Expectativa positiva do setor caiu com alta de preço da matéria-prima
Agência Brasil
A indústria da construção iniciou 2021 com expectativa de crescer 4% no ano, o que corresponderia à sua maior alta desde 2013. No entanto, com o cenário imposto pela falta de insumos, a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB – soma de toda a riqueza produzida) do setor caiu para 2,5% em 2021.
No ano passado, o PIB da indústria da construção foi negativo em 7%. Enquanto no primeiro trimestre de 2020, o PIB caiu 1,6%, no mesmo período desse ano a queda deve ser em torno de 0,8% a 1%.
As avaliações foram apresentadas na quinta-feira (29) pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que aponta, como causa para a redução, as dificuldades impostas pelo desabastecimento e alta dos preços dos materiais. Para o presidente da entidade, José Carlos Martins, não há perspectiva de mudança nesse cenário. “Estamos preocupados no sentido de que não estamos vendo horizonte de que isso seja revertido”, disse.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) de materiais e equipamentos, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostrou alta de 27,26% nos preços, no acumulado de 12 meses, encerrado em março deste ano. Segundo a CBIC, é a maior alta para o período desde que o índice começou a ser calculado, em 1998.
Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), de fevereiro, mostrou que mais de 70% das indústrias têm dificuldades em conseguir matéria-prima, Estudo da Confederação Nacional da Indústria de fevereiro mostra que mais de 70% das indústrias têm dificuldades em conseguir matéria-prima, o que impacta o nível de atividade.
Com isso, os bons resultados alcançados pela indústria da construção no segundo semestre de 2020 não se mantiveram no primeiro trimestre deste ano. De acordo com a CBIC, o nível de atividade da construção começou a perder intensidade a partir do mês de dezembro e o setor encerrou o primeiro trimestre de 2021 em queda. As perspectivas otimistas também vêm perdendo intensidade desde janeiro e estão no menor patamar desde julho do ano passado.
Setor imobiliário
O setor imobiliário encerrou 2020 com uma queda de 17,8% no número de lançamentos, na comparação com 2019. No mesmo período, entretanto, o número de imóveis novos vendidos subiu 9,8%. “Com esses resultados, mais a redução de 12,3% na oferta final de imóveis novos, a percepção era de que em 2021 os novos lançamentos apresentariam forte expansão. Porém agora existem dúvidas se isso realmente acontecerá, em função do desabastecimento e do aumento dos preços dos insumos, que provocam incertezas sobre o futuro”, explicou a CBIC, em comunicado.
Dessa forma, o setor também contratou menos. Nos dois primeiros meses de 2021, a construção criou, em média, 44 mil novas vagas com carteira assinada por mês. Em março, esse número caiu para cerca de 25 mil vagas, conforme dados divulgados ontem (28) pelo Ministério da Economia.