Governo chamou publicação de mentirosa sobre morte de bebê que circula nas redes sociais
Da Redação
O Governo do Estado se disse surpreendido na noite desta terça-feira (15), com a publicação que considera inverídica em rede social com informações atribuindo a morte de um bebê à falta de atendimento aeromédico por parte do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. Considera o tom apelativo e sensacionalista da publicação que “usa uma tragédia familiar para tentar manipular a população e induzir a imprensa ao erro”.
Ontem, quem acusa, encaminhou também informações rebatendo as justificativas do governador e nós do Jornal Gazeta, vamos pôr as duas para o leitor fazer seu julgamento.
Primeiro a do Governo
“Em nome da verdade, o Governo do Estado esclarece que a aeronave Arcanjo registrou o pedido de uma transferência de urgência de Lages para o Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, em Joinville, no dia 11 de janeiro, 23h, para um recém-nascido de poucos dias de vida.
O bebê havia sido diagnosticado com uma cardiopatia congênita e estava em estado crítico. Porém, o Hospital ainda precisava enviar o fluxo de regulação (registrar no sistema a necessidade de mudança de hospital) para a transferência ser concretizada, algo que foi feito no dia 12 de janeiro. A aeronave se dirigiu ao Hospital na manhã da quinta-feira, 13 de janeiro.
No local, os médicos constataram que o recém-nascido não suportaria um transporte de Lages até Joinville, de acordo com parâmetros clínicos e físicos do paciente. A saturação era de 54, a criança corria risco de óbito em voo. Ela permaneceu no Hospital para estabilização do quadro. No dia 16 de janeiro, os médicos retornaram à Unidade e aceitaram fazer o transporte, a partir da assinatura dos pais, cientes de um voo de risco para o bebê. A criança resistiu à transferência, mas acabou indo a óbito no Hospital Infantil de Joinville, diante da gravidade da doença.
O governo lamenta que um episódio tão triste seja usado com fins políticos-eleitorais. Em ano eleitoral, as campanhas de desinformações tendem a aumentar. Por isso, antes de repassar qualquer mensagem, confira a veracidade do teor nas redes sociais do Governo do Estado ou entre em contato com a Secretaria de Estado da Comunicação”.
Agora o contraponto depois deste comunicado
“Com relação à denúncia de uso indevido do avião ambulância por parte do governador, em nova nota emitida, o Governo do Estado reconhece que o Arcanjo-06 foi solicitado para uma transferência de urgência de Lages para o Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, em Joinville, no dia 11 de janeiro, 23h, para um recém-nascido de poucos dias de vida.
O bebê, diagnosticado com cardiopatia congênita, estava em estado crítico. O setor de Regulação abriu processo para transporte do paciente ainda pela manhã do dia 12 de janeiro, às 10h31. O que o Governo não mencionou na nota é que a Regulação se manifestou minutos depois, às 10h52, informando que o Arcanjo estaria “em missão com governador sem previsão de retorno durante o dia”. Se a aeronave estivesse disponível, o recém-nascido poderia ter sido transportado ainda em 12 de janeiro.
Outro fato ocultado pelo Governo é que o bebê estava apto para ser transportado no dia 12 de janeiro, caso a aeronave estivesse à disposição, conforme documento da própria Regulação da Secretaria de Estado da Saúde, que consta no SGP-e. No dia 14 de janeiro, o processo foi arquivado, ressaltando a piora no quadro clínico da criança.
Após nova solicitação de transferência, em 16 de janeiro, o bebê foi transferido pelo Arcanjo-06, mas devido ao agravamento no estado de saúde, veio a óbito no dia 20 de janeiro.
Além deste caso, outro recém-nascido também teve transferência de Caçador a Florianópolis negada porque o Arcanjo-06 estava em viagem com o governador. Para o transporte deste bebê foi contratada outra aeronave.
Mas há dezenas de pedidos de uso do avião pela Casa Civil. No período analisado, desde o início de contrato de locação até hoje, de 1º de agosto de 2021 a 14 de março de 2022, a Casa Civil apresentou 28 solicitações para uso do Arcanjo-06.
Lembrando que a aeronave não é destinada para estar à disposição do governador, mas para atender às urgências da Secretaria da Saúde. Inclusive, todas as vezes que Moisés utiliza o avião, a verba sai da saúde.
Diante da falta de sensibilidade e da gravidade destas denúncias, o Governo ataca e acusa de “fake news” informações que constam em documentos oficiais, no SGPE (Sistema de Gestão de Processos Eletrônicos) do próprio Governo. Os dados apresentados pelo deputado Bruno Souza (Novo) são legítimos, reforçam a incoerência das explicações por parte do Executivo Estadual e confirmam o uso indevido do Arcanjo-06.