Temporada 2021, que iniciou no dia 1º de maio, tem menos da metade do pescado obtido no ano passado
Balneário Rincão
Todos os anos, a chegada das baixas temperaturas dá início às expectativas para uma das atividades mais tradicionais da região Sul Catarinense: a pesca da tainha. O trabalho, que envolve aproximadamente 400 famílias ligadas à Colônia de Pesca Z-33, de Balneário Rincão, no entanto, enfrenta dificuldades em 2021. Isto porque a temporada, que começou no dia 1º de maio, registra menos da metade do pescado obtido no mesmo período do ano passado.
A situação complicada não é exclusividade do Sul do Estado. “Por enquanto está pior que em 2020, quando pescamos cerca de 20 toneladas de tainha nos primeiros dias de maio. Agora, não chegamos nem à metade desta quantidade”, analisa o presidente da Colônia Z-33, João Picollo, frisando que estas famílias vivem exclusivamente da pesca. “A tainha é a maior fonte de renda dessas pessoas, por isso este período é tão aguardado”, comenta.
Para a pesca melhorar, é preciso que as águas esfriem. “O que temos acompanhado, em relação à previsão do tempo, é que o frio deve chegar nos próximos dias. Com a menor temperatura da água, os cardumes vêm para a costa, mas se isto não acontecer, as tainhas passam mais longe e em até 40 metros de profundidade”, explica, destacando a importância das condições do mar. “São barcos de pequeno porte, que não têm condições de navegar em águas agitadas. Precisamos da combinação de frio e mar calmo para ter uma boa safra da tainha”, salienta.
Dificuldades afastam os jovens da atividade
Apesar da pesca ser uma tradição que costumava passar de pai para filho, as dificuldades financeiras têm motivado os jovens a procurarem outras atividades. “Estamos passando pela mesma situação enfrentada na agricultura. Hoje, na maioria dos casos, apenas os pescadores de mais idade, que trabalham nesta área durante toda a vida, optam em permanecer nela”, lamenta.
Entre os motivos para esta mudança, segundo Picollo, está a falta de programas de apoio e garantia de renda. “Infelizmente os pescadores não estão incluídos nem mesmo no Auxílio Emergencial. Por isso, na Colônia, trabalhamos sempre para que estes trabalhadores mantenham suas documentações atualizadas e, assim, possam receber o Seguro Defeso da anchova e do bagre, o que garante uma renda durante o período em que não podem colocar os barcos no mar”, ressalta.
Desafios da pandemia
Se em anos anteriores era comum a cena de pessoas comprando os peixes recém tirados da água, a pandemia da Covid-19 deve provocar mudança nesta tradição. “Quando veem os barcos na faixa de areia, já vêm para assistir as puxadas das redes e comprar o pescado, mas os cuidados para evitar os coronavírus não permitem estas aglomerações. Por isso, pedimos que as pessoas não venham à praia e comprem diretamente nas casas dos pescadores”, comenta, informando que os contatos dos pescadores podem ser obtidos junto à Colônia Z-33.
Em 2020, mais de R$ 500 mil apenas com a tainha
Enquanto os cardumes não chegam à costa, os pescadores ficam na expectativa de repetir o faturamento de 2020. “No ano passado, pescamos cerca de 50 toneladas de tainha. Como o peixe foi vendido, em média, a R$ 10,00 o quilo, o faturamento é bastante expressivo”, enfatiza, afirmando que a maior parte do pescado é vendida para supermercados.
A pesca da tainha em números
400 famílias envolvidas
50 toneladas pescadas em 2020
10 toneladas pescadas até o momento
R$ 500 mil em faturamento com a tainha no ano passado