Criminosos utilizaram arsenal de uso restrito das forças armadas

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Munições de grosso calibre a fuzis foram usados para atirar contra 9º BPM e impedir aproximação do BB

Criciúma

Os criminosos que assaltaram a agência do Banco do Brasil estavam com forte armamento e munições usadas restritivamente pelas forças armadas. “São munições de calibre 556×45 milímetro e 762×51 milímetro, além de calibre .50. São munições de alto poder bélico, utilizado em guerra, munições supersônicas”, explicou o comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM), tenente-coronel Cristian Dimitri.

Os arsenais foram utilizados para efetuar disparos contra a sede do 9º BPM. “Furaram as paredes, as janelas. Vários disparos de grosso calibre”, durante o momento do assalto, a Polícia Militar não reagiu, segundo Dimitri, por estar no protocolo quando se tem reféns com os bandidos.

As ações simultâneas também atrapalhou um discernimento mais estratégico das autoridades. “Enquanto ocorria o ataque ao batalhão, houve disparos a esmo na região central da cidade, a fim de evitar a aproximação da polícia. Então temos um protocolo que respeitamos onde preferimos que salvar vidas. Não foi feito a interferência para que eles fizessem o assalto e fugissem e depois a gente buscasse informações por meio da inteligência.

200 quilos de explosivos

Os bandidos deixaram para trás uma carga de mais de 200 quilos de explosivos. Os artefatos estavam armados e precisaram ser desativados pelo Esquadrão Antibombas do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar de Santa Catarina.

Foram mobilizadas cinco equipes de Florianópolis para retirar os explosivos, totalizando aproximadamente 20 policiais. Um artefato destes foi instalado em um veículo Fiat Mobi, que estava estacionado ao lado do banco. Inicialmente a informação era de eram 40 quilos de explosivos, mas o material foi recontado depois.

“É um tipo de explosivo bem expressivo, do tipo metalon, com cordeis detonantes, espoletas e estopins e que são bem mais poderosos que bananas de dinamite. Ele poderia facilmente ser detonado se não houvesse o manuseio correto. Inclusive havia um celular acoplado nas dinamites que conseguiria acionar a carga com uma ligação”, explicou o tenente-coronel José Ivan Schelavi, comandante do BOPE. Conforme o comandante, a quantidade de dinamites seria o suficiente para destruir o prédio da agência.

Só o BB foi assaltado

Durante o crime, informações que circulavam pelas redes sociais davam conta de mais ações dos bandidos do que efetivamente foi feito. Somente a agência do Banco do Brasil localizada na avenida Getúlio Vargas, em Criciúma, foi o único alvo dos criminosos. As ações coordenadas em várias áreas da cidade, praticamente sitiaram a população em casa. Todo e o único dinheiro roubado foi o dos cofres do BB.

Comerciantes no prejuízo

Houve prejuízo também de comerciantes da área central de Criciúma por conta de tiros e da explosão por volta das 1h15 da madrugada. Diversas fachadas de estabelecimentos foram quebradas.

Fugia espetacular

Apesar das investigações, nada de concreto se sabe sobre a fuga dos bandidos após deixarem os dez carros no milharal em Nova Veneza. “Estamos tentando pegar os rastros para que possamos realizar a perícia. A Diretoria Estadual de Investigações Criminais (DEIC) está com o caso. Ainda não sabemos como eles fugiram, mas não descartamos que eles tenham se evadido com um caminhão. Nossa expectativa é que tenham sido mais de 30 homens”, comentou o delegado Márcio Campos Neves ontem.

Todos os carros encontrados em Nova Veneza foram lacrados para a perícia. “Havia dinheiro e objetos dentro dos veículos, porém a perícia vai verificar se encontra algum tipo de vestígio”, disse Neves.

Já o delegado regional de Polícia Civil Vitor Bianco Júnior, depois de horas de investigação, disse que os policiais estão no caminho certo. “Informações continuam chegando, solicitamos o apoio das pessoas que moram no interior, por onde esse comboio passou, por onde eles transitaram, que eles possam passar as informações para nós pelo nosso 181″, reforçou Bianco.

O delegado não acredita ser obra do Primeiro Comando da Capital (PCC). “Não temos como afirmar ou que eles estejam vinculados a alguma facção criminosa nesse momento, até porque não temos a identificação de nenhum dos envolvidos”, destacou.

Os carros empregados pelos bandidos estão em fase de análise pelos peritos, para coleta de informações. “Os carros não tiveram nenhuma adaptação. Em razão do armamento que eles utilizavam até pensamos que algum pudesse estar adaptado, todos estavam normais, com os bancos no local, encontrados alguns cartuchos dentro de alguns carros”, ponderou Bianco.