PARMALAT - LEITE - VACA - ORDENHA - GADO DATA: 14/03/08 FOTO: MURILLO CONSTANTINO / AG. ISTOÉ VCD 6072

Queda na produção, combinada à inflação em alta, levou o produto de primeira necessidade a ser vendido a R$ 6 o litro

Içara

Carne bovina, arroz, feijão, óleo de soja, batata, açúcar. A lista de alimentos que compõem a cesta básica e tiveram os preços em disparada no país segue crescendo, com a inclusão do leite. Os valores cobrados dos consumidores vinham aumentando gradualmente e chegaram ao ponto de o produto de primeira necessidade ser vendido a R$ 6 o litro. E as perspectivas não são animadoras, com a possibilidade de novos aumentos.

Em Santa Catarina, a discussão em torno do preço do leite iniciou quando o Governo do Estado retirou o item da lista de alimentos básicos e o taxou com alíquota de 17% no Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Diante da repercussão negativa, o Executivo voltou atrás e reduziu a alíquota para 7%.

“Na época dos impostos, a caixa de leite custava entre R$ 4 e R$ 4,30. Desde então vem aumentando, em alguns lugares já é vendido a R$ 6 e ainda podem ocorrer novos aumentos”, salienta Ricardo Althoff, vice-presidente regional da Associação Catarinense de Supermercados (Acats).

Superada a questão tributária, outros fatores pressionaram os preços para cima. “O aumento se deve à inflação e aos custos de produção, combinados com menor quantidade produzida no momento”, aponta Althoff.

Ele lembra que o leite tem uma sazonalidade e geralmente o preço aumenta no inverno porque a produção é menor. “As vacas produzem menos e a pastagem diminui, então, a alimentação delas precisa ser complementada com ração, elevando os custos de produção. Os preços dos insumos, da ração, da soja, complementos minerais e proteicos também aumentaram muito ao longo dos últimos dois anos”, ressalta.

Ricardo Althoff cita ainda o aumento nos preços dos combustíveis como outro fator a engordar os aumentos. “O transporte também influencia no preço final do leite, que é um produto de grande volume e baixo valor agregado”, explica. A perspectiva é de que a situação só melhore a partir de agosto ou setembro, quando a produção voltar ao nível normal.

Região Sul é a segunda maior produtora do Estado

Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção catarinense de leite em 2020 foi de 3,1 bilhões de litros, dos quais, 2,4 bilhões produzidos na região Oeste. A mesorregião Sul é a segunda maior produtora do Estado, com 255,4 milhões de litros produzidos em 2020, o equivalente a 8,1% da produção em Santa Catarina.

No Sul, a maior produtora é a microrregião de Tubarão, com 202,7 milhões de litros produzidos em 2020 e 6,5% de participação na produção estadual, desempenho que garantiu o sexto lugar entre as maiores produtoras catarinenses. A microrregião de Araranguá ficou em 13º, após produzir 27,1 milhões de litros de leite em 2020 e obter participação na casa de 0,9% na produção catarinense. Já a microrregião de Criciúma aparece na 15ª colocação do ranking, com 25,6 milhões de litros produzidos e 0,8% de participação.

Preço médio de R$ 2,04 ao produtor por litro

O quanto desses aumentos é repassado aos produtores? De acordo com relatório da Epagri/Cepa, o preço médio anual pago aos produtores por litro de leite variou de R$ 1,81 a R$ 2,04 entre 2018 e 2021.

Segundo avaliação da Epagri, a pressão de custos e a baixa rentabilidade em alguns meses de 2021 não se limitaram aos produtores de leite, atingindo em cheio também as indústrias lácteas, o que impactará negativamente sobre o desempenho da cadeia leiteira estadual e brasileira em 2022.

Carne bovina continua com preços elevados

Desde o último trimestre de 2019, foram registrados expressivos aumentos de preços no mercado da carne bovina, tanto ao consumidor quanto ao produtor. Esse movimento manteve-se no ano de 2020, principalmente durante o segundo semestre, quando, nos principais estados produtores, a arroba do boi gordo chegou a apresentar altas superiores a 60% na comparação com o ano anterior.

Os preços continuaram nas alturas em 2021 e 2022, devido à soma de diversos fatores, entre os quais, a desvalorização do real em relação ao dólar, que favorece as exportações e reduz a oferta no mercado interno. Colaboração

Andréia Limas, Canal Içara.