Episódios de destaque neste ano de poucos eventos esportivos

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Pandemia, mortes, recordes e outras conquistas num ano atribulado e fora do comum

Da Redação

Para quem viveu, 2020 será inesquecível. Em meio à pandemia que marcará o ano para sempre nos anais da história, podemos fazer uma breve retrospectiva dedicada a recapitular os principais acontecimentos ligados ao esporte que impactaram as pessoas.

A tragédia de Kobe Bryant

O primeiro fato marcante do ano se deve à morte trágica e prematura de Kobe Bryant – e mais 8 pessoas, incluindo sua filha Gianna, de 13 anos – em um acidente de helicóptero, no dia 26 de janeiro. Kobe alcançou inúmeras marcas notáveis ao longo de toda sua carreira como jogador profissional de basquete, incluindo cinco títulos da NBA pelos Los Angeles Lakers (único time que defendeu em sua carreira) e dois ouros olímpicos pela seleção norte-americana (nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 e Londres 2012).

NFL do Kansas

Em fevereiro, antes do novo coronavírus colapsar o mundo, uma outra página emocionante foi escrita na história do esporte: no Super Bowl LIV, o Kansas City Chiefs, com uma virada espetacular, derrotou o San Francisco 49ers e se sagrou campeão da NFL pela primeira vez em 50 anos.

A pandemia

O começo, o meio e o fim de 2020 ficaram marcados pela pandemia do coronavírus. Os seus reflexos no cenário esportivo vão muito além do cancelamento e/ou adiamento de campeonatos e eventos de grande porte e tradição como os Jogos Olímpicos, Wimbledon e a Eurocopa, repetindo algo que não acontecia desde a 2ª Guerra Mundial. Visto como negócio, o ramo do entretenimento foi duramente impactado pela pandemia e a consequente imposição de medidas restritivas sanitárias, tendo de se readaptar e se reinventar com as lives e outros meios de espetáculo à distância. Especificamente no mercado esportivo, estima-se que apenas metade dos eventos programados para 2020 foram efetivamente realizados e, claro, sem a presença de público pagante. Ainda, calcula-se a perda de aproximadamente US$ 62 bilhões de lucro com a arrecadação esportiva. Tão importante quanto os prejuízos já experimentados, os efeitos da pandemia formam um prognóstico duvidoso para o ano de 2021, pois ainda que a maior parte dos grandes eventos tenha sido prorrogada, não se sabe como será e se haverá a participação do público. Definitivamente, é um mercado que continuará seu processo de reinvenção no curto prazo.

NBA na bolha de Orlando

E o basquete também viu uma soberania de títulos ser igualada. A NBA realizou um experimento único: confinou todos os atletas em uma “bolha” em Orlando, sem contato com o mundo externo, para decidir o título da temporada 2019/20 sem o risco de contaminação pela Covid-19. O campeonato atípico teve um campeão tradicional, com a 17ª conquista do Los Angeles Lakers – que, no mesmo ano da morte de Kobe Bryant, derrotou o Miami Heat na final e se igualou ao Boston Celtics como maior campeão do torneio.

O líder do time foi LeBron James, também uma referência dos protestos antirracismo que marcaram a NBA em 2020, levantando as bandeiras do movimento Black Lives Matter e sensível aos protestos que tomaram as ruas dos Estados Unidos e outros países do mundo após a morte de George Floyd.

Nadal bate recordes

Wimbledon acabou sendo o único Grand Slam de tênis cancelado na temporada. Antes, o Aberto da Austrália pôde ser finalizado em janeiro, com vitória do sérvio Novak Djokovic no masculino. No segundo semestre, o Aberto dos Estados Unidos e Roland Garros também puderam ser realizados – embora da mesma forma desoladora que outros diversos eventos esportivos neste ano: sem a presença de público e em datas diferentes das originalmente previstas. Foi nesse cenário que Rafael Nadal fez história: ao conquistar Roland Garros pela 13ª vez, chegou a 20 Grand Slams na carreira e igualou o recorde do suíço Roger Federer. No Aberto dos Estados Unidos, o destaque foi para uma final de promessas, na qual o austríaco Dominic Thiem, então com 27 anos, derrotou o alemão Alexander Zverev, de 23.

Hamilton: outro recordista

Na Fórmula 1, com um calendário mais curto por conta da pandemia (pela primeira vez sem um GP do Brasil desde 1972), não houve nenhuma surpresa, mas novamente história foi feita: o inglês Lewis Hamilton foi campeão mundial pela sétima vez, igualando o recorde de título Michael Schumacher, além de se tornar o piloto com mais pódios e vitórias em todos os tempos na categoria. E ainda com alguns anos de carreira pela frente.

Adeus à Maradona: herança, paternidade e responsabilidade civil e penal

Poucas semanas após ter completado 60 anos, Diego Armando Maradona se despediu da vida no dia 25 de novembro. O ex-jogador, que já havia sido submetido a uma cirurgia na cabeça dias antes, sofreu uma parada cardiorrespiratória em sua casa. Quando morre um ídolo, todos nós também morremos um pouco. Paradoxalmente, Maradona se torna imortal e consolida o mito em torno do seu nome, deixando um legado de obras-primas tal qual um artista (que de fato era). Não bastassem as polêmicas que circundaram sua trajetória, a morte do gênio argentino já suscita novas e importantes controvérsias. A primeira delas diz respeito à herança do patrimônio estimado em R$ 500 milhões – o que deve dar início a um longo e conturbado processo judicial dada a família numerosa que conta com sete irmãos e cinco filhos reconhecidos. Ainda, há processos em andamento que buscam o reconhecimento da paternidade do craque em relação a outros três filhos, tidos com diferentes companheiras. Por fim, as autoridades policiais iniciaram uma investigação para apurar possível homicídio culposo por parte do médico responsável pelos cuidados com Diego.

Paolo Rossi, uma das lendas do esporte nos deixou

Em 9 de dezembro, exatos 15 dias após a partida de Maradona, outra morte de um grande ídolo chocou o mundo do futebol. Artilheiro e Bola de Ouro da Copa de 1982, autor dos três gols que eliminaram a prestigiada seleção brasileira naquele Mundial, o ex-atacante italiano Paolo Rossi morreu aos 64 anos. Pouco antes, Rossi havia descoberto um câncer no pulmão.

UFC e Boxe

2020 ainda nos reservou emoções únicas no mundo das lutas. No UFC, o paraense Deiveson Figueiredo bateu um recorde ao defender seu cinturão dos pesos moscas duas vezes em 21 dias, o menor intervalo na história da categoria (a segunda das defesas em um combate épico contra o mexicano Brandon Moreno, que terminou empatado em 47 a 47). Figueiredo e Amanda Nunes (detentora dos cinturões dos penas e do peso galo no feminino) são os únicos brasileiros que terminam o ano no topo.

No boxe, a temporada marcou o retorno de lendas aos ringues – embora apenas para lutas de exibição. Em novembro, Mike Tyson, aos 54 anos, empatou um combate acompanhado pelo mundo inteiro com Roy Jones Jr., de 51. O duelo repercutiu tanto que outro dos maiores vencedores da história, Floyd Mayweather – hoje com 43 anos -, anunciou que deixará a aposentadoria para enfrentar, em fevereiro de 2021, o YouTuber Logan Paul, de 25.

Futebol sem público pode ser emocionante? Sim!

No futebol, 2020 também foi um ano paradigmático. O esporte mais popular do planeta parou por cerca de três meses em todo o mundo e voltou com novidades impensáveis antes da pandemia começar: jogos sem público, liberação para cinco substituições e o fato de que os times não mais são desfalcados apenas por atletas suspensos ou lesionados – mas, especialmente, por jogadores que contraíram o novo coronavírus e foram obrigados a se afastar.

Os melhores do ano

A Fifa elegeu o atacante polonês Robert Lewandowski como o melhor da temporada no futebol masculino. Na categoria feminina, a honraria ficou com a inglesa Lucy Bronze, do Manchester City, também eleita a melhor jogadora do mundo pela primeira vez.

Champions League

A conquista de Lewandowski foi em muito justificada pelo desempenho do goleador no título do Bayern de Munique na Liga dos Campeões da Europa 2019/20, um torneio cuja reta final até lembrou mata-mata de Copa do Mundo. Para evitar deslocamentos em meio à pandemia, a Uefa também criou uma espécie de “bolha” – embora menos restrita que a da NBA: a partir das quartas de final, os times se enfrentaram em jogos únicos disputados em Lisboa.

Mesmo com arquibancadas vazias, sobraram emoção e grandes histórias, como a goleada de 8×2 do Bayern de Munique contra o Barcelona, a boa campanha da Atalanta (time da Lombardia, a região italiana mais afetada pela primeira onda de Covid-19) e a chegada do Paris Saint-Germain à sua primeira final – acompanhada de uma grande corrente de torcedores brasileiros na internet apoiando Neymar (e muitos torcendo contra também).

No final, o título máximo europeu ficou com o Bayern e, na Liga Europa, o Sevilla se sagrou campeão pela sexta vez.

Já na temporada seguinte da Liga dos Campeões, que terminará só em maio de 2021, a primeira fase proporcionou outro momento histórico. Em dezembro, jogadores abandonaram o jogo entre o Paris Saint-Germain e o Istanbul Basaksehir, depois de o atacante senegalês Demba Ba, que defende o time turco, acusar o quarto árbitro, o romeno Sebastian Coltescu, de injúria racial.

O jogo foi reiniciado no dia seguinte, com mais um protesto antirracismo dos atletas – repetindo gesto que se tornou comum em diversas partidas neste ano, no futebol e em outros esportes, com jogadores ajoelhados erguendo os punhos contra o racismo.

Na América do Sul, 2020 ainda vai durar alguns meses

Um dos países mais afetados pela pandemia no mundo, o Brasil viu seu futebol parar completamente por mais de três meses no primeiro semestre – e muita polêmica ser levantada em meio a discussões se os jogos deveriam ou não voltar a ser disputados. De forma geral, as partidas no Brasil foram suspensas a partir da segunda quinzena de março e voltaram em junho, no Campeonato Carioca, e apenas no final de julho, no Campeonato Paulista e outros estaduais.

Na virada do semestre, o futebol brasileiro conheceu alguns dos seus primeiros campeões do ano: com destaque para o Palmeiras campeão paulista, Atlético-MG campeão mineiro, Grêmio campeão gaúcho, Bahia campeão baiano, Athletico-PR campeão paranaense e Salgueiro campeão pernambucano, além do Ceará campeão da Copa do Nordeste. No Campeonato Carioca, o título ficou com o Flamengo – na despedida de Jorge Jesus, o português que levou o time a grandes conquistas em 2019 e voltou a seu país natal para treinar o Benfica.

A temporada pode terminar de um modo feliz para muitas torcidas do país. Com os meses de inatividade no primeiro semestre, o calendário do futebol brasileiro e sul-americano de 2020 só será encerrado em fevereiro de 2021 e os principais títulos ainda estão em aberto: Copa do Brasil, Brasileirão, Série B, Sul-Americana e Libertadores.

Se algum brasileiro vencer a Libertadores – que, por sinal, será decidida no Maracanã no final de janeiro -, ainda terá a chance de no começo de 2021 tentar o título mundial de clubes, no torneio que acontecerá no Catar entre 1º e 11 de fevereiro.

E, por falar em Catar, em 2021 as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 voltarão com mais força – na expectativa de que até lá a pandemia esteja devidamente controlada para não afetar significativamente outro megaevento.

Seleção brasileira disputou quatro partidas

Em 2020, com a longa paralisação do futebol, a seleção brasileira disputou apenas 4 partidas e termina o ano com 100% de aproveitamento: vitórias em todos os jogos disputados até aqui nas Eliminatórias Sul-Americanas, contra Bolívia (5×0), Peru (4×2), Venezuela (1×0) e Uruguai (2×0). No resto do mundo, o futebol de seleções também ficou em segundo plano, mas, mesmo assim, a temporada proporcionou jogos históricos – como o espantoso Espanha 6×0 Alemanha pela Liga das Nações na Europa.