Informação é da ONG Amigo Bicho, entidade que registra, em média, seis casos de abandono por semana

Içara

Além de todas as preocupações e problemas relacionados à saúde pública e os impactos na economia, a pandemia do novo coronavírus registra outra situação preocupante. Em Içara, durante o período, a Associação Içarense de Proteção Amigo Bicho registrou um aumento expressivo nos casos de abandono e maus-tratos a animais.

O presidente da ONG Amigo Bicho, Vitor Valentim Viana, ressalta que, diariamente, são seis chamadas para a entidade, que, contudo, não tem como atender a essa demanda, nem tem obrigação legal pelos resgates. “Durante a pandemia, os casos de abandono de animais aumentaram absurdamente. Houve um salto enorme no número de casos de abandono e também de envenenamento, que se enquadram na prática de maus tratos. Nessa quarta-feira, por exemplo, fomos chamados para resgatar uma caixa com oito animais que haviam sido abandonados em frente a uma escola. As pessoas abandonam em qualquer lugar e acham que alguém vai recolher ou que a ONG vai buscar, mas em vários casos esses animais acabam mortos de frio ou fome”, lamenta.

Com tantos atendimentos, dívidas se acumularam em clínicas veterinárias. “Conseguimos reduzir a dívida significativamente. Chegamos a um pico de quase R$ 50 mil em dívidas e hoje este valor se encontra em torno de R$ 30 mil. Mesmo com todas as restrições impostas pela pandemia, sem poder realizar eventos, que eram nosso carro chefe, os atendimentos não pararam. A ONG continua com seus serviços. A gente faz o que nem poderia, já que a dívida deveria impedir que continuássemos nossos atendimentos. Não podemos parar, por amor à causa”, analisa, frisando que há poucas pessoas dispostas a apoiar o trabalho. “Infelizmente, se não fizermos, se não tiver um grupo reunido para apoiar os animais, poucas pessoas o farão. Não podemos desistir, mas nossa dívida é bastante alta. Assumimos a gestão com o planejamento de quitar a dívida no final do ano passado, com os eventos que realizaríamos, mas não conseguimos fazer nenhum, informa”.

Atualmente, são cerca de 30 voluntários ativos, que se revezam na realização de rifas e abrigos temporários aos animais. “Nos adaptamos e realizamos sorteios online no Dia das Mães e Dia dos Namorados, através de Pix, depósito em conta e outras formas”, salienta, lembrando que hoje, são aproximadamente 35 animais tutelados pela ONG, em lares temporários. “Isso exige remédios, ração e cuidados veterinários. Estes animais foram atropelados ou vítimas de maus tratos e não podem mais voltar para as ruas, porque perderam uma pata ou ficaram cegos, por exemplo”, analisa.

De volta às feiras de adoção

Se os casos de abandono aumentaram nos últimos meses, as adoções seguiram caminho inverso. “Iniciamos, há duas semanas, uma feira de adoção no Criciúma Shopping, mas foi o primeiro evento desse tipo desde o início da pandemia, por conta das limitações dos decretos estaduais”, comenta, afirmando que os lares temporários já estão lotados.

Mesmo com um trabalho voluntário, os membros da Amigo Bicho ainda enfrentam críticas por parte de algumas pessoas. “Esse é um grande problema. A ONG não é um órgão público. Não recebemos verbas públicas, apenas doações e nossos próprios recursos. As pessoas acham que temos essa obrigação e nos ligam para buscar animais que elas não querem mais. É preciso entender que a ONG é um grupo de voluntários, que possuem suas casas, famílias, trabalhos, estudos e às vezes deixam de lado os compromissos pessoais para se dedicarem à causa”, enfatiza.

Transparência

Como a entidade recebe doações, há uma prestação de contas periódica. “Somos uma das poucas ONGs cadastradas para receber valores destinados pelo Tribunal de Justiça, porque prestamos contas periodicamente ao Ministério Público”, destaca.

Como colaborar?

  • Chave Pix: 22.941.257/0001-80
  • Associação Içarense de Proteção Animal Amigo Bicho
  • Conta: 70118-1
  • Agência: 2604
  • Banco: Sicredi