertas”, pontou o candidato do Partido Novo.

O debate também circulou por segurança, defesa da mulher infraestrutura e outros temas pré-selecionados. No entanto, não foi muito além do que os confrontos anteriores já haviam apresentado. O ponto mais polêmico do encontro acabou sendo mesmo protagonizado por Jorginho Mello e Carlos Moisés. O atual governador disse que foi procurado por Jorginho. Ele acusou o senador de pedir que ele não reavaliasse um contrato. “Que era de 100 milhões e baixamos para 50 milhões”. Jorginho desafio Moisés a apresentar provas, mas o atual governador silenciou e não abordou mais o assunto.

Essa manifestação teve desdobramentos. O candidato Esperidião Amin apresentou ontem (28) notícia-crime contra Jorginho Mello para que o Ministério Público do Estado de Santa Catarina apure a denúncia que Carlos Moisés fez no debate da NSC TV, ao afirmar que Jorginho teria solicitado ao governador para que não interferisse num contrato público de seu interesse, o que, se confirmado, pode configurar crime contra a Administração Pública estadual. Amin destacou que os fatos informados pelo governador são graves e devem ser investigados rigorosamente. “Se Moisés estiver certo, Jorginho cometeu o crime de advocacia administrativa. Se estiver errado, Moisés cometeu o crime de calúnia. Ambos devem explicações aos catarinenses”, afirmou Esperidião.