Entidades alertam que preço da carne subirá para o consumidor brasileiro

Da Redação

A indústria da proteína animal vive uma crise sem precedentes em razão do super encarecimento dos preços dos grãos (milho e soja) – insumos que representam 70% dos custos do setor – situação que ameaça uma gigantesca cadeia produtiva que somente em território barriga-verde sustenta 60 mil empregos diretos e 480 mil empregos indiretos. O alerta está sendo feito, nesta semana, por todas as entidades de representação do setor.

Em documento distribuído ontem (24), a Associação Catarinense de Avicultura (Acav), a Associação e o Sindicato da Indústria de Carne e Derivados no Estado de SC (Aincadesc e o Sindicarne) fazem uma dramática exposição sobre a preocupante situação provocada pela escassez de grãos e seu insuportável encarecimento.

Segundo os dirigentes Irani Pamplona Peters (Aincadesc), José Antônio Ribas Junior (Sindicarne) e Ricardo Castellar de Faria (Acav), os impactos deste quadro alcançarão inevitavelmente o mercado consumidor, em um momento crítico para o país, com a perda de renda das famílias, em função da pandemia de covid-19. São impactos diretos na segurança alimentar do País e na necessidade básica nutricional dos brasileiros. Em 12 meses, conforme o monitoramento feito pelo Índice de Custos de Produção (ICP) da Embrapa Suínos e Aves mais recente (abril 2021), produzir frango está 39,79% mais caro em relação a abril de 2020 – já em um momento de forte alta de custos. O mesmo ocorre com o setor de suínos, com alta de 44,5%. O ICP é um índice médio – o preço do milho atualmente é o dobro em relação ao ano anterior, que já acumulava altas em relação a 2019. Outros custos impactam o setor: aumento do diesel (+ – 30%), embalagem de papelão (+60%), embalagens rígidas e flexíveis (+ 80%), entre outros.

Altas dos custos de produção já alcançaram as gôndolas, com impactos ao consumidor, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE. No caso da carne de frango, a alta é de 15%. De suínos, supera 20%. São elevações que, entretanto, estão muito aquém dos índices oficiais dos custos de produção –, segundo o ICP Embrapa, produzir frango está 39,79% mais caro em relação a abril de 2020. O mesmo ocorre com o setor de suínos, com alta de 44,5%.

A avicultura e a suinocultura de Santa Catarina pediram apoio no documento. São 4 milhões de empregos diretos e indiretos em jogo em todo o país, juntamente com a segurança alimentar de nossa população. Medidas rápidas são emergenciais para evitar que o quadro de perda de renda seja impactado pela redução de acesso à alimentos básicos, agravando a fome em nosso País.

Eles elencam: a viabilização emergencial das importações de milho e de soja estritamente para uso em ração animal. Hoje há desoneração de tarifa para esta importação, mas não há viabilização técnica; a suspensão do imposto Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) sobre a importação destes insumos de países não-integrantes do Mercosul; a suspensão temporária de cobrança de PIS e Cofins para importações provenientes de países extra-Mercosul, para empresas que não conseguem realizar Drawback; e a suspensão temporária de cobrança de PIS e Cofins sobre os fretes realizados no mercado interno;  Criação de sistema oficial de informação antecipada sobre exportações futuras de grãos, assim como ocorre em outros países, para dar mais transparência ao mercado de insumos, evitando situações especulativas como a atual; o financiamento para construção de armazéns e realização de armazenagem para os produtos, dando mais estabilidade ao mercado; e políticas de incentivo de plantio de milho e de cereais de inverno no Brasil.