Safra do feijão, que chegou a custar R$ 100,00, é vendida, em média, a R$ 300,00
Içara
A pandemia do novo coronavírus provocou prejuízos em vários setores da economia e fez milhões de brasileiros verem sua renda familiar ser reduzida consideravelmente. A difícil realidade, no entanto, não se reflete na agricultura içarense. Com isso, produtores de fumo, milho, arroz, feijão (foto) e soja, tiveram bons resultados nas últimas safras e seguem com a mesma expectativa para as próximas colheitas.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Içara, Hercílio Jair D’Estéfani, relembra que, mesmo com as restrições das atividades de vários ramos, a agricultura não foi afetada pelas medidas de distanciamento social. “Os produtores nunca estiveram impedidos de trabalhar. Além disso, as safras das principais culturas presentes no município estão com preços muito atrativos”, avalia, utilizando como exemplo a saca de 60 quilos de feijão, que chegou a custar R$ 100,00 e atualmente é vendida, em média, a R$ 300,00. “Por outro lado, os insumos tiveram aumento, o que impactou nos custos de produção. Mesmo assim, a situação é considerada boa”, destaca, frisando que quem optou por produzir silagem para o gado também obteve boas vendas. “Se tivéssemos outros anos de produção e comercialização como o atual, estaríamos muito bem”, garante.
Em relação ao fumo, todos os fatores contribuíram para que o produto colhido tivesse boa qualidade. “Não tivemos chuva em excesso ou escassez, nem calor ou frio demais. Também não houve registro de prejuízos com granizo nas lavouras”, ressalta, informando que as negociações com as empresas foram tranquilas. “Em 2021, tivemos poucos problemas de conflitos. Claro que os produtores sempre desejam um valor maior, mas, em comparação com outros anos, estamos bem”, considera.
Com áreas plantadas estimadas em dois mil hectares de milho, 2,3 mil de arroz e dois mil de feijão, a produção rural içarense é composta, principalmente, por pequenos agricultores. “Apenas no arroz temos áreas maiores. No restante, são pequenas propriedades, onde trabalham principalmente pessoas da mesma família”, explica, enfatizando as melhorias obtidas com a mecanização do plantio e colheita. “Antes o serviço era muito mais pesado. Hoje, duas pessoas conseguem produzir 150 mil pés de fumo praticamente sozinhas”, explica.
Além de reduzir o esforço desses trabalhadores, os avanços em tecnologia e maquinário permitem o aumento na renda das famílias. “Como a produção é mais rápida, os agricultores podem se dedicar, também, a outras culturas no período entressafras e as propriedades se tornam mais rentáveis”, salienta, destacando a importância dos investimentos em inovação. “Os agricultores nos procuram para tirar dúvidas sobre essas melhorias e sempre dizem que, se têm condições, devem investir”, conta.
Prestadores de serviços e arrendatários
Se para quem produz nas próprias terras a situação é avaliada como boa, a mesma situação não ocorre com todos os arrendatários de propriedades rurais e prestadores de serviços, que trabalham para outros agricultores. “Foi criada, pelo Governo Federal, uma bolsa para auxiliar os produtores rurais que, devido à pandemia, ficaram em situação de vulnerabilidade social, mas em Içara e em toda a nossa região, a condição é boa, se comparada com outras regiões do Brasil”, afirma.
Sindicato terá eleições para a diretoria
Com eleições agendadas para o dia 28 de julho, o Sindicato Rural deve seguir sob o mesmo comando. Isto porque o atual presidente, Jair D’Estéfani, que já ocupou o cargo durante 24 anos, lidera a única chapa inscrita para a disputa. “Gostaríamos que houvesse uma mudança, mas os agricultores conhecem nosso trabalho e pediram para que ficássemos por mais um mandato”, conclui.