Cultura se expande na região, onde é esperado mais produtividade por conta dos pomares estarem em fase já adulta
Içara e Região
Os produtores catarinenses de pitaia entram em 2021 começando a colheita da fruta com boas perspectivas. A previsão para a safra 2020/21 é de um aumento de 30% em relação ao ano anterior. De acordo com o engenheiro agrônomo da Epagri Ricardo Martins, na safra passada foram colhidas 600 toneladas de pitaia no Sul do estado, onde se concentra a produção catarinense.
“O crescimento da cultura na região é esperado em virtude da transformação dos pomares que até então eram jovens em adultos e da capacidade de ampliação das cooperativas”, explica.
De acordo com estimativa da Epagri, a área de cultivo de pitaia é de cerca de 200 hectares e está em plena expansão. Santa Catarina já é o segundo maior produtor da fruta no Brasil. “É um crescimento um pouco acelerado que nos preocupa em relação ao escoamento da fruta e à capacidade operacional das cooperativas. Por outro lado, é uma oportunidade de diversificação das atividades da agricultura familiar”, ressalta o agrônomo.
Demanda crescente
Diego Adílio da Silva, coordenador de fruticultura da Epagri na região, diz que a pitaia era uma fruta desconhecida pelos brasileiros há poucos anos. “Porém, por conta de suas propriedades nutracêuticas, vem caindo no gosto do consumidor, e a demanda está aumentando”, afirma. Ele explica que, mesmo com a redução do preço nas últimas safras, a cultura ainda oferece alta rentabilidade por metro quadrado. “Mesmo sendo vendida a R$ 2 o quilo, tendo por base uma capacidade produtiva de 30 a 40t/ha de fruta, a renda bruta pode chegar a R$ 80 mil por hectare”, calcula.
Ele reforça que, antes de implantar o pomar, é fundamental que o agricultor se associe a alguma cooperativa ou indústria para poder escoar a produção.
O clima também deve favorecer a safra catarinense neste ano. De acordo com a previsão da Epagri/Ciram, haverá chuva próxima à acima da média climatológica em Santa Catarina no primeiro trimestre de 2020. O período também deve ter temperatura acima da média. A colheita da pitaia em Santa Catarina vai de janeiro a maio.
Cultivo sustentável
A Epagri orienta os fruticultores sobre o uso de técnicas preconizadas no Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH), contribuindo para o crescimento dessa cadeia produtiva sobre bases sustentáveis em Santa Catarina. “Como é uma cultura jovem, é raro encontrarmos pomares sem quebra-ventos e cobertura de solo, com destaque para o uso do amendoim-forrageiro ou grama-amendoim (Arachis pintoi)”, diz Martins.
É com as tecnologias orientadas pela Epagri que o agricultor Édio Damorim conduz um pomar de 6 mil metros quadrados em Forquilhinha. Na última safra, ele colheu 24,6 toneladas e agora planeja colher cerca de 30 toneladas. “Nesta época, trabalhamos eu e a esposa e ainda contratamos cinco pessoas para ajudar na colheita, classificação e pesagem das frutas”, conta.
O pomar da família é conduzido no sistema orgânico – e a pitaia tem se adaptado muito bem a esse cultivo na região. Em toda a área do pomar, Édio usa amendoim-forrageiro como planta de cobertura do solo. “Ele serve para proteger o solo e contribui para não aumentar muito a temperatura em dias quentes”, explica o produtor.
Práticas como o planejamento do pomar, desde a escolha da área, a realização de análise de solo e o suprimento de alguns nutrientes no momento da implantação também estão bem difundidas entre os produtores catarinenses de pitaia. “Promoção da vida do solo e arredores e saúde às plantas do pomar são os motes que guiam nossas recomendações”, reforça o engenheiro agrônomo Ricardo Martins.